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Caso Pelicot: entenda história de Gisèle, estuprada pelo marido e outros 70 homens

Vítima foi dopada por 10 anos e convidada outros homens para estuprar esposa; Gisèle renunciou ao anonimato e tornou processo público, causando comoção em todo o mundo.

Gisèle Pelicot na Corte de Avignon para sentença de acusados.

Dominique Pelicot, acusado de drogar a ex-mulher Gisèle Pelicot para estrupa-lá na França foi condenado à prisão nesta quinta-feira (19), pela Justiça da França há 20 anos de prisão. O caso que ganhou repercussão em todo o mundo, chocou e revoltou milhares de pessoas, incluindo os filhos de Gisèle.

Durante todo esse tempo, a vítima não sabia que estava sendo estuprada. A mulher só descobriu que era vítima de estupros em 2020, quando Dominique foi preso por importunação sexual contra outras mulheres. À época, a polícia apreendeu um computador usado por ele e encontrou fotos da vítima sendo estuprada por vários homens.

De acordo com as investigações, Gisèle foi violentada por mais de 70 homens. Destes, 50 também se tornaram réus junto de Dominique e também foram condenados nesta quinta. Os outros abusadores ainda não foram identificados ou localizados pelas autoridades.

Repercussão

O caso ganhou repercussão em setembro deste ano, quando começou o julgamento. Nesta época, Gisèle abriu mão do direito ao anonimato e resolveu tornar todo o processo. A vítima disse que tomou essa decisão para impedir que casos semelhantes aconteçam com outras mulheres.

Quantas vezes a vítima foi estuprada?

Durante o processo as autoridades estimam que Gisèle foi estuprada desde 2011, por pelo menos 92 vezes por 72 homens diferentes. Apesar dos números, somente 50 réus, incluindo seu ex-marido Dominique Pelicot foram condenados. Quando o julgamento começou, 18 réus estavam presos, incluindo Dominique. À época, 35 dos investigados se declararam inocentes, enquanto 13 afirmaram ser culpados.

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Como a vítima descobriu?

Totalmente por acaso, Gisèle descobriu que era estuprada em 2020, quando naquele ano Dominique foi flagrado por tentar filmar debaixo das saias de três mulheres em um supermercado. Durante a prisão do ex-marido, Gisèle foi chamada a delegacia para prestar depoimento e foi nesse momento em que os policiais mostraram a ela diversos vídeos e fotos dela mesma sendo estuprada dentro de casa.

Além das fotos e dos vídeos, conversas de Dominique com outros homens nas redes sociais foram encontradas nas quais ele os convidava para terem relações sexuais com Gisèle. “Assisti a todos os vídeos. Não são cenas de sexo, são cenas de estupro. Dois, três deles sobre mim. Fui sacrificada no altar do vício”, disse a vítima durante uma entrevista em setembro.

Como os crimes aconteciam?

Durante o processo do julgamento, Dominique Pelicot admitiu dar para Gisèle doses de tranquilizantes sem que ela soubesse. Para isso, ele misturava os medicamentos na comida e na bebida. Depois, em um site de encontros da França, ele convidava outros homens para estuprá-la.

Segundo as investigações, Dominique pedia para que os homens não acordassem Gisèle. Ele também orientava para os abusadores evitarem usar perfume ou tabaco, de modo a não deixar cheiros. Para além disso, os estupradores tiravam a roupa na cozinha, para evitar que as peças fossem esquecidas no quarto do casal.

O processo judicial aponta ainda que Dominique participava dos estupros e filmava os crimes. Ele não pedia dinheiro em troca. Alguns dos acusados afirmaram que não sabiam que a vítima estava drogada e alegaram que pensavam estar participando de uma fantasia sexual do casal. Por outro lado, Dominique disse que todos sabiam que a mulher estava inconsciente.


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Formada em jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH), já trabalhou na Record TV e na Rede Minas. Atualmente é repórter multimídia e apresenta o ‘Tá Sabendo’ no Instagram da Itatiaia.