Um estudo feito ao longo de quase meio século acompanhou a vida de 40 orcas fêmeas. Durante esse período, os pesquisadores descobriram que quando as orcas têm filhos, elas se dedicam a eles durante toda a vida. Chamadas popularmente de “baleias assassinas”, os machos são alimentados e paparicados pelas mães até atingirem a idade reprodutiva, se transformando em verdadeiros “filhinhos da mamãe.”
Essa dedicação quase exclusiva das mães com as “baleias assassinas” acontece, segundo pesquisadores, para que haja uma preservação da espécie, cada vez mais ameaçada de extinção. O relatório foi divulgado pela Deutsche Welle.
“Eles descobriram que, quando as baleias orca fêmeas tinham filhos, suas chances de dar à luz filhos no futuro diminuíam em 50%. Isso permaneceu durante toda a vida da mãe e não foi observado em orcas que deram à luz filhas”, detalha o jornal.
“As mães das baleias assassinas pagam um alto custo em termos de reprodução futura para manter seus filhos vivos”, disse o pesquisador e coautor do estudo, Michael Weiss, que trabalha no Centro de Pesquisa em Comportamento Animal da Universidade de Exeter.
As baleias estudadas moram na costa Sul da Colúmbia Britânica e nos estados americanos de Washington e Oregon. As espécies de baleias orcas que vivem na região Sul estão ameaçadas de extinção desde 2005.
Mães alimentam filhos
Durante a pesquisa, feita com objetivo de entender o motivo da diminuição das taxas de reprodução entre as orcas, o estudiosos observaram como as mães mantinham uma relação materna muito próxima com os filhotes machos. “As mães davam aos filhos metade do salmão que pescavam para si, por exemplo”, algo que não acontece com as orcas fêmeas.
Os pesquisadores acreditam que esse comportamento das mães é para garantir que os machos sejam alimentados e fiquem em forma, em uma tentativa de aumentar a reprodução da espécie. “Machos saudáveis acasalam com muitas fêmeas, e isso pode aumentar o número de descendentes futuros.”
Ao que tudo indica, no entanto, essa estratégia estão tendo efeito contrário, segundo os pesquisadores.
“Essa estratégia de sacrificar indefinidamente a reprodução futura para manter seus filhos vivos pode ter sido benéfica em seu passado evolutivo, mas agora ameaça potencialmente a viabilidade futura da população de orcas residente no sul”, disse Dan Franks, professor de biologia e ciência da computação da Universidade de York.
Baleias assassinas
Apesar de serem chamadas de “baleias-assassinas”, o mamífero, que na verdade é um golfinho, não ataca humanos e o nome vem da incrível habilidade de caçar outros animais marinhos, como focas e dugongos. Para isso, as orcas utilizam os dentes, que chegam até 10 centímetros, e os corpos de até 9 metros para matar as presas. As baleias, que estão sempre em grupos numerosos, têm ações predatórias mais elaboradas, como se fossem estratégias de guerra.
As orcas são predadores que ficam no topo da cadeia alimentar, por isso o nome “assassinas”. Elas se alimentam de pássaros, lulas, polvos, tartarugas-marinhas, tubarões, arraias, peixes em geral e mamíferos que se aventuram no mar, como focas e dugongos.
