A bike como espelho da minha rotina

O espelho da minha jornada como empreendedor e pessoa.

A bike como espelho da minha rotina

A bike como espelho da minha rotina

De segunda a sexta, acordo cedo, coloco o capacete, ajusto e sigo para meu rolê diário. Para muita gente pedalar é apenas exercício físico, porém para mim é um exercício de vida. A bike é mais do que um esporte, é uma filosofia em movimento, um espelho da minha trajetória como empreendedor, líder e comunicador. Enquanto giro o pedal, organizo pensamentos, reviso decisões e, ao mesmo tempo, encontro respostas que não aparecem sentado em frente ao computador.

Pedalar me obriga a estar presente. A cada curva eu preciso decidir, ajustar o corpo, olhar o horizonte e, ao mesmo tempo, sentir o que está acontecendo dentro de mim. Essa atenção ao percurso é muito parecida com a forma como enxergo projetos, equipes e negócios. Não existe piloto automático quando a estrada está viva. Assim também é a vida profissional, que muda rápido, exige leitura de cenário e pede escolhas conscientes o tempo todo.

Vento contrário, subida e crise

A bicicleta me ensinou primeiro a respeitar o vento contrário. Existem dias em que a subida parece interminável, as pernas ardem, o peito pesa e a vontade real é encostar a bike no acostamento. É justamente nesses momentos que aprendo a respirar fundo, reduzir a marcha, ajustar o ritmo e seguir. Eu entendo que não preciso vencer a montanha de uma vez, basta avançar alguns metros por vez.

No mundo dos negócios acontece algo muito parecido. Há períodos em que a resistência aumenta, o mercado muda, o planejamento precisa ser refeito e a rota parece longa demais. Nessas fases, não é a força bruta que salva, e sim a estratégia, a criatividade e a capacidade de ler o terreno com calma. Assim como na subida, eu preciso entender que tempos difíceis fazem parte da paisagem. Em vez de entrar em pânico, eu ajusto o plano e continuo girando.

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Queda, corrente que salta e recomeço

Cada pedalada é uma lição sobre persistência. Não existe quem nunca tenha caído, errado curva ou estourado pneu no pior momento. Uma queda, uma corrente que salta, um desvio mal calculado, tudo isso vira material de aprendizado. Eu termino o treino um pouco mais atento, um pouco mais preparado, e com a sensação de que cada dificuldade deixou ali um recado importante.

No trabalho a lógica é a mesma. Um conteúdo que não entrega o resultado esperado, um projeto que sai do plano, uma estratégia que não performa como previsto. Nada disso é desperdício. É treino. É acúmulo de experiência. Eu aprendi a olhar para os erros com menos culpa e mais curiosidade. Em vez de me perguntar por que deu errado, eu passo a perguntar como posso fazer diferente da próxima vez. Assim, cada tombo vira investimento em maturidade.

Ritmo, técnica e tempo certo das coisas

Pedalar também me mostrou que o desempenho não depende apenas de força. Ele depende de ritmo, técnica e leitura de contexto. Não é sobre acelerar o tempo todo, e sim sobre saber quando segurar, quando avançar, quando respirar e quando explodir em velocidade. Se eu gastar todas as minhas energias no início do percurso, não chego inteiro ao final. Portanto, preciso respeitar o percurso e escutar o corpo.

Na vida profissional acontece o mesmo. Nem sempre ganha quem vai mais rápido, mas quem entende o tempo certo das coisas. Alguns projetos precisam de velocidade, outros pedem construção, paciente. Há dias em que liderar significa acelerar a equipe, porém há momentos em que a melhor liderança é pisar levemente no freio e reorganizar a rota. Aprendi na bike que o equilíbrio entre esforço e paciência vale muito mais do que a ansiedade de chegar primeiro, ajuda sempre em ser melhor comigo mesmo e não só contra meus oponentes.

Confiança, pelotão e trabalho em equipe

Existe uma lição silenciosa que só a estrada em grupo ensina. Em um pelotão, quem está à frente segura o vento para os demais. Ele gasta mais energia, protege quem vem atrás e, ao mesmo tempo, puxa o ritmo. Na curva seguinte, é a vez de outro assumir a frente. Esse revezamento silencioso mantém todos avançando mais rápido do que avançariam sozinhos.

Nas empresas, eu enxergo exatamente esse movimento. Ninguém pedala resultados importantes sozinho. Grandes conquistas nascem de confiança mútua e lealdade entre equipe, parceiros e clientes. Em alguns momentos eu puxo o pelotão e sustento o vento no rosto, porém em outros eu preciso aprender a aceitar ajuda e me colocar na roda de quem veio para somar. Liderar não é dominar, é saber a hora de abrir a passagem para que outro talento assuma a dianteira.

A estrada como nivelador e a lição de humildade

Talvez a maior lição da bike seja a humildade. Não importa se alguém pedala uma máquina de fibra elétrica, de carbono ou uma bicicleta simples de alumínio, o vento sopra igual para todos. A estrada funciona como um grande nivelador. Ela lembra que sempre haverá alguém mais rápido, mais técnico, mais preparado, mais descansado. E tá tudo bem. Isso não diminui ninguém, apenas mostra que o jogo nunca está ganho.

Essa percepção me liberta como profissional. Humildade é reconhecer que sempre há algo a aprender, mesmo depois de muitos anos de experiência. Quando eu aceito esse lugar de aprendiz permanente, a pressão diminui e a curiosidade aumenta. Em vez de provar o tempo todo que sei tudo, eu passo a me perguntar o que ainda posso descobrir. A bike e a estrada reforçam essa mensagem o tempo todo.

Disciplina, cansaço e o verão invencível

Há dias em que o corpo pede descanso e a cabeça tenta negociar para eu ficar em casa. A rotina é pesada, as reuniões se acumulam, os prazos apertam e o tempo parece escasso. Mesmo assim, eu escolho ir. Cada quilômetro se transforma em lembrete de que disciplina é mais poderosa do que motivação. A vontade oscila, porém o compromisso permanece.

Gosto de lembrar da frase de Albert Camus: “No meio do inverno, aprendi que havia dentro de mim um verão invencível”. A bicicleta me ensina isso todos os dias, porque mesmo nas subidas mais punks existe sempre um ponto de equilíbrio entre cansaço e superação. Eu saio para pedalar muitas vezes esgotado, mas volto para casa com a mente mais leve. A estrada reorganiza o que o excesso de tela bagunça.

Jornada, destino e liderança como subida longa

Há uma imagem que me acompanha como uma sombra amiga. Uma lembrança que sussurra baixinho cada vez que saio para o pedal. Ela diz que o caminho, e não a chegada, é o verdadeiro mestre. E descubro isso a cada rolê, como quem descobre um segredo antigo escrito no vento. Assim como na vida, não existem linhas de chegada que se mantenham para sempre. Há apenas pausas. Breves instantes em que ajeitamos o equipamento, respiramos fundo e nos permitimos agradecer antes de seguir adiante.

Cada percurso que termina não é um fim, é um convite. A estrada sempre estende a mão novamente. Ela nos chama de volta, porque sabe que o espírito humano foi moldado para continuar caminhando, ou pedalando, mesmo quando não tem certezas, apenas fé. ahh a fé um outro exercício para valentes.

A bicicleta, silenciosa e sábia, me ensina diariamente que liderar se parece muito com enfrentar uma longa subida. A montanha nunca revela de imediato seu topo. Ela exige preparação, foco e, acima de tudo, humildade. Porque não basta vencer uma vez: a vida pede continuidade. Pede que eu cuide do corpo que me sustenta, da mente que me guia e das relações que me amparam. Cada uma é um pedaço do equipamento que preciso carregar comigo.

Nos negócios, no esporte ou no mistério da vida, percebo que a verdadeira vitória não está reservada a quem cruza a linha primeiro, mas a quem permanece no movimento, mesmo quando o vento sopra contra e tenta nos convencer a voltar.

Há ventos que testam. Há ventos que fortalecem. E há ventos que revelam quem realmente somos.

É no intervalo entre uma pedalada e outra, naquele espaço sagrado onde o silêncio respira, que reencontro a mim mesmo. Ali percebo que a estrada não me cobra pressa, apenas presença. A subida não me desafia a provar força, mas a reconhecer limites com ternura. O destino não me pergunta quando vou chegar, mas quem estou me tornando enquanto avanço.

E assim, nessa dança entre o cansaço e a superação, entre o chão e o horizonte, vou redesenhando o ser humano que escolho ser. A estrada continua, e eu continuo com ela, porque sei que cada passo, cada erro, cada retomada e cada pequena vitória são apenas fragmentos do mesmo milagre: o milagre de continuar.

LINKEDIN: POR LUCAS MACHADO
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Profissional de Comunicação. Head de Marketing da Metalvest. Líder da Agência de Notícias da Abrasel. Ex-atleta profissional de skate. Escreve sobre estilo de vida todos os dias na Itatiaia e na CNN Brasil.

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