O órgão Arp Schnitger da Catedral da Sé voltou a operar após restauração concluída em 2025. Construído segundo o padrão definido pelo organeiro alemão Arp Schnitger, ativo entre os séculos XVII e XVIII, o instrumento segue princípios da organaria barroca, com transmissão mecânica, divisão de registros, sistema de vento por foles e tubos de metal e madeira organizados para uso litúrgico e musical. O órgão passou por intervenções ao longo dos séculos.
A primeira ocorreu na década de 1930. Em 1979, o instrumento foi desmontado e enviado à Europa, retornando ao Brasil em 1984. Entre 2000 e 2002, novos trabalhos buscaram recuperar características sonoras do período colonial. Durante a restauração da Catedral, entre 2016 e 2022, técnicos identificaram danos por cupins nos someiros. As peças foram enviadas ao ateliê do organeiro Frédéric Desmottes, na Espanha, onde foram recuperadas entre fevereiro e setembro de 2025.
Após o retorno, Desmottes iniciou a remontagem e a afinação para a reinauguração no aniversário de 280 anos da Arquidiocese de Mariana. O despertar do órgão ocorreu na manhã de 8 de dezembro, na Catedral Basílica de Nossa Senhora da Assunção, durante a Missa Solene da Imaculada Conceição e a celebração dos 40 anos de ordenação presbiteral de Dom Airton José dos Santos.
A organista Josinéia Godinho executou as primeiras peças. O Coro do Seminário, o Coral Canarinhos de Itabirito e a Orquestra Padre Simões participaram da liturgia sob regência de Éric Lana. A secretária de Cultura de Minas Gerais, Josiane de Souza, esteve presente e comentou sobre a importância da preservação do patrimônio:
“Nós sem o patrimônio, sem a nossa história, nós não somos nada e nós não somos ninguém. Nós sabemos que hoje, em Minas Gerais, nós temos 93% das cidades mineiras que recebem esse patrimônio. É uma política vigorosa, importantíssima. Eu sei que parte do fundo do restauro vem originado desse recurso que vai para a gestão do município que faz as suas escolhas, eu tenho certeza que o restauro desse órgão é uma escolha acertada. Quase uma década que ele não coroava as celebrações, e mais do que justo com a própria história, com a própria Igreja Católica, que esse investimento fosse feito”, afirmou.
Na terça-feira, dia 9, houve missa na Catedral e concerto com órgão, Coral Cidade dos Profetas e orquestra. A programação desta quarta-feira, dia 10, inclui missa às 18h30 com os corais Cristo Reina e Angeli Domine, acompanhados pelo órgão.
Às 20h, ocorre o concerto “Memórias da Fé”, com execução no órgão, participação do Coro de Sacerdotes e apresentação de músicos de Mariana e convidados. Um dos dias de maior expectativa é 11 de dezembro, quinta-feira, quando haverá apresentação da Orquestra Ouro Preto com o órgão. O público deve retirar ingressos duas horas antes. O despertar integra o Projeto Sons do Sagrado, que segue com atividades abertas ao público até 19 de dezembro na Catedral Basílica da Sé.
O prefeito de Mariana, Juliano Duarte, afirmou que a reinauguração do órgão representa um avanço para o turismo religioso da cidade. Ele informou que o instrumento ficou cerca de dez anos sem uso e que o restauro foi financiado pelo Fundo Municipal de Preservação do Patrimônio, com investimento aproximado de R$ 1,3 milhão.