Durante audiência desta segunda-feira (14) no Supremo Tribunal Federal (STF), o advogado Eduardo Kuntz, que representa o coronel Marcelo Câmara, questionou o ex-ajudante de ordens Mauro Cid sobre a rotina administrativa no Palácio da Alvorada e a atuação de Câmara após a derrota eleitoral de Jair Bolsonaro.
Kuntz buscou contextualizar o ambiente da residência oficial da Presidência no período pós-eleição, perguntando a Cid quantos funcionários atuavam no local. O depoente respondeu que havia cerca de 50 servidores exercendo funções administrativas, e que, somando os auxiliares mais próximos de Bolsonaro, o número chegava a 100 pessoas.
Após a derrota nas urnas, segundo o advogado, esse contingente foi drasticamente reduzido, ficando apenas o núcleo mais próximo de Bolsonaro. Foi nesse momento que o coronel Câmara assumiu funções anteriormente exercidas por Cid, como parte da transição no entorno do ex-presidente.
Cid confirmou que a passagem de bastão foi tranquila e sem atritos, embora marcada por um grande volume de trabalho: “Eram muitas atividades, como a rotina pessoal e médica do presidente, além da mudança dele para uma nova residência. Tudo isso já passou a ser executado por Câmara, porque eu já tinha saído”, explicou.
Questionado se Câmara acumulava várias funções, Cid foi direto: “Com certeza.”
O advogado também buscou esclarecer o papel do coronel na comunicação com o ex-presidente. Cid afirmou que recebia informações de Bolsonaro, e que Câmara ficava responsável por apurar e checar os fatos. “Ele recebia informes e transformava em informação útil para o presidente”, disse.
Um ponto específico foi a expressão “núcleo de inteligência paralela”, usada em alguns trechos da investigação. O advogado perguntou se esse termo partiu do próprio Cid. O depoente respondeu que não e afirmou que desconhece a origem da expressão.