Esperança de um melhor atendimento para milhares de pacientes oncológicos do Brasil, a nova Política Nacional de Prevenção e Controle do Câncer (PNPCC), aprovada no final de 2023, pode começar a valer este ano.
Com o apoio de especialistas, autoridades e entidades representativas da área, a expectativa é de que haja aumento significativo nos investimentos de ações para prevenção, diagnóstico precoce e tratamento da doença com a implementação da nova política. Os desafios na área são vários e vão de deficiência no serviço de saúde com a demora no diagnóstico da doença até às dificuldades de registro de dados estatísticos com a falta de informatização de prontuários. O tema está sendo discutido no 3º Fórum Global Especial, promovido pelo Instituto Lado a Lado pela Vida, em Brasília.
De acordo com Marlene Oliveira, Presidente do Instituto Lado a Lado pela Vida, as ações de prevenção e, principalmente, de diagnóstico precoce do câncer no Brasil têm que melhorar. ‘Hoje o que tem acontecido é que o paciente tem chegado com o diagnóstico tardio, nós estamos perdendo muitas vidas, isso a gente tem que melhorar. A gente tem que fazer com que o paciente tenha diagnóstico precoce, melhorar o atendimento em nossas unidades básicas de saúde para poder receber esse paciente inseri-lo no sistema. Demorar um ano, dois anos, para conseguir ter um diagnóstico de câncer é muito duro’, afirma.
Para o Ex-Ministro da Saúde, o oncologista Nelson Teich, o evento é fundamental pra mostrar a importância da implantação da Política Nacional de Prevenção e Controle do Câncer (PNPCC). ‘Eu acho que, primeiro, as pessoas que estão nesse evento são pessoas que têm um poder de trabalhar no sistema, de ajudar o sistema, são pessoas que tomam decisões, que fazem escolhas. Então, são discutidas as essências dos problemas, que permitem que as pessoas enxerguem isso e isso ajuda, eu acho, na tomada de decisão e nas escolhas para melhorar a saúde e para conseguir fazer com que a lei aconteça na prática, porque um dos grandes problemas que a gente tem é você ter uma lei, um projeto, seja o que for, que é perfeito no papel, mas nunca acontece na prática’, detalha.
Segundo o Presidente do Instituto Nacional do Câncer (Inca) Roberto de Almeida Gil, um dos maiores desafios é conseguir produzir estatísticas mais próximas da realidade para possibilitar de maneira mais assertiva os investimentos na prevenção, no tratamento e no combate ao câncer. ‘Quanto mais próximo você tiver de um dado de realidade, mais chance você tem de estar alocando mais corretamente os seus recursos e definindo prioridades. Então, eu acho que a gente ainda tem um espaço para melhorar. Mas o nosso trabalho hoje é um trabalho dentro de uma metodologia aprovada no mundo. A gente não está fazendo uma coisa aleatória, embora a gente saiba que sempre a gente tem que aperfeiçoar. A partir do momento que você tem um sistema unificado e você tem forma de financiamento, que hoje são colocados a partir desses registros, você pode melhorar mais e mais. E, efetivamente, você tem que ter uma interoperabilidade, que a gente tem que entender. Nós temos no país modelos diferentes de tecnologia. A gente trabalha com prontuário físico em grandes hospitais. A gente não tem um prontuário eletrônico unificado. A gente não tem interoperabilidade às vezes entre os sistemas. Eu criei um sistema no estado que não fala com o outro e eu não consigo a transmissão dos dados’, resume.
Os principais objetivos da nova Política Nacional de Prevenção e Controle do Câncer (PNPCC) são diminuir a incidência dos diversos tipos de câncer, garantir o acesso adequado ao cuidado integral, contribuir para a melhoria da qualidade de vida dos usuários diagnosticados com a doença e, reduzir a mortalidade e a incapacidade causadas pelo câncer.