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Deputados pedem que ministérios monitorem barragem de urânio no Sul de MG

Grupo quer descomissionamento da estrutura da Indústrias Nucleares do Brasil localizada na cidade de Caldas

Estrutura está localizada no município de Caldas e pertence a estatal do governo federal

Força-tarefa composta por deputados estaduais e federais mineiros defende a criação de um grupo de trabalho interministerial do governo Lula (PT) para acompanhar o descomissionamento de uma barragem de urânio, em Caldas, no Sul de Minas. A estrutura está no nível 1 de emergência em uma escala que vai até 3, quando há risco iminente de rompimento.

Conforme a Agência Nacional de Mineração (ANM), quando a barragem recebe a classificação de nível 1 é porque não está adequada estruturalmente. Se a empresa não corrigir os problemas, ela pode ser reclassificada para o nível 2. Relator da comissão externa da Câmara dos Deputados, o deputado federal Padre João (PT), afirma que a situação da estrutura precisa ser acompanhada de perto.

“Ela exige uma atenção especial. A proposta é montar um grupo de trabalho permanente, como há algo parecido em Santa Catarina. É um trabalho interministerial porque precisamos envolver os ministérios de Minas e Energia, Meio Ambiente e da Saúde, além da Casa Civil para coordenar esse trabalho”, explicou ele.

“Não vimos nada que seja alarmante. O que vimos é que parece que ficou um período sem ações adequadas e só agora há uma força-tarefa de vários projetos, alguns concluídos, outros em estudo, na linha do descomissionamento”, afirmou o petista.

Na última sexta-feira (14) uma comitiva formada por parlamentares federais e estaduais, além de representantes do Ministério Público, da Agência Nacional de Mineração e do Ibama, visitou o complexo de exploração de urânio que está desativado desde 1995 e pertence à Indústrias Nucleares do Brasil (INB), estatal vinculada ao Ministério de Minas e Energia, comandado pelo mineiro Alexandre Silveira (PSD)

A estrutura é a primeira unidade de extração e beneficiamento de minério para a produção de concentrado de urânio no País, a etapa inicial do Ciclo do Combustível Nuclear. Além da segurança da barragem, as autoridades também estão preocupadas com a qualidade e a suposta possibilidade da contaminação da água subterrânea.

“Toda água que passa naqueles resíduos se torna ácida e exige um tratamento específico, além dos resíduos sólidos que também têm essa concentração de metais pesados e radioativos. Há também resíduos que vieram de São Paulo, mais de 20 mil tambores. É um outro problema que eles administram lá. É uma série de ações que precisam ser feitas e também o monitoramento das águas subterrâneas”, disse Padre João.

Outro lado

Em nota, a INB garante que a estrutura mudou o nível de emergência por causa de alterações nos regulamentos dos órgãos fiscalizadores. A estatal afirma que não há risco da estrutura entrar em colapso.

Em junho, a estrutura deixou de ser fiscalizada pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e se tornou responsabilidade da ANM, que alterou o nível de emergência da estrutura. A INB diz ainda que é realizado o controle dos materiais remanescentes da mineração e beneficiamento de urânio através do tratamento de água ácida, do gerenciamento de resíduos e rejeitos sólidos, da gestão de segurança de barragens, da gestão ambiental da área, incluindo recomposição da vegetação, da gestão da segurança dos trabalhadores e do monitoramento radiológico e ambiental da região.

No mês passado, a Comissão de Minas e Energia aprovou no Congresso Nacional dois requerimentos relacionados à unidade de descomissionamento da INB em Caldas. Em um deles, há um pedido para que o Ministério da Saúde faça levantamento e cadastro da população exposta à suposta radioatividade dos rejeitos que se encontram na unidade.

Repórter de política na Rádio Itatiaia. Começou no rádio comunitário aos 14 anos. Graduou-se em jornalismo pela PUC Minas. No rádio, teve passagens pela Alvorada FM, BandNews FM e CBN, no Grupo Globo. No Grupo Bandeirantes, ocupou vários cargos até chegar às funções de âncora e coordenador de redação na BandNews FM BH. Na televisão, participava diariamente da TV Band Minas e do BandNews TV. Vencedor de 8 prêmios de jornalismo. Já foi eleito pelo Portal dos Jornalistas um dos 50 profissionais mais premiados do Brasil.