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Secretária do Tesouro dos EUA visita China em busca de maior diálogo entre os países

Janet Yellen acredita que as relações entre os dois países estão em um patamar mais sólido após encontro com autoridades chinesas

Em viagem à China, Yellen insistiu na necessidade de maior intercâmbio e colaboração com o país

A secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, disse neste domingo (9) que suas reuniões com as autoridades chinesas colocaram as relações bilaterais em uma “base mais sólida”, ao encerrar uma visita a Pequim com o objetivo de estabilizar os laços entre as duas maiores economias do mundo.

Durante os quatro dias da visita, Yellen insistiu na necessidade de maior intercâmbio e colaboração com a China, apesar das profundas divergências entre as duas potências.

“O sentimento expresso por ambos os lados é que o mundo é grande o suficiente para permitir que todos prosperem, cooperem nos desafios globais e tenham relações econômicas construtivas”, disse Yellen em entrevista à CBS News.

Embora a visita não tenha resultado em acordos específicos, a agência oficial de notícias chinesa, Xinhua, informou no sábado à noite que a reunião de Yellen com o vice-primeiro-ministro chinês, He Lifeng, levou a um acordo para “fortalecer a comunicação e a cooperação para enfrentar os desafios globais”.

Acrescentou que os dois lados concordaram em continuar as discussões.

O presidente americano, Joe Biden, disse em uma entrevista transmitida pela CNN neste domingo que quer o “restabelecimento de relações de trabalho que são benéficas para eles e para nós”.

“Lembrei (ao presidente chinês Xi Jinping) que desde o início da invasão da Ucrânia pela Rússia, 600 empresas americanas se retiraram da Rússia. E ele me disse que a su economia é baseada em investimentos americanos e europeus, então vamos ficar de olho”, disse o presidente, especificando que não era “uma ameaça”.

Tensões

Yellen garantiu que, apesar das “diferenças significativas” entre os dois países, ela conseguiu manter conversas “diretas, substanciais e produtivas” com as autoridades chinesas.

“Minhas reuniões bilaterais, que totalizaram 10 horas em dois dias, foram um passo adiante em nosso esforço para colocar as relações EUA-China em uma base mais sólida”, disse ela.

No topo da lista de divergências estão as restrições comerciais que, segundo os Estados Unidos, visam reduzir o acesso da China à tecnologia avançada que considera crucial para sua segurança nacional.

Os Estados Unidos manterão as “ações direcionadas” para preservar sua segurança nacional, mas essas restrições comerciais não visam “extrair benefícios econômicos”, disse Yellen neste domingo.

Ela afirmou que as ações de seu governo buscam ser “transparentes, de alcance limitado e direcionadas a objetivos claros (...). Não as utilizamos para obter benefícios econômicos”.

Também disse que levantou “sérias preocupações” sobre o que chamou de “práticas comerciais injustas” de Pequim.

Yellen citou barreiras à entrada de empresas estrangeiras no mercado chinês, assim como questões de proteção à propriedade intelectual.

“Também expressei minhas preocupações sobre um recente aumento nas medidas de fiscalização contra empresas americanas”, disse, referindo-se a uma recente repressão de segurança nacional a consultorias americanas na China.

Olhando para o futuro, “provavelmente qualquer progresso concreto e resultados importantes serão anunciados pelos dois governantes”, disse Yun Sun, diretor do programa para a China no Stimson Center em Washington.

“Os dois lados não têm esse nível de comunicação e consulta há muitos anos”, disse à AFP.

No geral, a visita de Yellen parece “mais entusiástica” do que a recente visita do secretário de Estado, Antony Blinken, disse Wu Xinbo, diretor do Centro de Estudos Americanos da Universidade Fudan.

“Os chineses veem Yellen como uma profissional, e sua atitude em relação às relações econômicas e comerciais China-EUA é relativamente racional”, acrescentou Wu.

AFP
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