Vencedora de nove Grand Slams, a ex-tenista sérvia Monica Seles convive há pelo menos três anos com os sintomas da miastenia grave, doença autoimune crônica que causa fraqueza muscular. Hoje com 51 anos, ela foi diagnosticada em 2023, após perceber falhas no próprio corpo dando aulas e jogando tênis por lazer.
“Eu estava brincando com algumas crianças ou familiares e perdia uma bola. Eu pensava: 'É, estou vendo duas bolas’. Esses são sintomas óbvios que não dá para ignorar”, disse Seles, em entrevista à agência de notícias Associated Press.
“Para mim, foi aí que essa jornada começou. Levei um bom tempo para realmente absorver e falar abertamente sobre isso, porque é uma questão difícil. Afeta bastante o meu dia a dia”, acrescentou.
Carreira de Monica Seles
A lenda sérvia só não ergueu o troféu de Wimbledon. Seu primeiro Major veio ainda aos 16 anos, na edição de 1990 de Roland Garros, torneio que ganhou mais duas vezes (1991 e 1992). Também conquistou quatro títulos do Aberto da Austrália (1991, 1992, 1993 e 1996) e dois do US Open (1991 e 1992).
Seles é lembrada também por um episódio chocante. Em 1993, aos 19 anos, durante um torneio em Hamburgo, na Alemanha, a jogadora recebeu uma facada na costas de um homem que invadiu a quadra e sofreu um corte de 1,5 cm de profundidade entre os ombros. Mais tarde, a polícia descobriu que o criminoso era obcecado por Steffi Graf, grande rival da sérvia na época.
Aposentada desde 2008, Seles manteve o tênis por perto e continuou jogando por diversão. Ela nunca havia ouvido falar na doença, que é mais comum em mulheres adultas abaixo de 40 anos e homens acima de 60, embora ocorram em qualquer idade, de acordo com o Instituto Americano Distúrbios Neurológicos e Derrame.
Depois de notar sintomas como visão dupla e fraqueza nos braços e as pernas, a ex-atleta foi encaminhada a um neurologista e foi diagnosticada. Até secar o cabelo havia se tornado um ato de muito esforço.
“Quando recebi o diagnóstico, pensei: ‘O quê?! Então é aqui que - não posso enfatizar o suficiente’ - eu decido que gostaria que alguém como eu falasse sobre isso”, relembrou.
Agora, ela tenta levar informações sobre sua condição às pessoas. Nessa terça-feira (12), a ex-tenista anunciou uma parceria com a empresa de imunologia Argenx para aumentar a conscientização e a compreensão sobre miastenia grave e conectar as pessoas afetadas às ferramentas e recursos de apoio disponíveis.
“Tive de recomeçar quando vim para os EUA com 13 anos (da Iugoslávia). Não falava o idioma; deixei minha família. É um momento muito difícil. Então, obviamente, me tornar uma grande jogadora também foi um recomeço, porque a fama, o dinheiro, a atenção mudam tudo, e é difícil para uma jovem de 16 anos lidar com tudo isso. Depois, obviamente, meu esfaqueamento - tive de fazer um grande recomeço”, disse.
“Então, realmente, ser diagnosticada com miastenia gravis: outro recomeço. Mas uma coisa, como digo às crianças que ensino: ‘Vocês precisam sempre se adaptar. Essa bola está quicando, e vocês simplesmente precisam se adaptar. E é isso que estou fazendo agora’”, destacou.
*Com agência