O governador Romeu Zema (Novo) disse na noite desta sexta-feira (18) que é favorável à “investigação técnica”, mas que “infelizmente, isso nem sempre ocorre no Brasil”. Após participar da abertura da 26ª edição do Festival Cultura e Gastronomia de Tiradentes, Zema foi questionado pela imprensa sobre a investigação da Polícia Federal contra Jair Bolsonaro (PL).
O ex-presidente é suspeito de ter participado e se beneficiado financeiramente de um esquema para desviar e vender presentes oficiais recebidos pela Presidência da República, como relógios, joias e esculturas.
“Eu sou favorável a toda investigação. Quem não fez o errado, não tem o que temer. Agora, o que nós não podemos é politizar a investigação. Inocentar alguém ou incriminar alguém ao sabor da política. Isso está errado”, respondeu o governador mineiro.
“O Brasil às vezes condena alguém, depois descondena alguém. Isso em outro lugar do mundo onde o Judiciário funciona de forma séria, correta, é pouco provável que aconteça” continuou Zema.
O verbo “descondenar” não existe na legislação brasileira: o cidadão pode apenas ser condenado ou inocentado. O termo “descondenado” é utilizado por opositores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que teve as condenações anuladas pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O tribunal considerou o ex-juiz Sergio Moro suspeito para julgar o petista e também entendeu que a 13ª Vara Federal de Curitiba não era o lugar correto para o julgamento dos casos.
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Entenda o caso
Nesta sexta-feira, o advogado do ex-ajudante de ordens Mauro Cid voltou atrás e negou ter afirmado à revista Veja que seu cliente apontaria Bolsonaro como mandante no caso do desvio das joias.
Em entrevista à Globonews, Cezar Bittencourt afirmou que ‘confessar é uma palavra muito forte’, mas garantiu que Cid irá esclarecer à Polícia Federal (PF) os meandros da negociação relativa apenas ao Rolex. O criminalista insistiu que o ex-ajudante de ordens apenas cumpriu determinação do ex-presidente Jair Bolsonaro. “Desde quando assessor faz o que o chefe não quer?”, indagou durante a aparição no canal de notícias.
O advogado afirmou ainda que cerca de US$ 35 mil foi entregue ao ex-presidente ou à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro — e se contradisse em seguida alegando que a entrega seria destinada a um dos dois, sem citar se houve intermediários ou não.
Horas depois, o advogado de Jair Bolsonaro, Paulo Bueno, também deu entrevista à Globonews e disse que o ex-presidente desconhecia a existência do relógio Patek Philippe, que a Polícia Federal suspeita que foi vendido por US$ 68 mil por Cid, juntamente com o Rolex, para uma loja na Pensilvânia, nos Estados Unidos da América.
Na entrevista, o criminalista insistiu que a negociação do relógio Rolex de ouro branco e de outras peças de luxo no exterior não é crime. “Ele [relógio] poderia ser vendido fora do Brasil. A própria lei autoriza. E por que levaram para os Estados Unidos? Olha, eles [família Bolsonaro e equipe] viajaram em delegação para os Estados Unidos e eu honestamente não sei o porquê da negociação ter ocorrido lá. Talvez o mercado fosse melhor”, disse. “Mas, posso afirmar que a venda podia ser feita. O bem era dele [Bolsonaro]”, garante.