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Senado adia votação de projeto que legaliza jogos de azar no Brasil para 2025

Proposta acaba com uma restrição imposta desde 1946, quando os jogos de azar foram proibidos em todo o território nacional

Projeto libera funcionamento de até dois cassinos em Minas Gerais

O Senado adiou nesta quarta-feira (4) a votação do projeto que legaliza jogos de azar no Brasil. O relator da proposta, Irajá (PSD-TO), pediu para retirar o texto da pauta para atender às solicitações de informação feita por alguns senadores aos Ministérios da Saúde e do Desenvolvimento Social.

Com isso, a votação do projeto só deve acontecer em 2025.

O texto autoriza o funcionamento de cassinos e bingos, legaliza o jogo do bicho e permite apostas em corridas de cavalos e acaba com uma restrição imposta em 1946, quando os jogos de azar foram proibidos em todo o território nacional. Além disso, revoga trechos da Lei de Contravenções Penais, que prevê punições para essas práticas.

Pelo projeto, o Ministério da Fazenda será responsável por regular e fiscalizar o setor, incluindo o licenciamento e a autorização para exploração dos jogos.

O relator do texto, senador Irajá (PSD-TO), estima que a iniciativa pode resultar em uma arrecadação de R$ 22 bilhões, montante que seria dividido entre os estados, municípios e a União. Além disso, a legalização dos jogos também teria o potencial de gerar mais de 700 mil empregos diretos e outros 600 mil indiretos, com projeção de investimentos de R$ 100 bilhões.

A proposta enfrenta forte resistência tanto de parlamentares da base do governo como da oposição, principalmente pelos impactos causados pelas apostas esportivas online, que já foram liberadas.

O texto tramita no Congresso desde 1991 e já foi aprovado pela Câmara dos Deputados. Em junho, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou o projeto por uma margem estreita.

Entenda os detalhes do projeto

Cassinos

Os cassinos poderão ser integrados a resorts ou embarcações turísticas, com exigência de um capital social mínimo de R$ 100 milhões. As licenças terão validade de 30 anos, com possibilidade de renovação.

O projeto estabelece o limite de um cassino em cada estado e no Distrito Federal, com exceção de São Paulo, que poderá ter até três estabelecimentos, e de Minas Gerais, Rio de Janeiro, Amazonas e Pará, que poderão ter até dois, cada um, em razão do tamanho da população ou do território.

A proposta também limita a área destinada aos cassinos dentro de resorts a 20% do espaço total, além de estabelecer critérios rigorosos para controlar a exploração do setor.

Os cassinos em embarcações terão regras diferenciadas. No caso dos marítimos, haverá um limite de 10 licenças em todo o país, com exigência de acomodações de alto padrão, incluindo no mínimo 50 quartos. Para os fluviais, as licenças serão concedidas de acordo com a extensão dos rios onde operam.

Por fim, os cassinos localizados em pólos turísticos deverão estar a pelo menos 100 quilômetros de resorts que também possuam cassinos.

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Bingos

Já os bingos e vídeo-bingos serão permitidos em casas de bingo ou estádios, com licenças válidas por 25 anos, que também poderão ser renovadas, limitadas a uma para cada 150 mil habitantes. Os locais poderão ter até 400 máquinas de vídeo-bingo e as salas destinadas à atividade deverão ter, no mínimo, 1.500 metros quadrados.

Jogo do bicho

O jogo do bicho também será regulamentado, com a exigência de caução financeira para o licenciamento. Em cada estado, será permitida apenas uma licença para cada 700 mil habitantes.

Tributação

Sobre a tributação para o setor, o texto prevê que ganhos acima de R$ 10 mil sejam tributados em 20% pelo Imposto de Renda, com retenção na fonte.

As casas de apostas pagarão taxas trimestrais que variam conforme o tipo de jogo:

  • R$ 20 mil para bingos e corridas de cavalo;
  • R$ 300 mil para jogos online;
  • R$ 600 mil para cassinos;
  • R$ 20 mil para o jogo do bicho.

Além disso, será aplicada uma Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE) de 17% sobre a arrecadação trimestral.

A proposta também limita a área destinada aos cassinos dentro de resorts a 20% do espaço total, além de estabelecer critérios rigorosos para controlar a exploração do setor.


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Repórter de política em Brasília. Formado em jornalismo pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), chegou na capital federal em 2021. Antes, foi editor-assistente no Poder360 e jornalista freelancer com passagem pela Agência Pública, portal UOL e o site Congresso em Foco.