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Coreia do Sul proíbe carne de cachorro: veja outros países que aboliram consumo

Continente, que tradicinalme cultiva a prática, vê queda de consumidores nos últimos tempos

Comerciantes de carne de cachorro se reuniram para protestar contra a decisão do governo de proibir o consumo, em Seul, na Coreia do Sul, em novembro de 2023

Países e regiões da Ásia que historicamente tem tradição de comer carne de cachorro estão testemunhando uma mudança nos costumes nos últimos tempos, que contribuiu para a diminuição ou proibição do consumo no continente.

Nesta terça-feira (8), o Parlamento da Coreia do Sul aprovou por unanimidade o projeto que proíbe a venda e a distribuição de carne de cachorro.

O número de sul-coreanos que comem carne de cachorro caiu drasticamente à medida que a posse dos animais de estimação se tornou mais comum.

No entanto, a prática ainda não está absolutamente extinta em algumas regiões.

De acordo com um relatório da Humane Society International (HSI), publicado em 2022, estima-se que cerca de 30 milhões de cães são mortos para consumo humano por ano em todo o mundo.

A maior parte são mortos na Ásia, onde a carne de cachorro é considerada uma iguaria em alguns países, sendo comparada com o sabor e textura da carne de bode.

O consumo tem raízes históricas, embora não seja generalizada em todo o continente. O Japão, por exemplo, proíbe a prática desde 1953.

Origem

Acredita-se que o consumo de carne de cachorro tenha se originado na China há milhares de anos.

A prática foi influenciada por fatores como a disponibilidade de alimentos, as condições econômicas da época e as tradições culturais específicas de cada localidade.

A cultura é associada principalmente a países do Oriente Asiático, como China, Vietnã, Indonésia, Tailândia e Coreia do Sul.

Historicamente, em algumas culturas asiáticas, acredita-se que a carne de cachorro poderia ter benefícios à saúde, como a capacidade de aumentar a resistência.

O consumo de cachorro era visto na Coreia do Sul como uma forma de vencer o calor durante o verão, sendo uma fonte de proteína barata e facilmente acessível em um período de elevadas taxas de pobreza.

Por exemplo, durante a Guerra da Coreia, que durou de 1950 a 1953, diversos coreanos aderiram à prática para fugir da fome no período de escassez de alimentos.

No entanto, diversos países asiáticos estão mudando os hábitos e começando a abolir a prática. A conscientização sobre os direitos dos animais, mudança culturais e o desenvolvimento econômico diminuíram significativamente o consumo de cachorro no continente.

Dados indicam que os consumidores remanescentes são mais velhos e rurais, enquanto os jovens urbanos tendem a se opor à prática.

Uma pesquisa da Gallup Coreia aponta que apenas 8% dos coreanos ainda consumiam cachorro, em 2022.

A tendência é semelhante com a de outros países asiáticos que conservam a tradição.

Além do oriente

A prática também é vista em algumas partes do Ocidente, como na Suíça, que tem o costume de comer carne de cachorro e gato em algumas regiões.

No entanto, o consumo é muito raro hoje em dia. De acordo com uma pesquisa realizada em 2022, apenas cerca de 3% dos suíços comem carne de cachorro ou gato.

O hábito também é praticado em alguns países da África, como Nigéria, Camarões e Congo, mas não é tão difundido quanto no Oriente Asiático.

Veja as cidades, países e regiões da Ásia que já aboliram a prática:

  • Taiwan foi o primeiro país asiático a proibir explicitamente o consumo de carne de cachorro e de gato em seu território, em 2017.
  • Em 2020, a província cambojana de Siem Reap, conhecida por atrair turistas para as ruínas de Angkor Wat, proibiu o comércio de carne de cachorro. A medida foi justificada com base na lealdade e habilidade dos cães em proteger propriedades. No entanto, a tradição ainda é permitida em grande parte da Camboja.
  • Em 2020, o governo chinês proibiu o consumo de carne de cachorro e gato, juntamente com o comércio de animais silvestres. A proibição foi feita em resposta ao surto de COVID-19, que teve origem em um mercado de animais silvestres em Wuhan, na China.
  • Em 2021, a cidade de Hoi An, um importante destino turístico no Vietnã, proibiu a venda e o consumo de carne de cachorro. Essa foi a primeira vez que uma cidade vietnamita tomou essa medida. No entanto, o consumo de cachorro ainda é permitido na maioria do país.
  • Cingapura proibiu a venda e o consumo de carne de cachorro em 2023. A lei foi aprovada pelo governo de Cingapura em 20 de dezembro de 2022, e entrou em vigor em 1º de janeiro de 2023.
  • O Parlamento da Coreia do Sul aprovou por unanimidade, nesta terça-feira (8), projeto que proíbe a venda e distribuição de carne de cachorro para consumo humano. A lei, que entra em vigor em 2027, visa restringir o mercado desse produto, punindo criadores ou vendedores de cães.

*Com informações de CNN e AFP

Formado em Jornalismo pela UFMG, com passagens pelo jornal Estado de Minas/Portal Uai. Hoje, é repórter multimídia da Itatiaia.