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Os brinquedos mais perigosos dos anos 80 e 90

Eles cortavam, explodiam, quebravam e mesmo assim estavam entre os nossos favoritos.

Os brinquedos mais perigosos dos anos 80 e 90

Quando brincar era uma questão de sobrevivência

Na infância das décadas de 1980 e 1990, brincar não era uma atividade exatamente segura. Em tempos sem certificações rígidas, testes de qualidade ou selos de segurança, os brinquedos eram vendidos livremente com peças cortantes, cheiros tóxicos, partes soltas e riscos de explosão. Mesmo assim, marcaram uma geração com histórias que misturam nostalgia e sobrevivência. Eram brinquedos divertidos, sim, mas que hoje jamais seriam aprovados por órgãos de fiscalização e é por isso mesmo que ainda geram tanta conversa em reuniões de família.

Pega Varetas: precisão ou perfuração?

À primeira vista, o Pega Varetas parecia inofensivo: um punhado de varetas coloridas jogadas sobre uma mesa, e o desafio era puxá-las sem mexer as outras. No entanto, as varetas eram finíssimas, afiadas e rígidas, feitas de plástico duro ou até de metal. Bastava um movimento mais brusco para espetar um dedo, arranhar o rosto ou machucar o olho do coleguinha. Apesar dos riscos, o brinquedo estimulava concentração e estratégia, enquanto testava a resistência da nossa pele.

Pogobol: diversão com risco de entorse

O Pogobol foi uma febre. Parecia um planeta com um aro de borracha e uma bola no meio. A ideia era subir nele e pular. Simples? Só na teoria. A verdade é que o brinquedo era instável, exigia equilíbrio e força nas pernas, e qualquer desequilíbrio podia causar quedas feias. Torções, arranhões e até dentes quebrados não eram raros. Ainda assim, o Pogobol era símbolo de status no recreio e protagonista de muitas histórias épicas.

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Genius: luzes, sons e frustração

O Genius era hipnotizante. O brinquedo eletrônico com quatro cores piscava sequências de luzes e sons que o jogador precisava repetir. O problema? Além de ser viciante e causar uma ansiedade absurda, seu som alto e estridente irritava pais, vizinhos e até professores. Apesar disso, tornou-se um clássico que testava a memória e a paciência de forma intensa. Quando errávamos a sequência, o som de erro parecia uma sentença de fracasso, algo que ninguém esquece.

Aquaplay: a frustração líquida

Visualmente tranquilo, o Aquaplay era uma caixinha com água e anéis que deveriam ser encaixados em pinos com ajuda de jatos gerados por botões. Mas quem brincou sabe o quanto esse jogo era frustrante. Exigia uma coordenação absurda, e, às vezes, mesmo depois de vários minutos, nada acontecia. A criança ficava apertando os botões com força até deformar o plástico. Alguns modelos vazavam, e outros ainda soltavam bolhas estranhas. Era o tipo de brinquedo que, ao invés de relaxar, testava nossos limites psicológicos.

Estilingue: autorizado por adultos

Os brinquedos mais perigosos dos anos 80 e 90

O estilingue talvez seja o brinquedo mais controverso. Muitos pais faziam um artesanalmente para os filhos, com galho de árvore e elástico de câmara de ar. A armação era simples, mas perigosa. O projétil podia ser pedra, bolinha de gude ou qualquer coisa que coubesse no elástico. Acidentes com vidros quebrados, olhos roxos e brigas no bairro eram comuns. Hoje ele seria proibido mas, nos anos 80 era símbolo de liberdade, aventura e, claro, perigo iminente.

Pião de prego: clássico da dor

Feito com um parafuso ou prego em uma base de madeira, o pião girava rápido e com força. Mas bastava um erro para o brinquedo sair do controle e voar longe, podendo acertar qualquer parte do corpo. O cordão usado para lançar também causava marcas no braço. Mesmo assim, o pião era febre nas calçadas, com campeonatos improvisados e estratégias para derrubar o pião do colega. Brincar com ele exigia técnica e coragem.

Bonecos com peças engolíveis

Quem viveu a era dos comandos em ação, Playmobil ou Polly Pocket sabe que perder peças era rotina. Mas o maior risco era engolir alguma delas. Muitas crianças engoliram capacetes, botões e acessórios minúsculos sem querer. Os brinquedos vinham com dezenas de partes móveis, fáceis de destacar e difíceis de perceber quando sumiam. Além disso, alguns bonecos eram feitos com materiais que soltavam tinta tóxica. A aparência inofensiva escondia um verdadeiro arsenal de ameaças.

Slime e massas fedidas

Muito antes do slime viralizar no YouTube, ele já fazia parte da infância dos anos 90, só que em versões suspeitas. Algumas massas tinham cheiro de produto químico forte, outras grudavam tanto que estragavam móveis e roupas. Ainda havia as que vinham com insetos de brinquedo dentro, estimulando o nojo e o medo. Era divertido, mas perigoso. Algumas crianças desenvolveram alergias e irritações na pele. Hoje, muitas dessas fórmulas seriam vetadas por qualquer órgão sanitário.

Jogo da operação: nervos à flor da pele

O jogo da operação consistia em retirar peças de um “paciente” usando pinças de metal, sem encostar nas laterais. O desafio era tenso e fazia barulhos horríveis sempre que errávamos. Além do susto, o jogo exigia coordenação extrema, e os mais sensíveis desistiam após poucos minutos. O brinquedo era um teste de precisão cirúrgica para crianças hiperativas e ainda gerava disputas acirradas entre irmãos.

Arminhas de espoleta: barulho e pólvora

Essas arminhas eram populares entre os meninos. Com pequenas cargas explosivas chamadas espoletas, imitavam tiros com som alto, fumaça e cheiro de pólvora. Não era raro que a espoleta explodisse fora do lugar certo, provocando queimaduras leves ou sustos consideráveis. Mesmo assim, vendiam como água. Hoje, seriam absolutamente proibidas. Mas naquela época, era um dos presentes mais pedidos no Natal ou no Dia das Crianças.

Bicicletas sem freio e capacete? Nunca nem vi

Muitas bicicletas dos anos 80 e 90 não tinham freios adequados. Era comum frear com os pés no chão ou jogando a bike no meio-fio. Os pneus furavam fácil, e o banco soltava no meio da pedalada. Capacete? Quase ninguém usava. Subíamos em ladeiras, empinávamos e apostávamos corrida sem nenhuma proteção. Machucados eram tratados com mertiolate que ardia, e cair fazia parte da brincadeira.

O perigo da nostalgia

Apesar dos riscos, esses brinquedos deixaram lembranças fortes. Eram objetos de desejo e aventura, que ajudavam a moldar a coragem e a criatividade. Hoje, ao olhar para eles com a ótica da segurança, vemos como a infância mudou. As normas evoluíram, os testes são rigorosos, e o cuidado com as crianças é maior. Mas a nostalgia permanece, mostrando que, mesmo com perigos, aquela época deixou marcas que não cicatrizam no corpo e no coração.

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Profissional de Comunicação. Head de Marketing da Metalvest. Editor do Jornal Lagoa News. Líder da Agência de Notícias da Abrasel. Ex-atleta profissional de skate. Escreve sobre estilo de vida todos os dias na Itatiaia.