O recente anúncio feito por astrônomos sobre a presença de gases orgânicos na atmosfera
Essa pergunta, feita pelo físico Enrico Fermi em 1950, deu origem ao chamado Paradoxo de Fermi, que essencialmente aponta para uma contradição entre a alta probabilidade de existência de vida extraterrestre e a aparente falta de evidências de sua presença. A Via Láctea, nossa galáxia com cerca de 10 bilhões de anos e mais de 100 bilhões de estrelas, provavelmente abriga um número “estonteante” de mundos com condições para a vida. Dada a imensidão do universo e o tempo decorrido desde seu surgimento, o paradoxo levanta a questão de por que ainda não tivemos contato com civilizações alienígenas.
O fato de não termos detectado vida extraterrestre é conhecido como “o mistério do grande silêncio”. De acordo com um livro publicado em 2015, foram propostas pelo menos 75 soluções hipotéticas para o Paradoxo de Fermi.
Uma das explicações mais diretas é a possibilidade de que a vida extraterrestre simplesmente não exista. No entanto, muitos cientistas consideram essa hipótese improvável. Uma pesquisa recente na revista Nature Astronomy revelou que quase 87% dos entrevistados acreditam na existência de pelo menos uma forma básica de vida extraterrestre, e mais de 67% creem na existência de civilizações inteligentes.
Outras teorias sugerem que os alienígenas já existem, mas não foram detectados ou escolheram se esconder. A dificuldade de atravessar o espaço interestelar, devido às vastas distâncias e à necessidade de “uma quantidade enorme de recursos”, também pode ser um fator limitante para o contato.
Outras hipóteses
Entre as hipóteses mais especulativas, destaca-se a hipótese do “zoológico”, que postula que civilizações extraterrestres avançadas optaram por deixar a humanidade sozinha para observação. A hipótese do “planetário” sugere que os alienígenas criaram uma ilusão de espaço vazio para os terráqueos. Em contraste, a hipótese da “floresta escura”, inspirada na obra de ficção científica de Cixin Liu, descreve um universo perigoso onde qualquer civilização que revele sua presença corre o risco de ser destruída. Há também teorias que sugerem que extraterrestres poderiam “transcender” para outros planos de existência, comparados à realidade virtual.
Outra possibilidade considerada é a existência de um “grande filtro”, um obstáculo que impede o surgimento ou o desenvolvimento de vida além de um certo estágio. Um exemplo seria a tendência de civilizações tecnologicamente avançadas a se autodestruírem ou a esgotarem os recursos de seus planetas.
Jason Wright, do Centro de Inteligência Extraterrestre da Universidade Estadual da Pensilvânia, aponta um problema fundamental com muitas dessas “soluções": elas partem da premissa de que todos os tipos hipotéticos de civilizações extraterrestres se comportariam da mesma maneira e para sempre.
Enquanto os cientistas continuam a analisar os sinais promissores de exoplanetas como o K2-18b, o Paradoxo de Fermi permanece como um lembrete da nossa ainda limitada compreensão do universo e do nosso lugar dentro dele. A resposta para a pergunta “onde está todo mundo?” continua sendo um dos maiores mistérios da ciência.
*Com informações da AFP