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Mariana: Instituto afirma que ação do Ibram contra municípios é inconstitucional

Instituto Clima de Inovação e Tenologia quer questionar no STF ação movida pelo Ibram contra participação de municípios brasileiros em ações internacionais que têm como alvo mineradoras que atuam no Brasil, mas também têm sede no exterior

Mariana: Instituto afirma que ação do Ibram contra municípios é inconstitucional

O Instituto Clima de Inovação e Tenologia solicitou a entrada, como amicus curae (amigo da corte), na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) movida pelo Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) no Supremo Tribunal Federal, desde junho.

A ADPF questiona a possibilidade de municípios brasileiros apresentarem ações judiciais no exterior. Na ação, o Ibram menciona processos apresentados por municípios brasileiros em países como Estados Unidos, Alemanha e Holanda em função dos rompimentos das barragens da Vale e da BHP em Mariana e Brumadinho.

Inglaterra

A ação internacional mais avançada esta na corte internacional inglesa. O julgamento ocorre entre os dias 21 e 26 de outubro em Londres. Mais de 600 mil atingidos, dentre eles 46 prefeituras, são representados pelo escritório Pogust GoodHead. As indenizações estão avaliadas em R$ 230 bilhões.

Ibram

O Ibram alega que acionar a Justiça em outros países fere o modelo federativo brasileiro, seria competência da União representar o Brasil no estrangeiro. Por esse motivo, a entidade ligada à mineradoras, pede que os municípios sejam proibidos de ajuizar ações fora do país.

Instituto Clima de Inovação e Teconologia

Para contestar, o Instituto Clima de Inovação e Tenologia pede admissão no processo, argumentando as prefeituras podem mover e participar de ações internacionais. No entendimento da instituição, não há ofensa a soberania nacional e nem violação ao pacto federativo porque se fosse assim os municípios não poderiam manter relação de nenhuma natureza com órgãos estatais não-brasileiros.

Resposta

Em nota, o Ibram respondeu que repudia o pedido feito pelo Instituto Clima de Inovação e Tenologia. “O Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), preocupado com o ataque que mineradoras brasileiras, Vale e Samarco, têm sofrido no exterior, manifesta seu repúdio diante desta ação e informa que age de acordo com os interesses dos seus associados e com autorização do seu Conselho Diretor”, diz o texto.

Ainda segundo o texto, o processo impacta o setor mineral e todo o setor produtivo brasileiro. Além de reforçar os argumentos de que a participação dos municípios fere a constituição federal, a soberania, jurisdição nacional, é uma agressão a história recente do Brasil pois submete “a soberania brasileira à extraterritorialidade e à justiça inglesa, como nos tempos do Brasil Colônia, retrocesso que jamais será aceito pelas nossas instituições”.

O Ibram também chama crtitica o fundo proposto pela ação e afirma que os atingidos estão sendo usados como marionetes e ficarão apenas com migalhas. " O fundo abutre e a banca associada, simulando desinteresse, e em defesa dos atingidos, ficariam, em caso de vitória, com a parte do leão das indenizações propostas a 60 municípios e mais de 700 mil pessoas, aos quais concederiam as sobras, nada mais do que migalhas, usando as vítimas como marionetes para objetivos inconfessáveis”, afirma a nota.

Acordo

Em julho, durante audiência de conciliação na justiça inglesa, a BHP fo proibida de patrocinar a ADPF do Ibram no Supremo Tribunal Federal.

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Edilene Lopes é jornalista, repórter e colunista de política da Itatiaia e podcaster no “Abrindo o Jogo”. Mestre em ciência política pela UFMG e diplomada em jornalismo digital pelo Centro Tecnológico de Monterrey (México). Na Itatiaia desde 2006, já foi apresentadora e registra no currículo grandes coberturas nacionais, internacionais e exclusivas com autoridades, incluindo vários presidentes da República. Premiada, em 2016 foi eleita, pelo Troféu Mulher Imprensa, a melhor repórter de rádio do Brasil.