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Haddad culpa aumento das passagens aéreas por resultado do IPCA-15: ‘está nos preocupando’

Aceleração do IPCA-15 puxada pela alta dos transportes é superior à esperada para dezembro; ministro Haddad pontuou que aumento da passagens aéreas nos últimos quatro meses ‘inspira preocupação’

Ministro Fernando Haddad criticou aumento nos preços das passagens aéreas durante coletiva nesta quinta-feira (28)

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, culpou o aumento dos preços das passagens aéreas pelo resultado do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), publicado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira (28). O indicador, tratado como uma prévia da inflação no Brasil, apontou aceleração de 0,40% neste mês de dezembro; o valor é 0,07 ponto percentual maior que o registrado no mês passado e é superior à expectativa da área econômica, que aguardava uma alta próxima a 0,25%.

“O que está nos preocupando em relação ao IPCA é um item: as passagens aéreas. Elas subiram 65% nos últimos quatro meses. Imaginem, elas já estavam caras e subiram mais 65%”, disse. Em setembro, aliás, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) detectou que o valor médio dos bilhetes aéreos atingiu o maior patamar em 14 anos. “Não é uma inflação que afeta de maneira uniforme toda a sociedade, mas, afeta os usuários desse meio de transporte. É um impacto muito forte no IPCA e inspira preocupação”, acrescentou o ministro durante entrevista, nesta quinta, quando detalhou a Medida Provisória que o governo publicará em janeiro para equilibrar as contas públicas.

A aceleração do IPCA-15 foi principalmente impulsionada pelo setor de transportes, que acumulou alta de 0,77% entre novembro e dezembro e um impacto de 0,16 ponto percentual. O maior impacto individual, segundo relatório do IBGE, coube às passagens aéreas, que subiu cerca de 9% no mês.

Resultado do IPCA-15 assinala inflação abaixo teto

Apesar do aumento de 0,40%, um valor superior à projeção para o mês, o acumulado para o ano está em 4,72%, o menor índice dos últimos três anos. Em 2021, a inflação medida pelo IPCA atingiu 10,42%; indicador que, no entanto, caiu para 5,90% no ano seguinte.

O valor acumulado em 2023 está abaixo do teto da inflação determinado pelo Conselho Monetário Nacional, colegiado atrelado ao Banco Central. Para este ano, a expectativa é de inflação de 3,25% com tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo; portanto, o índice comporta os atuais 4,72%.

O que é o IPCA-15? Calculado pelo IBGE, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15 detecta as variações dos preços do varejo, ou seja, do cotidiano da população. Ele é considerado uma prévia do IPCA, indicador oficial da inflação no Brasil.

Ministro promete medidas para reduzir preços das passagens aéreas em 2024

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e os ministros do Turismo, Celso Sabino, e de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, têm prometido medidas para reduzir os preços das passagens aéreas no Brasil. A primeira entre as iniciativas propostas é o programa Voa Brasil que, inicialmente, seria lançado neste ano, mas acabou adiado para 2024. O projeto lançado em março pelo então ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França, oferecerá passagens aéreas a R$ 200 para estudantes, aposentados e outros setores da sociedade.

A segunda proposta para baratear as tarifas aéreas no país foi anunciada no último 18 de dezembro pelo atual chefe da pasta, o ministro Silvio Costa Filho, e prevê uma série de medidas para garantir a redução dos preços: da diminuição do valor do querosene de aviação à definição de uma cota de passagens com teto de preço, que irá variar entre R$ 699 a R$ 799 — quantia definida, respectivamente, por Gol e Azul. Coube a cada uma das empresas, no âmbito da negociação, indicar ao Ministério de Portos e Aeroportos as medidas que adotará. A Latam também participará do programa, mas, não irá aderir à cota de passagens com teto.

Pelo Governo Federal, o ministro listou uma série de ações que a pasta promete adotar. A estratégia passa pelo estímulo à entrada de empresas aéreas de baixo custo no Brasil e negociações para redução das taxas de judicialização das companhias. Diretamente em relação aos preços das passagens, o ministro apelou às pessoas para evitarem adquirir passagens com menos de 14 dias de antecedência. Além disso, as empresas propuseram ações que podem reduzir o valor final para o consumidor; confira a seguir:

Azul

A empresa se comprometeu a oferecer 10 milhões de assentos com preços de até R$ 799 a partir de 2024, e garantirá gratuitamente a marcação de assento e bagagem despachada para quem adquirir passagens de última hora.

Gol

A companhia oferecerá 15 milhões de assentos por até R$ 699 no próximo ano, e fará promoções especiais com preços entre R$ 600 e R$ 800 para quem adquirir bilhetes com mais de 21 dias de antecedência. O grupo também se comprometeu a conceder 80% de desconto nas tarifas de assistência emergencial.

Latam

O grupo se dispôs a oferecer, diariamente, 10 mil assentos a mais para reduzir os custos — cerca de 3,6 milhões por ano — e se comprometeu a disponibilizar semanalmente passagens para um destino com tarifas abaixo de R$ 199. A empresa também mudará as regras do programa de fidelidade, excluindo a data de validade para uso de pontos acumulados.

Repórter de política em Brasília. Na Itatiaia desde 2021, foi chefe de reportagem do portal e produziu série especial sobre alimentação escolar financiada pela Jeduca. Antes, repórter de Cidades em O Tempo. Formada em jornalismo pela Universidade Federal de Minas Gerais.