O ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, afirmou, nesta terça-feira (8), que um acordo com os Estados Unidos sobre o programa nuclear iraniano é “possível”. Contudo, para isso, seria necessário que Washington demonstrasse “boa vontade” nas conversas previstas para este fim de semana em Omã.
“Se a outra parte tiver a vontade necessária e suficiente, é possível alcançar um acordo. É tanto uma oportunidade como um teste. A bola está no campo dos Estados Unidos”, destacou o chanceler iraniano no X.
O “objetivo principal” de Teerã é que as sanções sejam suspensas, acrescentou. Sua reimposição por parte de Donald Trump em 2018 representou um um duro golpe na economia iraniana.
O presidente do Estados Unidos anunciou que sua administração inciaria conversas com o Irã durante uma reunião na Casa Branca na segunda-feira (7) com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu. O anúncio foi tido com surpresa, visto a animosidade entre Israel e Irã.
Trump detalhou que as conversações seriam “diretas”, mas Araghchi insiste que suas negociações com o enviado dos EUA para o Oriente Médio, Steve Witkoff, no sábado no Sultanato de Omã, serão “indiretas”.
“Não aceitaremos nenhum outro formato de negociação”, declarou Araghchi a meios oficiais. “O formato das negociações não é o mais importante na minha opinião. O que realmente importa é a eficácia ou não das conversações”, destacou.
“Se a outra parte mostrar a vontade necessária, é possível chegar a um acordo. A bola está no campo dos Estados Unidos”, insistiu.
Grande perigo
Na segunda-feira, no Salão Oval, Trump afirmou ter esperanças de chegar a um acordo com Teerã, mas alertou que a República Islâmica estaria em “grande perigo” se as negociações fracassarem.
O anúncio ocorre depois que o Irã rejeitou negociações diretas sobre um novo acordo para limitar as atividades nucleares do país, qualificando a ideia de inútil.
O presidente americano se retirou do último acordo de 2018, durante seu primeiro mandato, e existe uma grande especulação de que Israel - possivelmente com a ajuda dos EUA - poderia atacar instalações iranianas se um novo acordo não for alcançado. As potências ocidentais, lideradas por Washington, acusam o Irã de querer fabricar armas atômicas. Teerã, contudo, rejeita as acusações e afirma que seu programa nuclear é apenas para fins civis.
No mês passado, Trump enviou uma carta aos líderes iranianos pedindo negociações sobre seu programa nuclear. Mas, ao mesmo tempo, ameaçou bombardear o Irã se a diplomacia fracassar e impôs sanções adicionais contra seu setor petrolífero.
O Irã não busca ter armas atômicas, mas “não terá outra opção” a não ser fazer isso, caso os Estados Unidos o ataquem, alertou na segunda Ali Larinkhani, um conselheiro do líder supremo da República Islâmica, o aiatolá Ali Khamenei.
Irã e Estados Unidos, estreitos aliados durante a monarquia dos Pahlavi, não mantêm relações diplomáticas desde 1980, um ano depois da Revolução Islâmica.
Os dois países trocam informações indiretamente através da embaixada suíça em Teerã.
O sultanato de Omã e o Catar já desempenharam um papel de mediador no passado. (Com APF)