Ouvindo...

Colapso de famosa marca de frango frito levanta problemas sobre o setor

Fundada em 2012, em Nova York, uma das redes mais queridas de frango frito artesanal anunciou falência. A empresa chegou a operar 16 lojas em Nova York e Nova Jersey

A empresa conquistou milhares de clientes com molhos únicos e abordagem diferenciada desde o início das operações, em 2012

Os amantes de fast food gourmet tiveram uma surpresa com o anúncio da falência de uma das mais queridas redes do setor: a Sticky’s Finger Joint. A empresa conquistou milhares de clientes com molhos únicos e abordagem diferenciada desde o início das operações, em 2012. A queda repentina de uma promessa do fast food levanta reflexões sobre os desafios do modelo de negócio.

A Sticky’s Finger Joint chegou a operar 16 lojas em Nova York e em Nova Jersey, e pediu falência no fim de abril. Antes disso, quatro restaurantes já estavam fechados. A empresa ganhou destaque por oferecer um cardápio criativo de frango frito com molhos caseiros. Apesar de simples, a proposta foi considerada inovadora e atraiu um público fiel, o que levou à rápida expansão da empresa.

O sucesso, no entanto, se transformou rapidamente em um pesadelo financeiro. Dificuldades internas de gestão e o aumento expressivo do custo operacional obrigou a rede a recorrer ao Capítulo 11 da Lei de Falências dos EUA. O mecanismo permite a reorganização das dívidas, mas não garante que a empresa consiga manter as portas abertas.

Para a revista especializada em finanças e negócios, Restaurant Business, a combinação de fatores relacionados à pandemia, inflação e uma série de contestações legais contribuíram para o que eles avaliaram como a destruição da Sticky’s. Nesse sentido, é possível afirmar que a rápida expansão da empresa acabou interferindo no processo.

A Sticky’s começou a ter dificuldade em manter um padrão de qualidade e atendimento nas novas lojas. A situação gerou uma queda acentuada na reputação da marca, que sofreu com o comprometimento da experiência do cliente.

Fatores de antecederam o colapso

Altos custos operacionais: alugueis altos e mão de obra cara são uma realidade da operação em grandes centros urbanos, como Nova York.

Efeitos da pandemia: assim como em outros restaurantes, a empresa foi afetada pela crise sanitária de forma intensa. Com isso, a adaptação das operações às novas regras de segurança encareceu ainda mais os processos internos.

Problemas com o delivery: a empresa falhou em montar uma logística eficaz para o serviço de entrega, o que resultou em atrasos frequentes e frustração dos consumidores.

Concorrência acirrada: gigantes com Chick-fil-A e Shake Shack colocaram a Sticky’s em desvantagem competitiva. As marcas têm mais condições de enfrentar alterações econômicas e mudanças no comportamento do consumidor.

Mudanças nos hábitos de consumo: Nos últimos anos, as preferências dos consumidores começaram a partir para escolhas mais saudáveis.

Impactos para o setor e lições que devem ser consideradas

O encerramento da Sticky’s Finger Joint não é um caso isolado, nos últimos meses, redes como Clover Food Lab, Tijuana Flats e Oberweis Dairy também entraram com pedido de falência. Já empresas como a mistura de restaurante e varejo Foxtrot e Dom’s Kitchen & Market fecharam todas as 35 unidades em abril.

Desafios como alta de custos, mudanças nos hábitos dos consumidores e necessidade de digitalização atingem toda a indústria alimentícia. Os empreendedores que conseguem adaptar os modelos com agilidade e que investem em tecnologia e delivery se mantêm no mercado. Já os que ficam para trás enfrentam as duras consequências de um mercado em transformação.

O exemplo da Sticky’s também demonstra a necessidade de crescer de forma responsável. Nesse sentido, crescer rápido demais, sem estratégia que garanta a evolução da infraestrutura e da qualidade pode comprometer a sustentabilidade do negócio.

Leia também

Rebeca Nicholls é estagiária do digital da Itatiaia com foco nas editorias de Cidades, Brasil e Mundo. É estudante de jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UNIBH). Tem passagem pelo Laboratório de Comunicação e Audiovisual do UniBH (CACAU), pela Federação de Agricultura e Pecuária de Minas Gerais (Faemg) e pelo jornal Estado de Minas