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‘Vamos para a Grécia': britânicos insatisfeitos dizem ‘adeus’ a um dos principais destinos turísticos europeus

Manifestações revelam tensão entre residentes e turistas britânicos e levantam debate sobre o futuro sustentável deste destino turístico

Ilha de Gran Canária, na Espanha

O turismo intensivo em um conhecido arquipélago espanhol tem gerado críticas crescentes por parte dos residentes, que o consideram insustentável. Essa visão contrasta com a de muitos turistas britânicos, visitantes assíduos da região.

Manifestações em massa por um “limite”

No dia 18 de maio, milhares de pessoas foram às ruas em várias ilhas, sob o lema “Canárias têm um limite”. Os protestos coordenados pedem mudanças profundas no setor turístico, alertando para o risco de colapso ambiental, social e econômico devido à escassez de moradias acessíveis, degradação ambiental e massificação dos espaços públicos.

Repercussão no Reino Unido e a visão dos turistas

O descontentamento chegou à imprensa internacional, com veículos britânicos destacando a contestação popular e publicando reações de turistas surpresos e até indignados. Dave Dott, visitante há décadas, afirmou ao MailOnline: “Esta ilha vai afundar se os manifestantes vencerem. Sem turismo, a ilha não tem nada”, classificando os protestos como obra de uma minoria “barulhenta” que não se importa com o setor de serviços.

Já Olwyn e Dave Hughes, um casal britânico, ponderam mudar para as ilhas gregas caso o “clima de hostilidade” persista, comparando a situação à de Cornwall, onde o mercado imobiliário foi afetado por segundas residências.

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Críticas ao alojamento local e crise habitacional

Os protestos, que reuniram até 15.000 manifestantes em algumas ilhas, focam-se no crescimento de plataformas como o Airbnb. Essa expansão tem levado ao aumento generalizado dos preços das casas e à redução da oferta para moradores permanentes, criando uma crise habitacional sem precedentes. Rubén Pérez, porta-voz do movimento Salvar La Tejita, exigiu a suspensão imediata de construções em áreas sensíveis, denunciando a destruição de locais como El Médano e Puertito de Adeje.

A população local sente-se em desvantagem, vendo imóveis serem convertidos em alojamento temporário para turistas, muitos deles britânicos. Essa situação divide opiniões entre os que defendem o turismo como motor econômico e os que clamam por regras mais rígidas para proteger os recursos e a qualidade de vida da população.

A medida que os protestos ganham força e visibilidade internacional, aumenta a pressão para encontrar um equilíbrio entre a atividade turística e o bem-estar das comunidades que recebem milhões de visitantes anualmente.

Graduado em Jornalismo e Direito pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Atuou como repórter das editorias de Política, Economia e Esportes antes de assumir o cargo de chefe de reportagem do portal da Itatiaia.