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A lesão ocorreu durante a partida contra o Mirassol, realizada no sábado (4), na Neo Química Arena.
De acordo com a Dra. Vandressa Lindemann, fisioterapeuta e especialista pela Sociedade Nacional de Fisioterapia Esportiva e da Atividade Física (Sonafe Brasil), o tempo de recuperação para esse tipo de lesão pode variar dependendo do tipo de cirurgia e da evolução da cicatrização. Veja abaixo a entrevista exclusiva concedida à Itatiaia.
Qual é a causa dessa lesão?
“A lesão do menisco geralmente acontece por movimentos que sobrecarregam ou provocam uma torção no joelho. O menisco é uma cartilagem em formato de C que funciona como amortecedor entre o fêmur e a tíbia, e pode romper ou sofrer desgaste por diferentes motivos.
Um dos principais é o movimento brusco ou a torção do joelho, algo comum no futebol por causa das acelerações, desacelerações e saltos. Se o atleta não amortece bem a queda, por exemplo, devido à fraqueza dos músculos glúteos, posteriores de coxa, perna e pé, ou por limitações de mobilidade no quadril ou tornozelo, ele pode acabar forçando o joelho e rompendo o menisco. Isso não ocorre apenas no futebol, mas também em esportes como basquete e tênis, especialmente quando o pé fica preso no chão e o corpo gira sobre ele.”
Além disso, a lesão pode acontecer por um trauma direto, como quedas e acidentes, por esforço repetitivo ou até mesmo por processos degenerativos relacionados ao envelhecimento. Em alguns casos, o acúmulo de lesões no joelho ao longo da carreira do atleta também contribui para o desgaste do menisco.”
Como funciona o processo cirúrgico para a lesão no menisco?
“A artroscopia do joelho é uma cirurgia minimamente invasiva, realizada com pequenas incisões por onde entram a câmera e os instrumentos. Ela permite tanto diagnosticar quanto tratar lesões meniscais e outras estruturas do joelho que eventualmente se lesionam junto.
Existem quatro tipos principais de procedimentos que podem ser feitos na artroscopia. A meniscectomia parcial retira apenas a parte danificada do menisco e é a mais comum. A meniscectomia total remove todo o menisco, mas é evitada na maioria dos casos devido ao maior risco de artrose. A sutura do menisco consiste em costurar a lesão para preservar a cartilagem, sendo indicada em casos selecionados, principalmente em pacientes jovens e quando a região lesionada tem boa vascularização. Por fim, o debridamento consiste em limpar fragmentos soltos ou regular as bordas do menisco.”
Quais são os passos pós-cirurgia?
“Os próximos passos após a cirurgia dependem do procedimento realizado. Na meniscectomia parcial, a recuperação costuma ser mais rápida: o paciente consegue apoiar o pé em poucos dias e inicia a fisioterapia para reduzir inflamação, dor e recuperar amplitude de movimento e força, preparando-se para voltar à atividade esportiva.
Já quando é realizada a sutura, a recuperação é mais lenta, pois o menisco precisa cicatrizar. Nesses casos, o uso de muletas é necessário por algumas semanas, há restrições de movimentos como agachamentos e flexões profundas, e a fisioterapia é fundamental para controlar a dor, reduzir inflamação, acelerar a cicatrização e restaurar força e mobilidade gradualmente.”
Qual o tempo de recuperação estimado?
“O tempo de retorno ao esporte depende muito do tipo de procedimento realizado no menisco durante a artroscopia e do estado da lesão do atleta.
Na meniscectomia parcial, em que apenas uma parte do menisco é removida, os jogadores costumam voltar entre quatro e oito semanas, às vezes até antes, se tudo correr bem. O risco, porém, é que a longo prazo possa aumentar a chance de desgaste da cartilagem e da articulação. No caso da sutura do menisco, em que a lesão é costurada para preservar a cartilagem, a recuperação é mais lenta, e o retorno geralmente ocorre entre quatro e seis meses, podendo se estender até nove em alguns casos. Esse cuidado preserva melhor a saúde do joelho a longo prazo.
Já na meniscectomia total, que é pouco realizada hoje, o retorno pode ser rápido, parecido com o da parcial, mas aumenta significativamente o risco de artrose precoce. Por isso, em atletas de alto rendimento, os médicos preferem sempre que possível preservar o menisco com sutura, mesmo que o retorno seja mais lento, já que ele é fundamental para a carreira do jogador.
Um ponto importante: em casos de lesões degenerativas do menisco, estudos atuais mostram que a cirurgia nem sempre é indicada. Nesses casos, a fisioterapia e o reforço muscular são muito mais recomendados, sendo que procedimentos cirúrgicos, que antes eram comuns, hoje já não são tão utilizados.”
