Dados do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (UNAIDS), mostram que o Brasil reduziu em pelo menos 66% as taxas anuais de novas infecções por HIV desde 2010. Essa queda, segundo a UNAIDS, é atribuída à adoção da Prevenção Combinada, que associa diferentes estratégias de prevenção ao HIV e a outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST’s), em uma perspectiva voltada para a saúde integral dos pacientes.
Segundo o Ministério da Saúde, aproximadamente 8% das 904 mil pessoas diagnosticadas com HIV/Aids em 2023 não fizeram o tratamento adequado para a redução da carga viral. Além disso, 16% iniciam o tratamento e não continuam.
O quadro piora entre a população trans, uma vez que apenas 15% dos pacientes deste grupo estão em dia com o tratamento. De acordo com o infectologista do São Marcos Saúde e Medicina Diagnóstica, Guenael Freire, é muito importante, para o controle da infecção, que as pessoas vivendo com o HIV cumpram as etapas da prevenção combinada. A ideia, segundo o médico, é utilizar diferentes abordagens de prevenção, atendendo as especificidades e características de cada paciente.
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Tratamento
“No caso dos tratamentos, existem duas formas de abordagem: a Profilaxia Pós-Exposição (PEP) e a Profilaxia Pré-Exposição (PrEP). A PEP é uma medida de urgência, que deve ser utilizada em situações de risco, como relação sexual desprotegida, violência sexual ou acidentes ocupacionais. A PrEP, por sua vez, consiste na tomada de comprimidos antes da relação sexual, que permitem ao organismo estar preparado para enfrentar um possível contato com o HIV. Mas, independentemente do tratamento, o uso do preservativo é fundamental, afinal é o método mais eficaz para proteção contra o HIV e outras IST’s”, explica o médico.
As intervenções comportamentais são ações que contribuem para maior conscientização social sobre os riscos de exposição ao HIV. Neste caso, entram as campanhas de conscientização, o aconselhamento profissional, o incentivo à testagem, entre outras. Por fim, as intervenções estruturais estão ligadas a fatores socioculturais, que influenciam diretamente a vulnerabilidade de indivíduos ou grupos sociais. Isso envolve preconceito, estigma, discriminação ou qualquer outra forma de alienação dos direitos e garantias fundamentais à dignidade humana.
Diagnóstico
“De qualquer forma, o diagnóstico precoce é uma ferramenta importante de controle. Quanto antes a pessoa descobre que tem o vírus, mais cedo pode começar o tratamento para prevenir a transmissão, além de evitar doenças oportunistas e ganhar mais qualidade de vida”, destaca o médico.
O especialista explica também que, após a infecção, o vírus pode levar até 30 dias para aparecer no exame. “Se um teste de HIV é feito durante este período da janela imunológica, o resultado pode dar falso negativo. Por isso, é importante esperar pelo menos um mês após a exposição ao risco, para fazer o exame”, conclui.