CrossFit é realmente perigoso? O que dizem novos estudos sobre o risco de lesões

Pesquisas recentes e análises de especialistas mostram que o CrossFit não é mais arriscado que outros treinos de resistência

A discussão sobre a suposta alta taxa de lesões no CrossFit acompanha a modalidade desde que ela ganhou popularidade. Porém, novas avaliações científicas e relatos de treinadores experientes mostram que a percepção de perigo em torno da prática pode estar exagerada.

Um levantamento divulgado pela revista GQ revisou estudos já publicados e ouviu especialistas como o médico e treinador Jordan Feigenbaum, da Barbell Medicine. A conclusão aponta que o CrossFit não apresenta risco de lesões maior que outros treinos de resistência e que sua fama de esporte arriscado não encontra forte apoio nos dados.

Por que o CrossFit ainda gera dúvidas

O CrossFit combina movimentos funcionais de alta intensidade, unindo força, condicionamento cardiovascular e halterofilismo em treinos diários variados, os chamados WODs. A proposta dinâmica atrai uma comunidade fiel no mundo inteiro, mas também alimenta mitos sobre sua segurança.

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Segundo a revisão liderada por Feigenbaum, a taxa média de lesões no CrossFit fica entre dois e quatro casos a cada mil horas de prática. Os números chamam atenção quando comparados a esportes de contato como rugby, futebol e críquete, que variam de 18 a 81 lesões por mil horas.

Para Feigenbaum, a taxa observada na modalidade é semelhante à de outros treinos de resistência e bem menor que a de esportes de contato. Ele lembra ainda que a falta de uma definição única do que é considerado lesão e a predominância de estudos retrospectivos podem gerar resultados diferentes entre pesquisas.

Experiência e técnica

A análise também aponta que iniciantes se machucam mais, o que reforça a importância de uma adaptação gradual. Antes de enfrentar treinos mais intensos, é essencial desenvolver técnica, resistência e consciência corporal.

A GQ destaca que o treinador tem papel central na prevenção. Um bom coach deve corrigir movimentos, adaptar exercícios à capacidade do aluno e garantir aquecimento e mobilidade adequados. Se isso não acontece, o problema costuma estar na orientação, e não no método.

Autoconhecimento e benefícios

A segurança também depende da sinceridade do próprio praticante ao avaliar seus limites. Reconhecer o nível de condicionamento e evitar exageros é fundamental. A publicação lembra que qualquer atividade física pode gerar lesões e que cabe ao aluno escolher um bom profissional e respeitar o que o corpo suporta.

Feigenbaum reforça que o CrossFit não deve ser visto como uma prática intrinsecamente perigosa. Para ele, o impacto positivo da modalidade na indústria é evidente, já que ajudou a popularizar a cultura do movimento e do treino funcional.

Em linha com as pesquisas e com a visão dos especialistas, a conclusão é clara: quando praticado com orientação qualificada e respeito ao próprio ritmo, o CrossFit oferece benefícios importantes para a saúde e o bem-estar físico, superando com folga os riscos envolvidos.

Jornalista graduado com ênfase em multimídia pelo Centro Universitário Una. Com mais de 10 anos de experiência em jornalismo digital, é repórter do Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Antes, foi responsável pelo site da Revista Encontro, e redator nas agências de comunicação Duo, FBK, Gira e Viver.

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