🦙 Sem visitas e turistas. Protestos e ‘greve por tempo indeterminado’. Esse é o cenário atual em Machu Picchu, no Peru, sendo considerado uma das sete maravilhas do mundo moderno. O país anunciou nessa segunda-feira (29), que avalia suspender temporariamente as visitas no local, após quatro dias de protestos de moradores contra a ‘privatização’ da venda de entradas na cidade.
De acordo com a ministra da Cultura, Leslie Urteaga, os líderes da mobilização pleitearam o fechamento por segurança, diante da falta de diálogo para levantar a medida, com o fechamento de lojas, marchas e bloqueios na via-férrea. A situação aconteceu logo após uma empresa privada, a Joinnus, assumir a comercialização dos ingressos locais.
“Vamos avaliar os pedidos feitos por esse coletivo, que inclui fechar a cidadela. Isso seria doloroso para todos, mas vamos avaliar”, afirmou Urteaga na mídia estatal.
No entanto, comerciantes e operadores turísticos se opõem ao novo sistema, que começou a funcionar há nove dias, pois acreditam ser o primeiro passo para a privatização do lugar. As atividades dos trens que levam as pessoas ao parque arqueológico também foram suspensas por precaução, causando a saída às pressas de centenas de turistas.
No fim de semana, foram evacuados de trem mais de 1.200 turistas peruanos e estrangeiros, que ficaram presos em meio aos protestos, alguns dos quais não conseguiram entrar no complexo pré-hispânico. A polícia organizou e resguardou a saída, após os bloqueios das vias. O serviço de trem, principal meio de transporte no local, está suspenso desde sexta-feira (26).
A ministra acrescentou, ainda, que o governo só dialogará se a paralisação, que deixa perdas diárias de um milhão de soles - 1,31 milhão de reais -, for interrompida.
Os líderes dos protestos anunciaram nessa segunda-feira (29), uma trégua de 24 horas nesta terça-feira (30) para permitir um diálogo com o governo e alcançar uma solução para a greve.
“Declaramos uma trégua de 24 horas para possibilitar uma mesa de diálogo. Esperamos que termine em uma solução para este problema”, declarou o secretário-geral de Defesa do Patrimônio Cultural do Turismo, Alfredo Cornejo.
O protesto foi organizado por grupos do distrito de Machu Picchu Pueblo, no departamento de Cusco, em repúdio à decisão do Ministério da Cultura de contratar um intermediário privado para gerenciar a venda online dos ingressos.
Inicialmente, o governo havia alegado problemas com sua plataforma, mas nessa segunda (29), denunciou um foco de corrupção na gestão dos bilhetes que cedia para a venda nos guichês.
“Todos os esforços vêm sendo feitos para romper com uma máfia que vem ilegalmente mal utilizando a questão das entradas e não vamos dar um passo atrás na necessidade de mudar esse modelo de corrupção”, disse o chefe de gabinete, Alberto Otálora.
Os manifestantes
Os manifestantes exigem o cancelamento do contrato com a Joinnus.
De acordo com seus líderes, a chamada paralisação indefinida inclui marchas, o fechamento de comércios e bloqueios na via-férrea que leva a essa joia da arquitetura e engenharia pré-hispânica.
“Somos contra a privatização sistemática de Machu Picchu. A população não concorda, esta empresa foi contratada de forma ilegal. As organizações pedem que o contrato com a empresa Joinnus seja anulado”, disse à AFP Darwin Baca, ex-prefeito de Machu Picchu.
Turismo em Macchu Picchu 🦙
Machu Picchu é uma das joias do turismo peruano que atraiu cerca de 4,5 milhões de visitantes ao país antes da pandemia do coronavírus em 2020. A cidadela recebe em média uns 4.500 visitantes por dia. Sob o novo sistema, o governo reservou cerca de 1.000 entradas diárias para venda direta no Centro Cultural de Machu Picchu Pueblo.
Patrimônio Cultural da Humanidade desde 1983, Machu Picchu, localizado a 130 quilômetros da cidade de Cusco e a 2.438 metros de altitude, foi construído no século XV por ordem do imperador inca Pachacutec (1438-1470).
Conhecida como a “cidade perdida dos incas”, foi descoberta em 1911 pelo explorador americano Hiram Bingham.
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