A declaração final da Cúpula de Líderes do Mercosul, realizada neste sábado (20) em Foz do Iguaçu-PR, evidenciou dois pontos centrais, o desapontamento dos países sul-americanos com a União Europeia, pela não assinatura do acordo de livre comércio entre os blocos, e a ausência de consenso interno sobre a situação da Venezuela, tema que acabou ficando fora do documento oficial.
No texto de seis páginas, os chefes de Estado do Mercosul manifestaram frustração com o adiamento do acordo com a União Europeia, cuja assinatura era esperada para a ocasião. Segundo a declaração, a falta de avanço ocorreu por “ausência de consenso político” no bloco europeu.
Os líderes ressaltaram que o tratado é resultado de um equilíbrio construído ao longo de 26 anos de negociações e que sua assinatura enviaria uma sinalização positiva ao mundo em um cenário internacional marcado por instabilidade.
Apesar disso, afirmaram confiar que a União Europeia concluirá seus trâmites internos, o que permitiria a definição de uma data para a assinatura, possivelmente em janeiro.
Venezuela x EUA
Já a crise na Venezuela não foi mencionada no comunicado final, refletindo divergências entre os presidentes do bloco. Durante a cúpula, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou uma eventual intervenção armada dos Estados Unidos no país vizinho como uma “catástrofe humanitária” e um “precedente perigoso para o mundo”.
Em sentido oposto, o presidente da Argentina, Javier Milei, elogiou a postura do presidente norte-americano Donald Trump e a pressão exercida sobre o governo de Nicolás Maduro.
O silêncio sobre a Venezuela ocorre em um contexto de tensão regional, marcado pela mobilização de aparato militar dos Estados Unidos no Caribe desde agosto. Diante da falta de consenso, o Mercosul optou por não se posicionar oficialmente sobre o tema, estratégia comum em fóruns multilaterais quando há divergências entre os membros.