O que deveria ser um dos dias mais felizes da vida de Isabel Urdaneta Hernández terminou em angústia e incerteza. Grávida de quatro meses e recém-saída de uma loja após escolher o vestido para seu casamento, a venezuelana foi detida junto ao noivo, Manuel Alejandro López, em um posto de controle de imigração no Texas, nos Estados Unidos.
“Eles chegaram, pediram seus documentos e, quando foram revistados, disseram: ‘Desculpe, mas vocês estão presos’. Naquele momento, suas vidas mudaram completamente”, relatou a prima de Isabel, Alejandra Urdaneta, à CNN.
Segundo Alejandra, apesar de já terem passado por controles migratórios anteriormente, desta vez a abordagem foi diferente. Após verificarem os documentos, agentes da Patrulha da Fronteira informaram que o casal seria detido.
Os dois foram levados para um centro de detenção em McAllen. Isabel acabou transferida para a instalação do ICE conhecida como El Valle, enquanto Manuel permaneceu sob custódia inicial, informou a família.
A Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA (CBP) declarou que ambos entraram legalmente no país, mas permaneceram após o vencimento de seus vistos ou períodos autorizados. O casal é solicitante de asilo e aguarda decisão judicial, enquanto familiares tentam reunir recursos para o pagamento de fiança.
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Planos interrompidos
Isabel e Manuel vivem nos Estados Unidos desde 2017 e 2021, respectivamente. Sem antecedentes criminais , além de antigas infrações de trânsito, eles construíram uma vida no Texas, onde abriram uma padaria especializada em doces tradicionais.
“Eles são trabalhadores, honestos e decentes”, descreveu Alejandra. A família afirma que ambos apresentaram autorizações de trabalho e carteiras de habilitação válidas no momento da abordagem. “Eles não são imigrantes ilegais. Vieram de avião e sempre seguiram as regras”, acrescentou. Dias antes da prisão, o casal havia celebrado a revelação do sexo do bebê.
Detenção de grávidas sob questionamento
A situação de Isabel reacendeu debates sobre a política do ICE adotada em 2021, que proíbe a detenção de gestantes, mulheres no pós-parto recente e mães que amamentam, a menos que haja risco à segurança nacional ou outras circunstâncias excepcionais.
Em resposta à CNN, porém, a CBP afirmou que não possui diretrizes que restrinjam a detenção de mulheres grávidas, assegurando que todas as pessoas sob custódia recebem atendimento adequado.
Isabel tem relatado à família episódios de estresse físico e emocional. “Em um momento, senti como se estivesse sendo tratada como uma criminosa, e eu não sou”, contou à prima, bastante abalada. Segundo Alejandra, embora receba atendimento médico, o tratamento seria “brusco”. “Ontem ela me disse que estava com muito medo, que não conseguia sentir o bebê”, afirmou.
Expectativa por liberdade
A detenção do casal tem sido um duro golpe para familiares, amigos e clientes da padaria, que agora organizam arrecadações para custear despesas legais e tentar garantir a liberdade de Isabel e Manuel. “Ela tem uma audiência marcada para 5 de dezembro. Queremos que ela seja libertada o mais rápido possível”, disse Alejandra, que teme pelo estado físico e mental da prima.
A família espera que, após a audiência, Isabel possa dar continuidade à gravidez e ao processo legal em um ambiente seguro, longe da custódia migratória.
* Informações com CNN