Uma mulher que morou na Flórida, nos Estados Unidos, ilegalmente recebeu uma multa de mais de 1,82 milhão de dólares por não ter deixado o país quando foi deportada, há 20 anos. O valor é a soma de uma multa de 500 dólares por dia pelo tempo que ela ficou no país após o aviso, enviado em 2005.
No total, essa hondurenha de 43 anos, mãe de três filhos, terá que pagar US$ 1.821.350, o equivalente a 44 anos e seis meses de trabalho, sem folgas, supondo que ela ganhe o salário mínimo de US$ 14 por hora estabelecido pelo estado.
Michelle Sanchez, advogada de imigração que representa o caso, disse à CBS News que o caso é uma aplicação da Lei de Imigração e Nacionalidade, um estatuto legal com mais de 70 anos que abrange regulamentações de imigração relacionadas a vistos, deportações e naturalização. O documento afirma que indivíduos indocumentados devem se registrar no governo e que não fazê-lo pode resultar em penalidades financeiras ou prisão.
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Sobre o caso, a advogada disse que entrou com uma moção no ano passado buscando rejeitar a ordem emitida em 2005, já que acredita que sua cliente não tem antecedentes criminais há mais de uma década e é elegível para solicitar residência permanente. Ele também explicou que, de acordo com o aviso contendo a multa, o migrante hondurenho pode contestá-la comparecendo pessoalmente a um escritório do ICE, mas que fazer isso agora pode ser arriscado e resultar em deportação. Se ela for expulsa permanentemente, os filhos do migrante, que são cidadãos americanos, sofrerão severas dificuldades, observou o advogado.
Sánchez recorrerá da sanção imposta ao seu cliente porque nunca foi informado das consequências que poderia enfrentar por não sair do país. Ele também afirmou que recebeu casos semelhantes, embora nenhum envolvendo uma quantia tão exagerada de dinheiro. “O ICE está aterrorizando as pessoas sem que elas precisem ir buscá-las. Eles as aterrorizam enviando notificações com multas exorbitantes que, às vezes, elas nem sequer receberão em vida”, disse ele.
Em abril, o governo Trump anunciou sua intenção de multar os migrantes que não saírem dos Estados Unidos após receberem uma ordem final de deportação. De acordo com o conselheiro de fronteira da Casa Branca, Tom Homan, esses indivíduos seriam processados “agressivamente”, com multas de US$ 998 por cada dia que passassem no país após a notificação. Ele também alertou que o não cumprimento dessas ordens poderia resultar em indiciamento e confisco de bens. “Coloque seus assuntos em ordem. Se você estiver no país ilegalmente, coopere com o ICE, acesse o aplicativo CBP One Home e saia por conta própria”, alertou Homan na época.