Resistência à insulina e danos à função cardiovascular. Essas são as consequências para quem dorme exposto a luz de qualquer intensidade por uma única noite, segundo pesquisadores da Escola de Medicina Feinberg, da Universidade Northwestern, em Illinois (EUA).
Phyllis Zee, chefe de medicina do sono na instituição, destaca que é importante evitar ou minimizar a quantidade de exposição à luz enquanto dorme. “Os resultados do estudo demonstram que uma única noite de exposição a luz moderada afeta a regulação cardiovascular e da glucose — que são fatores de risco para doença do coração, diabetes e síndrome metabólica.”
A pesquisa testou o efeito de dormir sob 100 lux (luz moderada) e sob 3 lux (penumbra). Em luz moderada, o corpo entra em estado de alerta — chamado de ativação simpática. Nessa condição, a frequência cardíaca aumenta, assim como a força com que o coração se contrai e a velocidade com que o sangue é conduzido pelas veias para o fluxo de oxigenação.
Os cientistas observaram que a luz fraca entra nas pálpebras mesmo quando se dorme de olhos fechados. Uma pequena quantidade de luz cria um déficit no estágio de movimento rápido dos olhos (REM) — a fase do sono em que ocorre a renovação celular. Os especialistas recomendam posicionar a cama longe de janelas ou usar persianas que bloqueiem a luz.
Durante o dia, a exposição à luz é importante para a saúde. “À noite, entretanto, mesmo intensidades mínimas podem afetar as saúdes cardíaca e endócrina”, aponta Ivy Mason, coautor do estudo, que era aluno de pós-doutorado na Northwestern e agora é pesquisador da Escola de Medicina da Universidade de Harvard, em Massachusetts, nos EUA.
Qualquer luz pode ser prejudicial, mesmo a vinda da televisão ou das telas do computador e do celular. É recomendável, então, não carregar o notebook ou o smartphone no quarto, já que a luz emitida por eles pode atrapalhar o sono ao provocar alterações na liberação de melatonina. Na pior das hipóteses, vale usar uma máscara de dormir para proteger os olhos.
Efeito em idosos
Outro estudo, publicado na revista da Sleep Research Society, aponta como dormir exposto à luz afeta idosos. Os participantes da pesquisa usaram um dispositivo vestível para avaliar ciclos de sono, movimento médio e exposição à luz. A conclusão foi de que aqueles expostos a um nível maior de luz ficaram mais propensos a ter diabetes, obesidade ou hipertensão.
Os especialistas indicam, entretanto, que luzes noturnas sejam posicionadas próximas do chão para o caso de eles precisarem se levantar à noite. O ideal é dar preferência à cor vermelha, já que esse espectro de luz tem comprimento de onda mais longo e é menos perturbador do que as luzes com comprimentos de onda mais curtos, como a azul.