Um vídeo em que mostra o céu iluminado por bombas de fósforo na região de Donetsk, no leste da Ucrânia, despertou atenção nas redes sociais. O registro foi feito pela Frente Brasileira de Voluntários (BrazUcra) e trouxe um alerta para os riscos da arma incendiária, proibida de ser usada contra civis.
“Essa coisa linda caindo do céu é uma bomba de fósforo. Não existe proteção contra bomba de fósforo. Não é considerada arma química, mas é considerado crime de guerra. Vocês podem ver no vídeo como ela queima pela folhagem, galhos, e continua queimando no asfalto”, relatou Clara Magalhães Martins, de 31 anos, no perfil da BrazUcra.
A brasileira passou por vários treinamentos de primeiros socorros, onde, em um deles, aprendeu como agir diante de um ataque envolvendo bombas de fósforo. “A recomendação para lidar com bomba de fósforo é: não seja atacado com uma bomba de fósforo [...] Seu uso causa irritação, queimaduras graves, falência de órgãos. Também é proibido o uso contra civis desde 1997 pela Convenção de Genebra (mas pode contra militares que, aparentemente, deixam de ser humanos quando estão defendendo seu país de invasores). Não é possível apagar o fogo causado por essa bomba”, acrescentou.
Em caso de contato com bomba de fósforo, Clara recorda que recebeu algumas orientações, “além de não estar lá”, como: afastar o membro atingido do resto do corpo e amputar acima de onde o fósforo caiu; jogar a pessoa em um lago, somente para o psicológico e possível sensação de alívio; deixar o fósforo corroer a pele e osso até decepar o membro.
“Vocês notam que isso só funciona se cair no braço, antebraços, ou pernas, né? O que você faz se for no rosto? No torso? No peito? No estômago? Nada. Não tem o que fazer”, lamenta.
Acusação
No dia 1º de julho, o exército ucraniano acusou a Rússia de ter atacado com bombas de fósforo a ilha das Serpentes, um dia após ter recuado desse local estratégico do mar Negro. “Perto das 18h00 [de sexta-feira], aviões SU-30 da Aeronáutica russa realizaram dois ataques com bombas de fósforo contra a ilha das Serpentes”, escreveu no Telegram o Comandante-em-Chefe das Forças Armadas ucranianas, Valerii Zaluzhny .
O governo russo apresentou na quinta-feira sua retirada das ilhas, como um “gesto de boa vontade” destinado a demonstrar sua disposição de não interferir nos esforços da ONU para facilitar a exportação de grãos ucranianos. Segundo o exército ucraniano, os bombardeios de hoje demonstram que a Rússia “não respeita suas próprias declarações”.
As bombas de fósforo, que deixam um rastro branco no céu, são armas incendiárias internacionalmente proibidas de serem usadas contra civis, mas não contra alvos militares.
A Ucrânia acusou repetidamente a Rússia de ter usado bombas de fósforo contra civis desde o início da invasão de seu território no final de fevereiro, mas a Rússia sempre negou o uso de tais dispositivos.
A Ilha das Serpentes é de grande importância estratégica e tornou-se um símbolo da resistência ucraniana quando os guardas que a defendiam recusaram, em uma mensagem de rádio agora famosa em todo o país, a ordem de rendição.
Após sua conquista, mantê-la sob seu controle custou aos russos homens e materiais.
Não muito longe de suas costas, o “Moskva”, carro-chefe da frota russa do Mar Negro, foi atingido em abril por um míssil ucraniano, infligindo a maior humilhação da marinha russa em décadas.