O câncer de mama é o que mais atinge mulheres no Brasil. Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), somente neste ano (2024) são esperados cerca de 74 mil novos casos da doença no país.
A Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica destaca que as chances de cura do câncer de mama chegam aos 90% quando o diagnóstico é feito logo no início do desenvolvimento da doença.
Pacientes que passaram pelo tratamento podem ter problemas de fertilidade devido a toxicidade de algumas medicações usadas na quimioterapia. Mas esta realidade não é a predominante, de acordo com um estudo divulgado no Encontro Anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO).
A pesquisa mostra que, entre mulheres diagnosticadas com a doença até o estágio III, a maioria conseguiu engravidar, 73% obtiveram sucesso nas tentativas e 65% relataram ter tido pelo menos um recém-nascido vivo.
O trabalho analisou mais de 1.200 mulheres nos Estados Unidos, que passaram pela quimioterapia antes dos 40 anos, entre os anos de 2006 e 2016.
Segundo o oncologista Daniel Gimenes, da Oncoclínicas, os dados confirmam não apenas a possibilidade de conceber, mas também a segurança da gravidez e do nascimento de crianças saudáveis. Além disso, existe um avanço na maneira de como todos os aspectos ligados à saúde são olhados pela oncologia, dia a dia, no caso de mulheres jovens, condutas para acesso a linhas de cuidado para qualidade de vida e preservação da fertilidade.
“A medicina tem avançado muito e esse conceito da saúde como uma coisa só, focando em todo o bem estar e não apenas no órgão em si, ou na doença em si, é o que almejamos. O tratamento de câncer de mama pode afetar a fertilidade e a sexualidade, dois aspectos que precisam ser analisados, pois alteram a qualidade de vida da paciente. Ela precisa retomar a rotina e os sonhos. Temos de olhar também para esse lado, e é com essa visão que conseguimos pensar em estratégias para a preservação da fertilidade”, comenta o especialista.
De acordo com os especialistas envolvidos no desenvolvimento da pesquisa, financiada pela organização Susan G. Komen e pelo Breast Cancer Research Foundation, este é o primeiro estudo com mais de 10 anos de acompanhamento a relatar resultados de fertilidade em jovens sobreviventes de câncer de mama que decidiram engravidar após o tratamento.