O festival Tudo é Jazz chega à sua 23ª edição em Ouro Preto, com homenagem às cantoras Ella Fitzgerald e Dolores Duran, ressaltando o impacto das artistas na música e na cultura. Algumas mudanças na programação do Tudo é Jazz também foram realizadas para garantir a organização e a segurança do público, conforme acordo firmado entre a produção do festival e a Justiça Federal.
O evento tem início nesta quinta-feira, dia 7 de agosto, e segue até domingo, dia 10, com apresentações em diversos espaços da cidade. O show de Juarez Moreira foi transferido da Casa de Gonzaga para a Casa da Ópera, que tem capacidade para 200 pessoas, e as senhas serão distribuídas duas horas antes do início.
As apresentações na Praça Tiradentes terão limite máximo de 3 mil pessoas, estabelecido por determinação judicial, com controle de acesso por cercamento e sinalização da área.
Segundo o prefeito de Ouro Preto, Angelo Oswaldo, a autorização para a realização do evento na Praça Tiradentes foi concedida à organização do festival pela Justiça Federal, que impôs a restrição de público.
“Houve uma licença que condiciona a presença na Praça Tiradentes, responsabilidade da organização do Tudo é Jazz, conforme acordo com a Justiça Federal. A prefeitura de Ouro Preto, por meio das secretarias e com apoio da Polícia Militar e Guarda Municipal, colaborará, mas o controle e a contagem do público ficam a cargo da organização, que recebeu a autorização para o evento. O Tudo é Jazz é tradicional na cidade, está há mais de 20 anos em Ouro Preto, e a justiça reconheceu sua importância ao conceder a autorização”, disse.
Sobre as homenageadas
As homenageadas do evento, Dolores Duran e Ella Fitzgerald, deixaram legado na música. Dolores Duran, nome artístico de Adélia Silva da Rocha, foi uma cantora e compositora que teve destaque na música popular brasileira nas décadas de 1950, especialmente no gênero samba-canção, ela é lembrada por sua voz marcante e por composições que se tornaram clássicos, como “A Noite do Meu Bem” e “Por Causa de Você”.
Já Ella Fitzgerald é considerada uma das maiores vozes do jazz americano. Sua carreira, que durou mais de seis décadas, inclui clássicos como “Summertime” e “Dream a Little Dream of Me”. Ella teve grande influência na música mundial, ajudando a popularizar o jazz. A direção de arte do festival, realizada pelo estilista brasileiro Ronaldo Fraga, destaca a exposição “Ella & Dolores”, que será exibida no festival. Criada com fotos do fotógrafo Rodrigo Januário, a mostra apresenta imagens em preto e branco das duas cantoras usando máscaras, simbolizando a influência contínua das artistas.
Ronaldo falou à Itatiaia sobre os elementos utilizados na exposição para representar as cantoras e dialogar com a atmosfera cenográfica do festival:
“A exposição deste ano, já na terceira edição, traz fotos em preto e branco pelas lentes de Rodrigo Januário, mostrando duas mulheres com o biotipo de Ella e Dolores usando máscaras que simbolizam a influência viva das artistas. A cenografia remete aos inferninhos, pequenas boates sem camarim, onde as estrelas reinavam, recriadas pelos arquitetos Clarissa Neves e Paulo Weissberg. Esse encontro traz a força feminina presente na arte e música das cantoras”, alegou.
Ronaldo ainda mencionou sobre a construção da direção de arte e a motivação da escolha em homenagear Ella e Dolores nesta edição:
“Na direção de arte, usei cores como marinho, roxo, azul profundo e turquesa, com estrelas e marcas de copo, para remeter aos inferninhos de Nova York, da Lapa e boates de Copacabana. Eu quis representar essas duas grandes damas da noite em todo o projeto gráfico. Ella e Dolores podem parecer díspares à primeira vista, por serem de países diferentes, mas ambas cantaram o amor e suas dores com humor próprio. São duas mulheres negras que usaram a música como força política. Ella Fitzgerald dizia: ‘se me pedirem para fazer política, eu faço música’. Dolores agia de forma semelhante, mas teve uma vida meteórica, falecendo aos 29 anos. Curiosamente, um mês antes da morte de Dolores, Ella estava na boate Vogue, no Rio, assistindo a Dolores cantar, sua grande ídola. Embora não tenham cantado juntas em vida, o festival Tudo é Jazz homenageia essas duas grandes cantoras e ícones do jazz mundial.”
Além disso, na sexta-feira, dia 8, o festival traz o show do cantor Nando Reis na Praça Tiradentes, uma das atrações mais aguardadas pelo público.
O festival segue para Itabirito, Congonhas, Ouro Branco e Grão Mogol em agosto e setembro, mantendo programação gratuita que inclui shows, oficinas, cortejos e outras atividades culturais. A curadoria é do pianista Gustavo Figueiredo, e a direção geral é do produtor Rud Carvalho, da New View Entretenimento e Comunicação.
O Tudo é Jazz é viabilizado por leis de incentivo à cultura e conta com patrocínios e apoios locais.