Morreu, nesta quinta-feira (5), a maratonista olímpica Rebecca Cheptegei, da Uganda. Apenas alguns dias após competir na Olimpíada de Paris 2024, a atleta, de 33 anos, teve 80% do seu corpo queimado pelo ex-namorado. Ela lutava pela vida desde domingo (1º) em um hospital em Eldoret, no Quênia, onde morava e treinava.
O falecimento de Cheptegei foi anunciado pela Federação Ugandense de Atletismo, no X.
“Estamos profundamente tristes em anunciar o falecimento de nossa atleta, Rebecca Cheptegei, no início desta manhã. Ela foi tragicamente vítima de violência doméstica. Como federação, condenamos tais atos e pedimos justiça. Que sua alma descanse em paz”, disse a postagem.
Nos Jogos Olímpicos de Paris, Cheptegei terminou a maratona na 44ª posição.
Homenagens
O Comitê Olímpico do Quênia prestou suas condolências à maratonista pelas redes sociais.
“Em nome do Time Quênia estendemos nossas mais profundas condolências à comunidade esportiva de Uganda, à família e aos amigos de Rebecca Cheptegei. O talento e a perseverança de Rebecca como recordista da Maratona Feminina de Uganda e atleta olímpica de Paris 2024 serão sempre lembrados e celebrados. Sua morte prematura e trágica é uma perda profunda. Nossos pensamentos e orações estão com vocês durante este momento difícil, enquanto honramos seu legado e defendemos o fim da violência de gênero. Que sua alma descanse em paz”, disse o comunicado.
Autoridades do país de origem da atleta também se pronunciaram.
“Acabei de receber notícias perturbadoras sobre a trágica morte da atleta ugandense Rebecca Cheptegei esta manhã no Quênia. As autoridades quenianas estão investigando as circunstâncias em que ela morreu e um relatório e programa mais detalhados serão fornecidos no devido tempo. O corredor de longa distância nos representou nas Olimpíadas de Paris 2024, recentemente concluídas. Envio minhas mais profundas condolências à família, parentes, fraternidade esportiva e ugandenses em geral”, escreveu Peter Ogwang, ministro do esporte da Uganda.
“A notícia da trágica morte de nossa filha, Rebecca Cheptegei, devido à violência doméstica, é profundamente perturbadora. Minhas sinceras condolências à comunidade do atletismo, sua família, amigos e toda a nação pela perda de nossa atleta olímpica. Que sua família encontre forças para lidar com esta perda e que sua alma descanse em paz eterna”, disse a primeira dama ugandense.
“Nosso esporte perdeu uma atleta talentosa nas circunstâncias mais trágicas e impensáveis. Rebecca era uma corredora incrivelmente versátil que ainda tinha muito a oferecer nas estradas, montanhas e trilhas de cross country. Tenho mantido contato com nossos membros do Conselho na África para ver como podemos ajudar a avaliar como nossas políticas de proteção podem ser aprimoradas para incluir abusos fora do esporte e reunir partes interessadas de todas as áreas do atletismo para unir forças para proteger nossas atletas femininas da melhor maneira possível contra abusos de todos os tipos”, disse o presidente da Federação Internacional de Atletismo, Sebastian Coe.
O ataque
A polícia queniana informou que Rebecca foi vítima de violência doméstica. No domingo (1º), seu ex-namorado, Dickson Ndiema Marangach, ateou fogo na companheira após jogar gasolina em todo o seu corpo.
O ataque foi feito na casa de Cheptegei, em frente aos filhos da atleta, de 9 e 11 anos. A motivação teria sido uma discussão entre o casal. Ndiema Marangach também teve parte do corpo queimado e está internado no Moi Teaching and Referral Hospital, mesmo hospital onde Rebecca estava.
Na noite de quarta-feira (4), o Hospital Moi informou que a maratonista olímpica estava em falência total de órgãos. Segundo eles, a chance de recuperação era mínima.