Indicação pessoal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o advogado Cristiano Zanin assumiu cadeira no Supremo Tribunal Federal (STF) após cerimônia de posse com presenças ilustres do cenário político nacional no prédio à praça dos Três Poderes, em Brasília, nesta quinta-feira (3). A solenidade marcada para começar às 16h começou com atraso mínimo e a partir do protocolo oficial não se estendeu por mais de 15 minutos. A sessão se iniciou com a condução do ministro Zanin ao plenário pelo colega mais antigo e o último empossado antes dele, os ministros Gilmar Mendes e André Mendonça. O indicado de Lula repetiu o compromisso contido no sacramento do Supremo e recebeu as boas-vindas da ministra Rosa Weber.
O desfile de celebridades do universo político começou em seguida com o início dos cumprimentos para as fotos oficiais. Além dos três filhos e da mãe, Zanin estava acompanhado da esposa e sócia Valeska Zanin, que assumirá o escritório de advocacia do casal com sedes em São Paulo e Brasília. O primeiro a puxar a fila foi o presidente Lula (PT) com a primeira-dama Janja Silva. O petista abraçou o amigo e ex-advogado, mas evitou falar à imprensa na saída do STF. “Hoje é o dia do ministro. Quem fala é o ministro”, brincou.
Seguiram-se a ele os presidentes do Congresso Nacional e da Câmara dos Deputados, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e Arthur Lira (PP-AL), que compareceram à cerimônia após encontro na presidência do Senado Federal para o rito de entrega do texto da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da reforma tributária com os autógrafos dos deputados. Cristiano Zanin também recebeu os cumprimentos dos colegas ministros: Cármen Lúcia, Gilmar Mendes e Rosa Weber foram os primeiros. Esta, aliás, é a primeira grande posse no Supremo Tribunal Federal (STF) desde a pandemia de Covid-19. A última foi a do ministro André Mendonça, indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e aconteceu em dezembro de 2021 restrita a pouquíssimos convidados em função da emergência em saúde pública.
Trezentas e cinquenta pessoas compareceram à solenidade e seguiram a fila de cumprimentos ao ministro Cristiano Zanin. A sessão de apertos de mão, abraços, fotografias e congratulações começou às 16h30 e acabou três horas depois, às 19h45. Após as cortesias, o ex-advogado de Lula não quis falar à imprensa e se restringiu a dizer que o pronunciamento acontecerá em “outra hora”. Dali, seguiu para um salão de festas no Setor de Clubes Sul, região nobre de Brasília, onde a Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) oferece a ele um jantar restrito a estrelas da política e personalidades jurídicas com ingressos a R$ 500. A celebração é tradicionalmente organizada pelo grupo para os ministros empossados pela Corte.
Aliás, ministros, governadores e representantes de tribunais não faltaram à cerimônia na sede à praça dos Três Poderes. Ali estiveram no decorrer do dia os governadores Helder Barbalho (MDB-PA) e Ibaneis Rocha (MDB-DF), o ex-governador João Dória (PSDB-SP), os ministros Flávio Dino (PSB), Carlos Lupi (PDT) e Geraldo Alckmin (PSB) e o advogado-geral da União Jorge Messias. A presença da advogada do ex-presidente Jair Bolsonaro, Karina Kufa, atraiu as atenções na chegada à Corte. Ela não evitou as críticas e as respondeu em um tuíte: “avisei o meu cliente [Bolsonaro] sobre o apoio ao ministro Zanin e a participação na posse. Não me importo com a opinião de invejosos”, disparou.
Nova vaga no STF
Concluída a posse de seu ex-advogado Cristiano Zanin, substituto de Ricardo Lewandowski no Supremo Tribunal Federal (STF), Lula agora precisará se preocupar com a próxima indicação a entregar para a vaga prestes a surgir na Corte com a aposentadoria da ministra Rosa Weber, prevista para ocorrer em setembro, antes que ela complete a data-limite de 75 anos para exercer o cargo. Nos bastidores, cinco nomes especulados têm força diante dos demais; nenhum deles, contudo, é de uma mulher ou de possível ministro negro. Estão entre os cotados: ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Luís Felipe Salomão, ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Bruno Dantas, ministro da Justiça Flávio Dino, presidente do Congresso Rodrigo Pacheco e o advogado-geral da União Jorge Messias.
Ministros e indicações: qual é a atual formação do STF?
Com a posse de Cristiano Zanin, o plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) está atualmente composto da seguinte maneira:
Ministra Rosa Weber: presidente do STF, indicada formalmente pela ex-presidente Dilma Rousseff (PT) assumiu o cargo em 19 de dezembro de 2011;
Ministro Gilmar Mendes: ex-advogado-geral da União indicado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) assumiu o cargo em 20 de junho de 2002; é o mais antigo da Corte;
Ministra Cármen Lúcia: segunda mulher a integrar o STF, indicada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em seu primeiro mandato, assumiu em 21 de junho de 2006;
Ministro Dias Toffoli: indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em seu segundo mandato, assumiu o cargo em outubro de 2009;
Ministro Luiz Fux: ex-ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), indicado pela ex-presidente Dilma Rousseff (PT) assumiu em março de 2011;
Ministro Roberto Barroso: advogado constitucionalista indicado pela ex-presidente Dilma Rousseff (PT), assumiu em junho de 2013;
Ministro Edson Fachin: advogado também indicado pela ex-presidente Dilma Rousseff (PT), assumiu em junho de 2015 na vaga aberta com a aposentadoria do ministro Joaquim Barbosa;
Ministro Alexandre de Moraes: ex-ministro da Justiça indicado pelo ex-presidente Michel Temer (MDB), assumiu em março de 2017, ocupando a cadeira vaga após a morte do ministro Teori Zavascki;
Ministro Nunes Marques: desembargador indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), assumiu em novembro de 2020 para ocupar a vaga aberta com a aposentadoria de Celso de Mello;
Ministro André Mendonça: advogado, pastor e ex-ministro da Justiça, é o “terrivelmente evangélico” do ex-presidente Jair Bolsonaro — e por ele indicado ao Supremo Tribunal Federal (STF); assumiu o cargo em dezembro de 2021;
Ministro Cristiano Zanin: ex-advogado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no processo da Lava-Jato, indicado pelo petista, assumiu o cargo em agosto de 2023 para ocupar a vaga aberta com a aposentadoria compulsória de Ricardo Lewandowski.