A palavra “rockstar” já carregou muito mais do que talento musical. Ela representava comportamento, atitude, rebeldia e um certo desprezo calculado pelas regras. O rockstar era símbolo de liberdade, de exagero e de uma estética que influenciou gerações. Mas conforme o mundo mudou, a música se tornou digital, as redes sociais dominaram a narrativa e a indústria passou a valorizar controle, constância e responsabilidade. Nesse cenário, surge a pergunta: ainda existem rockstars como antes? Ou eles ficaram no passado, como figuras de uma era que não volta mais?
Por que o Oasis é o nome que mais aparece quando esse debate surge
Não importa se você gosta ou não da banda. Oasis é inevitável nessa discussão. Liam e Noel Gallagher encarnaram como poucos o estereótipo do rockstar: ego, briga pública, frases polêmicas, shows incendiários, autoestima ilimitada e uma coleção de músicas que marcaram uma geração inteira. Eles não tinham medo de escândalo. Não tinham medo de confronto. E não tinham medo de dizer que eram os melhores. Essa mistura de irreverência e talento os transformou em lenda viva e, para muitos, nos últimos representantes de um modo de existir que simplesmente desapareceu.
A estética do descontrole como assinatura
O rockstar dos anos 90 e início dos anos 2000 era alimentado pelo caos. Oasis dominou esse papel com orgulho. As brigas entre os irmãos, as entrevistas sem filtro, as provocações a outras bandas e a sensação de que qualquer coisa poderia acontecer eram parte da marca Gallagher. Era imprevisível, era explosivo, era magnético. Hoje, em uma sociedade que exige responsabilidade, posicionamento polido e imagem controlada, esse comportamento seria impensável. O mundo mudou, e a margem para o caos diminuiu. Talvez por isso Oasis pareça ainda mais lendário.
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A transição para uma nova geração mais cautelosa
Os artistas atuais cresceram em um ambiente onde tudo é registrado, recortado, viralizado e interpretado milhares de vezes. Qualquer frase fora de contexto pode gerar crise. Qualquer atitude impulsiva pode acabar com uma carreira. A figura do rockstar indomável não combina com a lógica do algoritmo, do marketing de imagem e da necessidade constante de reputação limpa. Se antes o caos vendia, hoje a estabilidade vende mais. E essa mudança gerou um vácuo. Um silêncio. Um certo saudosismo da liberdade que existia antes de tudo ser rastreável.
Talentosos, sim. Rockstars, talvez não
Isso não significa que a música perdeu grandes nomes. Pelo contrário. Temos artistas brilhantes em todos os gêneros. Mas a atitude mudou. A imprevisibilidade se tornou ameaça. A rebeldia virou pauta controlada. O risco foi substituído pelo planejamento. O rockstar clássico era uma narrativa que dependia da falta de filtro e de uma aura quase mitológica. Hoje, artistas são marcas completas, administradas com estratégia e cautela. Não há espaço para figuras como Liam Gallagher surgirem naturalmente. E isso transforma Oasis em última peça de uma era extinta.
Uma banda que influenciou além da música
O legado de Oasis não se resume a canções como “Wonderwall”, “Don’t Look Back in Anger” e “Champagne Supernova”. Eles influenciaram
A mitologia do rockstar e a nostalgia do imprevisível
O público sente falta da tensão que existia quando o rockstar entrava no palco. Era quase um espetáculo paralelo. Não sabíamos o que iria acontecer. Haveria briga? Haveria discurso polêmico? Haveria caos? Esse elemento do imprevisível foi se perdendo à medida que artistas passaram a ser moldados para agradar mercados globais e múltiplos públicos. A nostalgia pelo rockstar é, no fundo, a nostalgia por um mundo menos calculado, menos vigiado e mais vulnerável à espontaneidade.
O papel das redes sociais na morte do rockstar clássico
O rockstar precisava de mistério. Era um enigma ambulante. Mas a internet destruiu o mistério. Hoje, todo artista é acompanhado em tempo real. Cada opinião vira debate. Cada erro vira manchete. Cada gesto vira postagem. O excesso de exposição impediu o surgimento de ídolos incompreensíveis, absurdos ou excêntricos demais. A estética da perfeição ou da “marca humanizada” tomou conta. O rockstar clássico não sobreviveria a esse volume de análise pública. Oasis existiu no intervalo perfeito entre era analógica e digital.
Liam Gallagher como símbolo da resistência
Se existe alguém que personifica a ideia de último rockstar, esse alguém é Liam Gallagher. A entonação, o olhar, a postura no palco e a falta de filtro o transformaram em figura quase mítica. Mesmo depois do fim do Oasis, ele continuou sendo referência de comportamento, moda e atitude. É como se ele carregasse sozinho um espírito que praticamente não existe mais. Ele é ícone de um tempo em que ser artista era sinônimo de viver fora das regras.
O rockstar morreu ou apenas evoluiu
Talvez a pergunta não seja se Oasis foi o último grande rockstar. Mas sim: os rockstars de hoje são diferentes? Em um mundo hiperconectado, a rebeldia se expressa por outras vias. O rockstar moderno pode estar no rap, no funk, no pop alternativo ou na estética silenciosa de artistas que recusam padrões. Talvez a rebeldia hoje seja sutileza. Ou vulnerabilidade. Ou coragem de ser simples em um tempo barulhento. A figura clássica morreu, mas o espírito ainda encontra caminhos para renascer.
Por que Oasis continua sendo resposta para a pergunta
A banda representa o ápice da estética rockstar antes do mundo mudar para sempre com um
Uma era que não volta, mas que continua viva
Mesmo que o mundo não produza mais rockstars como antes, Oasis permanece como ponto de referência. Eles são lembrados com entusiasmo, reverência e saudade. Representam o fim de uma era onde artistas eram mitos. E onde a arte era acompanhada de loucura, risco e espontaneidade. Oasis pode não ser realmente o último rockstar, mas certamente é o último capítulo de uma narrativa que marcou gerações.