O lifestyle de Felipe Gobbi: surf, arte e escolhas fora do padrão

Como o mar, as cidades e a liberdade moldaram o artista e surfista

O lifestyle de Felipe Gobbi: surf, arte e escolhas fora do padrão

A sensação de estar fora do tempo costuma chegar antes da explicação. É assim quando a conversa começa com mar, movimento e criação, e logo fica claro que não se trata só de esporte nem apenas de arte.

O lifestyle de Felipe Gobbi: surf, arte e escolhas fora do padrão

O lifestyle de Felipe Gobbi: surf, arte e escolhas fora do padrão

No caso de Felipe Gobbi, o caminho nunca foi linear, e talvez por isso faça tanto sentido. Nascido em Porto Alegre, com alma mineira e vivendo hoje em Belo Horizonte, ele construiu um jeito de viver que escapa do ritmo urbano acelerado sem rejeitar o mundo. O surf entrou cedo, mas não ficou restrito à prancha. Com o tempo, virou linguagem, filtro sensível e combustível criativo. Esse lifestyle não surgiu como manifesto. Ele foi se formando no corpo, na estrada e nas escolhas feitas quando o conforto pedia cautela e a intuição pedia ação.

Quando o surf deixa de ser esporte e vira processo criativo

O surf, para Felipe, nunca coube na definição de atividade física. Desde cedo, ele percebeu que entrar no mar ativava camadas que iam além do esforço muscular. Há estímulos que chegam pelo risco, outros pela repetição do gesto, e muitos pela cultura que envolve a prática. Músicas diferentes, viagens, encontros improváveis e a ausência de compromisso com uma estética óbvia criam um caldo fértil. Aos poucos, esse acúmulo virou matéria prima. O lado B da vida, sempre tão presente na tribo do surf, foi abrindo espaço para um olhar menos condicionado. Assim, a criação passou a nascer do corpo em movimento, não de um plano fechado.

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O oceano como influência silenciosa na estética

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Mesmo quando não é citado, o mar aparece. A grandiosidade do oceano age de forma inconsciente, moldando cores, ritmos e gestos. A forma como Felipe se expressa dentro da água acaba atravessando o trabalho artístico. Não se trata de representar ondas ou paisagens, mas de carregar um estilo de presença. O fluxo, o timing e a leitura do ambiente são aprendizados que o surf ensina sem discurso. Depois, eles reaparecem no ateliê. A estética surge do que foi vivido, não do que foi planejado.

Liberdade, fluxo e escolhas fora do mar

A sensação de liberdade que atravessa sua obra não nasce apenas das ondas. Ela também vem das decisões tomadas fora da água. Houve um período intenso de circulação por grandes cidades. São Paulo, Cidade do México, Nova York e Shanghai deixaram marcas claras. O urbano, com seu excesso de informação, também alimenta a criação. Para Felipe, a resposta está no encontro entre extremos. A imersão na natureza encontra o caos das capitais. O contraste organiza o olhar e amplia o repertório. O fluxo que aparece no trabalho é resultado desse vai e vem constante.

Abrir mão do padrão para viver alinhado aos valores

Construir um lifestyle fora do padrão cobra seu preço. Felipe abriu mão do trabalho com horário fixo e da previsibilidade no fim do mês. Em troca, ganhou tempo para viver grandes aventuras. A escolha exigiu coragem, mas também ação contínua. Não há romantização da incerteza. Existe consciência de risco e responsabilidade pelas decisões. A engrenagem só roda quando há movimento. Por isso, a vida segue sem garantias fáceis, mas com coerência entre o que se acredita e o que se pratica.

Alimentação, corpo e uma decisão sem bandeiras

O lifestyle de Felipe Gobbi: surf, arte e escolhas fora do padrão

A mudança alimentar aconteceu de forma natural. Há 17 anos, Felipe deixou de consumir proteína animal e adotou uma alimentação ovo lácteo vegetariana. Não foi uma ruptura dramática. O corpo simplesmente parou de assimilar a carne como alimento. A transição foi tranquila e sem militância. Ele nunca sentiu necessidade de levantar bandeiras. Cada pessoa sabe o que funciona para si. A decisão não veio carregada de discurso, mas de escuta interna.

Energia, sensibilidade e criação

Com o passar do tempo, os efeitos apareceram mais no campo da sensibilidade do que da performance objetiva. Após alguns anos sem carne, Felipe se sentiu espiritualmente mais sensível. Não há afirmação direta de impacto na arte ou no surf, mas a percepção de que algo mudou permanece. Talvez exista uma pitada de influência. O importante é que a alimentação entrou no conjunto de escolhas que sustentam seu modo de viver.

Arte intuitiva e mensagens não óbvias

A criação não parte de um tema fechado. Felipe trabalha de forma intuitiva. Muitas vezes, a mensagem só se revela depois da obra pronta. Há momentos em que ele olha para o resultado e reconhece ali questões ambientais ou sociais. Nada é programado para ser óbvio. O sentido aparece no percurso, não no ponto de partida. Essa abertura permite que o trabalho respire e dialogue com quem observa, sem impor leituras prontas.

Disciplina em movimento

Equilibrar disciplina e liberdade é um exercício diário. Treino, produção artística, viagens e rotina se alimentam mutuamente. Estar em movimento é condição para que tudo funcione. As viagens trazem o surf, o surf traz vivências, e as vivências alimentam a imaginação. O resultado são obras que carregam experiências reais, não ideias abstratas. A disciplina não aparece como rigidez, mas como constância no deslocamento.

Inspiração como acúmulo de vivência

Para Felipe, inspiração não surge de um único gatilho. Ela é o resumo do que foi vivido. Uma boa onda, o silêncio criativo ou o contato com pessoas que vivem de forma simples fazem parte do mesmo arquivo interno. O inconsciente seleciona o que ficou e transforma em imaginação. Não há hierarquia entre experiências. Tudo pode virar fonte, desde que tenha sido vivido com presença.

Um jeito simples de olhar para a vida

Quando fala sobre construir um lifestyle mais autêntico, Felipe não entrega fórmulas. Ele fala de gestos básicos. Ouvir boa música, se alimentar bem, praticar esportes conectados à natureza, cultivar gentileza. Problemas vão e vêm, e isso faz parte. A vida pede leveza, mas também aceitação do movimento. Buscar diversão, de preferência com natureza envolvida, ajuda a manter o eixo. A frase de Niemeyer resume bem essa visão. A vida é um sopro, e talvez por isso não faça sentido vivê la no automático.

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Profissional de Comunicação. Head de Marketing da Metalvest. Líder da Agência de Notícias da Abrasel. Ex-atleta profissional de skate. Escreve sobre estilo de vida todos os dias na Itatiaia e na CNN Brasil.

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