Bill Gates alerta sobre aumento ‘trágico’ na mortalidade infantil devido a cortes em ajuda

Projeção constitui uma ‘tragédia’ para Gates, que observa um retrocesso provavelmente inevitável; Gates, especificamente, criticou a atuação de outro bilionário, Elon Musk

A Microsoft - empresa que Bill Gates fundou - tem uma parceria multibilionária com a OpenAI, que controla o Chat GPT

A mortalidade infantil registrará este ano um aumento “trágico” no mundo devido aos cortes na ajuda internacional por parte dos países ocidentais, alertou o bilionário Bill Gates em uma entrevista à AFP.

O cofundador da Microsoft fez essas declarações após a publicação de um relatório da Fundação Gates, que aponta que 4,8 milhões de crianças terão morrido antes de completar cinco anos em 2025, o que representa o primeiro aumento desse número desde o início do século.

Essa projeção constitui uma “tragédia” para Gates, que observa um retrocesso provavelmente inevitável, já que o número de mortes infantis não parava de diminuir desde os cerca de 10 milhões anuais registrados no começo dos anos 2000.

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Tanto para o bilionário quanto para os autores do relatório, a razão se deve à tendência geral dos países ocidentais de reduzir sua ajuda financeira ao exterior.

Os Estados Unidos tomaram as medidas mais emblemáticas desde o retorno do republicano Donald Trump à presidência.

Gates, especificamente, criticou a atuação de outro bilionário, Elon Musk, que durante vários meses dirigiu o Departamento de Eficiência Governamental (Doge), criado pelo presidente para cortar gastos públicos.

Embora o Doge já tenha sido dissolvido, Musk decidiu reduzir drasticamente a ajuda americana, em particular a da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USaid).

Vacinação

Essa política “sem dúvida causou inúmeras mortes”, denunciou Gates, que afirma estar agora “dialogando” com Trump para limitar os danos. “Eu o encorajo a restabelecer as ajudas, ou pelo menos a reduzi-las só um pouco”, explicou. “Não tenho certeza de que vá conseguir”, disse.

Gates também mencionou a retirada do financiamento internacional destinado à Gavi, uma organização que reúne atores públicos e privados com o objetivo de acelerar os esforços de vacinação em todo o mundo.

Essa decisão ocorre em um contexto no qual o secretário de Saúde dos Estados Unidos, Robert F. Kennedy Jr., conhecido por suas posições céticas em relação às vacinas, multiplica declarações infundadas nesse sentido.

Gates denunciou as posições “amplamente desacreditadas e falaciosas” de Kennedy sobre a ideia de que “não se deveria recorrer à vacinação infantil”.

“Embora a Fundação Gates colabore com todas as administrações — e encontremos pontos em comum com o ministro Kennedy no que diz respeito às vacinas —, temos opiniões fundamentalmente opostas sobre o papel que elas desempenharam no mundo”, apontou.

Além dos Estados Unidos, o bilionário destacou que a diminuição “desproporcional” da ajuda internacional era uma tendência generalizada entre os países ocidentais e incluía também França, Alemanha e Reino Unido.

O alerta lançado por Gates e sua fundação — criada em 2000 junto com sua esposa Melinda, de quem agora está divorciado — coincide com outros estudos.

Em novembro, o Instituto de Saúde Global de Barcelona estimou que mais de 22 milhões de pessoas poderiam morrer devido aos cortes norte-americanos e europeus até 2030.

Apesar dessas preocupações, o bilionário destacou avanços positivos na luta contra a mortalidade infantil, como o surgimento de tratamentos imunizantes contra o vírus sincicial respiratório (VSR), causador da bronquiolite.

Com AFP

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