Um dos maiores atletas da história do esporte olímpico brasileiro, Isaquias Queiroz foi mais um grande personagem a lamentar a morte de Walewska, confirmada nessa quinta-feira (21). Em entrevista exclusiva concedida à Itatiaia nesta sexta-feira (22), o canoísta também revelou ter passado por dificuldades relacionadas à saúde mental.
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Natural da Bahia, o dono de quatro medalhas em Jogos Olímpicos admitiu que “não aguentava mais” a rotina de treino em Lagoa Santa, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, e ficar longe de casa. Justamente por isso, ele vai fazer a preparação para Paris 2024 em estrutura construída em Ilhéus, mais próximo de amigos e familiares.
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“O esporte é uma área muito complicada. Eu mesmo estava em Lagoa Santa há quase 10 anos e não fiz nenhuma amizade aqui. É treinamento atrás de treinamento. Vou para casa e durmo. Aqui eu tinha minha esposa e meu filho, mas é diferente de onde eu tinha meus amigos e meus familiares. O esporte exige muito de você. Eu passei por um tempo que não estava aguentando mais ficar longe da minha família e da minhas origens”, disse.
Além da rotina maçante de treinamentos, a pressão por resultados também influencia na saúde mental de atletas, de acordo com o testemunho de Isaquias Queiroz. O campeão olímpico nos Jogos de Tóquio revelou ter disputado uma etapa de Copa do Mundo com Covid, dores no corpo e dificuldade para dormir.
“Essa questão do psicológico pega muito para a gente. A gente não pode perder. O brasileiro gosta de ver o país em primeiro lugar. Não gosta do segundo ou terceiro. Eu competi uma Copa do Mundo com Covid. Não sabia que era Covid, mas estava todo doído, não conseguia nem dormir. Competi e ganhei medalha. A gente não se importa com doença ou dor no corpo. Temos grandes apoiadores. Não podemos decepcionar. Espero que a gente possa evoluir essa questão no esporte”, declarou.
Homenagem a Walewska
Apesar de não ter conhecido a ex-central pessoalmente, Isaquias Queiroz destacou a importância de Walewska para o esporte brasileiro. A jogadora nascida em Belo Horizonte foi referência da geração que ganhou a primeira medalha de ouro do vôlei feminino em Jogos Olímpicos.
Somos reconhecidos lá fora no futebol, vôlei, atletismo, canoagem, graças a esses heróis brasileiros.
“Eu assisti a alguns jogos dela. As Seleções Brasileiras de Vôlei, tanto feminina quanto masculina, os atletas inspiraram muito a gente. A gente fica muito triste com uma notícia dessas. Com certeza ela se dedicou muito ao esporte. A gente fica muito chateado. Espero que a família possa superar esse momento. Foi uma grande heroína”, disse o canoísta.
Neste momento, Isaquias Queiroz disputa o Campeonato Brasileiro de Canoagem justamente em Lagoa Santa, cidade em que viveu por quase dez anos. Ainda em busca da melhor forma, ele venceu todas as provas já disputadas.
Morte de Walewska
Walewska Oliveira, ex-jogadora da Seleção Brasileira de Vôlei, do Minas e do Praia Clube, morreu nessa quinta-feira (21), aos 43 anos. Ela caiu do 17º andar do prédio onde vivia, em São Paulo. A atleta encerrou a carreira no ano passado e havia acabado de lançar sua biografia e um podcast.
A Polícia Civil de São Paulo ainda investiga as causas da morte, mas não descarta as hipóteses de homicídio e de suicídio.
Walewska defendeu a Seleção Brasileira durante boa parte da carreira. A primeira convocação foi em 1999, com Bernardinho. No mesmo ano, ela conquistou o título dos Jogos Pan-Americanos de Winnipeg, no Canadá.
O auge da carreira de Walewska foi o título dos Jogos Olímpicos de 2008, em Pequim, na China. Ela também ganhou a medalha de bronze nos jogos de 2000, em Atenas, na Grécia.
Ela também conquistou três vezes o título do Grand Prix de Vôlei: 2004, 2006 e 2008. Na última conquista, foi eleita a melhor bloqueadora do torneio.
