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Descoberta de provável vida fora Terra reascende teorias sobre civilizações extraterrestres

Paradoxo de Fermi voltou a ser discutido após a descoberta de possíveis indícios de vida no exoplaneta K2-18b

Ilustração do K2-18 b

O recente anúncio feito por astrônomos sobre a presença de gases orgânicos na atmosfera do exoplaneta K2-18b trouxe novas esperanças sobre a possibilidade de vida fora da Terra. Contudo, as descobertas reacendem um antigo questionamento que intriga cientistas há décadas: se o universo é tão vasto e potencialmente repleto de planetas habitáveis, “onde está todo mundo?”.

Essa pergunta, feita pelo físico Enrico Fermi em 1950, deu origem ao chamado Paradoxo de Fermi, que essencialmente aponta para uma contradição entre a alta probabilidade de existência de vida extraterrestre e a aparente falta de evidências de sua presença. A Via Láctea, nossa galáxia com cerca de 10 bilhões de anos e mais de 100 bilhões de estrelas, provavelmente abriga um número “estonteante” de mundos com condições para a vida. Dada a imensidão do universo e o tempo decorrido desde seu surgimento, o paradoxo levanta a questão de por que ainda não tivemos contato com civilizações alienígenas.

O fato de não termos detectado vida extraterrestre é conhecido como “o mistério do grande silêncio”. De acordo com um livro publicado em 2015, foram propostas pelo menos 75 soluções hipotéticas para o Paradoxo de Fermi.

Uma das explicações mais diretas é a possibilidade de que a vida extraterrestre simplesmente não exista. No entanto, muitos cientistas consideram essa hipótese improvável. Uma pesquisa recente na revista Nature Astronomy revelou que quase 87% dos entrevistados acreditam na existência de pelo menos uma forma básica de vida extraterrestre, e mais de 67% creem na existência de civilizações inteligentes.

Outras teorias sugerem que os alienígenas já existem, mas não foram detectados ou escolheram se esconder. A dificuldade de atravessar o espaço interestelar, devido às vastas distâncias e à necessidade de “uma quantidade enorme de recursos”, também pode ser um fator limitante para o contato.

Outras hipóteses

Entre as hipóteses mais especulativas, destaca-se a hipótese do “zoológico”, que postula que civilizações extraterrestres avançadas optaram por deixar a humanidade sozinha para observação. A hipótese do “planetário” sugere que os alienígenas criaram uma ilusão de espaço vazio para os terráqueos. Em contraste, a hipótese da “floresta escura”, inspirada na obra de ficção científica de Cixin Liu, descreve um universo perigoso onde qualquer civilização que revele sua presença corre o risco de ser destruída. Há também teorias que sugerem que extraterrestres poderiam “transcender” para outros planos de existência, comparados à realidade virtual.

Outra possibilidade considerada é a existência de um “grande filtro”, um obstáculo que impede o surgimento ou o desenvolvimento de vida além de um certo estágio. Um exemplo seria a tendência de civilizações tecnologicamente avançadas a se autodestruírem ou a esgotarem os recursos de seus planetas.

Jason Wright, do Centro de Inteligência Extraterrestre da Universidade Estadual da Pensilvânia, aponta um problema fundamental com muitas dessas “soluções": elas partem da premissa de que todos os tipos hipotéticos de civilizações extraterrestres se comportariam da mesma maneira e para sempre.

Enquanto os cientistas continuam a analisar os sinais promissores de exoplanetas como o K2-18b, o Paradoxo de Fermi permanece como um lembrete da nossa ainda limitada compreensão do universo e do nosso lugar dentro dele. A resposta para a pergunta “onde está todo mundo?” continua sendo um dos maiores mistérios da ciência.

*Com informações da AFP

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Ana Luisa Sales é jornalista formada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Na Itatiaia desde 2022, já passou por empresas como ArcelorMittal e Record TV Minas. Atualmente, escreve para as editorias de cidades, saúde e entretenimento