Imagine investir em uma criptomoeda que, de uma hora para outra, dispara de valor com um simples post de um líder mundial – apenas para despencar logo em seguida, levando milhões de dólares pelo ralo. Foi o que aconteceu com investidores após declarações de Donald Trump e Javier Milei sobre criptomoedas.
A influência de figuras políticas tem colocado ainda mais incerteza em um mercado já instável, causando tanto euforia quanto prejuízos irreversíveis. Esse setor, viu sua volatilidade aumentar ainda mais com esses episódios. Confira abaixo os desdobramentos.
O caso da Argentina
Tudo começou em fevereiro, quando o presidente argentino
No entanto, a valorização durou pouco: assim que um grupo de investidores iniciais vendeu suas participações, o valor da moeda despencou, causando grandes perdas para a maioria dos compradores.
Pouco depois, Milei apagou a publicação e se distanciou da iniciativa. Questionado sobre a responsabilidade pelo prejuízo dos investidores, ele minimizou a situação. “sabiam muito bem no que estavam se metendo, se você vai ao cassino e perde dinheiro, qual é a reclamação?”, afirmou o presidente.
O episódio, porém, não afetou apenas os envolvidos diretamente na compra de criptomoeda. “Com o efeito cascata, toda a criptomoeda foi impactada”, explica diretora de estratégia da empresa de tecnologia financeira Deblock, Claire Balva.
Trump e sua influência política
A influência de políticos e figuras públicas no mercado de criptomoedas também ficou evidente nos Estados Unidos. Antes mesmo de assumir o cargo,
A criptomoeda criada na Argentina, "$LIBRA”, teve inspiração direta no sucesso do projeto de Trump, segundo um de seus criadores, Hayden Davis. Essa repetição de padrões reforça a preocupação de especialistas sobre o risco de manipulação nesse mercado.
Criptomoedas
O Bitcoin, primeira e mais conhecida criptomoeda do mundo, surgiu em 2008 justamente com a proposta de descentralizar o poder financeiro e evitar interferências de governos e instituições tradicionais. No entanto, hoje o mercado depende muito da influência de figuras públicas.
“Sem uma autoridade centralizada, os investidores acabam dependendo das pessoas que promovem esses produtos”, afirma Maximilian Brichta, pesquisador da Universidade da Califórnia do Sul à AFP.
Fraude ou descuido?
A facilidade com que algumas criptomoedas são lançadas e promovidas levanta dúvidas sobre sua legitimidade. A República Centro-Africana, por exemplo, seguiu o exemplo de El Salvador e lançou sua própria criptomoeda, o “CAR”. Mas, em poucas horas, seu valor caiu mais de 90%, sendo vista por muitos especialistas como uma fraude.
No caso da "$LIBRA”, um detalhe chamou atenção: mais de 80% dos tokens estavam nas mãos de poucos grandes investidores, que podiam vendê-los a qualquer momento. “Isso pode ser tanto um erro monumental quanto uma fraude pura e simples”, alerta Claire Balva.