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Como evitar que hábitos da família facilitem a obesidade de cães e gatos?

Veterinária alerta que o estilo de vida dos tutores pode refletir em ambientes que favorecem o ganho de peso e colocam a saúde dos pets em risco

O tutor precisa ficar ainda mais atento para raças predispostas geneticamente ou após a castração

Sabe aquele pote de petiscos sempre cheio? Ou aquele costume de dar um pedacinho do que está no prato do tutor? Sem perceber, muitos tutores estão criando ambientes obesogênicos dentro de casa: espaços onde os hábitos favorecem o ganho de peso dos pets.

Segundo a médica-veterinária Mayara Andrade, da Guabi Natural, “ambientes sem rotina alimentar, com excesso de petiscos e pouca atividade física, além da escolha errada ou quantidade inadequada do alimento, favorecem a obesidade de forma silenciosa e progressiva. Muitas pessoas não percebem que o ambiente no qual o pet vive exerce influência direta sobre seu comportamento alimentar e seu gasto energético”, explica.

Ela lembra também que o tutor precisa ficar ainda mais atento para raças predispostas geneticamente ou após a castração.

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Considerada uma doença crônica e multifatorial, a obesidade é hoje uma das doenças que mais crescem entre cães e gatos.

Um levantamento do Banfield Pet Hospital mostra que o número de cães com sobrepeso ou obesidade cresceu 108% no Brasil desde 2011. Entre os gatos, o salto foi ainda maior: 114%.

Ainda segundo pesquisa realizada pela Universidade de São Paulo (USP), mais de 40% dos cães apresentam sobrepeso e obesidade no município e região metropolitana de São Paulo.

E não é só uma questão estética. Segundo a profissional, o sobrepeso traz riscos de doenças articulares, respiratórias, cardiovasculares, além de afetar o metabolismo e até o intestino dos pets, aumentar a incidência de câncer e a reduzir a expectativa de vida. No caso dos gatos, pode aumentar também o risco do aparecimento da diabetes tipo 2.

Como saber se o pet vive em um “ambiente obesogênico”?

“A forma como a gente vive influencia diretamente a saúde do nosso pet. Além disso, a dificuldade do tutor em reconhecer o ganho de peso como algo prejudicial e não ‘fofo’ é algo que também contribui para o aumento de peso”, explica Mayara.

Segundo ela, um ambiente obesogênico é aquele espaço onde o pet tem fácil acesso a petiscos e restos de comida, que não existe uma rotina de passeios ou brincadeiras, além da falta estímulo físico e mental, e ainda pode haver excesso de recompensas alimentares, entre outros fatores.

“Quando não há controle sobre porções, todos os membros da casa oferecem comida, não há passeios ou estímulos físicos, criamos um cenário perfeito para a obesidade se instalar. Por isso é tão importante a escolha e manejo adequado dos alimentos, sempre com orientação do médico-veterinário que acompanha o pet”, completa.

Embora existam raças com predisposição genética, como labradores, Golden retrievers, Buldogues e gatos sem raça definida, além de condições como a castração, os hábitos do dia a dia são decisivos no controle do peso.

Para evitar o ganho excessivo, a recomendação é oferecer alimentos completos e adequados para as necessidades individuais do pet, nas quantidades indicadas, com acompanhamento veterinário para ajustes individuais.

Jessica de Almeida é repórter multimídia e colabora com reportagens para a Itatiaia. Tem experiência em reportagem, checagem de fatos, produção audiovisual e trabalhos publicados em veículos como o jornal O Globo e as rádios alemãs Deutschlandfunk Kultur e SWR. Foi bolsista do International Center for Journalists.