A pergunta que revela mais do que parece
Sempre me chama atenção como uma pergunta simples pode carregar tanto significado. Quando alguém diz “você está onde?”, entendo que a dúvida raramente é sobre localização. Ela é sobre identidade. O mundo corporativo ainda associa valor ao crachá, ao endereço prestigiado e ao título que funciona como espécie de passaporte social. Assim, por muito tempo, a sensação é de que só faz parte do jogo quem ocupa uma caixa específica.
O fim de um ciclo que provocou um novo olhar
Já ocupei posições que preenchiam essas expectativas. Conduzi operações importantes, gerenciei equipes. Havia responsabilidade, reconhecimento e projeção. Entretanto, quando esse ciclo chegou ao fim, percebi algo incômodo. Sem aquele crachá, parecia que minha existência profissional precisava ser explicada. Isso me levou a refletir profundamente sobre por que aceitamos essa lógica.
A liberdade de não estar em um único lugar
A pergunta que transformou meu caminho foi simples e direta: por que precisamos estar em apenas um lugar? Carreiras já não seguem linhas rígidas. Elas são redes vivas, conectadas, mutáveis e híbridas. A tecnologia altera mercados com velocidade e cria funções novas em ciclos curtos. Dessa maneira, limitar um profissional a um único título é reduzir sua potência. Não estar preso a uma estrutura fixa não significa falta de propósito. Significa liberdade.
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Os caminhos que se abrem quando existe movimento
Liberdade é poder explorar territórios diferentes, aprender com universos distantes e construir pontes que normalmente não existiriam. Meu trabalho passou a ser o de articulador de oportunidades. Descobri que uma artista pode dialogar com uma marca de bebidas, que criadores independentes podem resolver desafios de empresas tradicionais e que encontros improváveis geram projetos extraordinários quando construídos com intenção.
O profissional contemporâneo e sua multiplicidade
Brinco que o profissional atual se parece menos com alguém que domina um único talento e mais com alguém que carrega um conjunto inteiro de ferramentas. A força está na combinação de habilidades e não em uma capacidade isolada. Talvez isso seja o que chamam de pensamento nexialista, a habilidade de unir pessoas, cruzar fronteiras e interpretar contextos com sensibilidade.
O valor dos superpoderes humanos
Com o tempo, percebi que os superpoderes mais valiosos não são técnicos. São humanos. A escuta verdadeira, a clareza na comunicação, a calma no caos e a capacidade de transformar ansiedade em colaboração são habilidades que ampliam caminhos. Elas criam pontes reais. É com esse conjunto que articulo ideias e transformo conversas em projetos concretos que geram impacto.
O significado real de estar em muitos lugares
Estar em vários lugares não é dispersão. É amplitude. É permitir que a carreira acompanhe a complexidade do mundo e de quem somos. Ainda me perguntam qual será o meu próximo lugar. Respondo sempre que talvez não seja uma sala com vidro, uma função em inglês ou uma posição fixa. Talvez seja um projeto. Talvez seja uma construção conjunta que ainda nem existe.
A carreira como fluxo e não como ponto fixo
Com o tempo, entendi que nossa trajetória não é estática. Ela se move. Ela cresce. Ela muda quando nós mudamos. A importância está menos no endereço e mais naquilo que entregamos. É isso que permanece e é isso que faz sentido no longo prazo.
Identidade como caminho e não como crachá
No fim, percebo que identidade não se pendura no pescoço. Identidade se confirma pela forma como caminhamos, pelos projetos que construímos e pelas pontes e elos que criamos. Ela se manifesta no percurso e não no título. É isso que sustenta quem somos, independentemente de onde estamos.
