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STJD suspende Bruno Henrique, do Flamengo, em caso de manipulação de apostas

Em sessão de mais de 7h, 1ª Comissão Disciplinar do Superior Tribunal de Justiça Desportiva define punição ao atacante por “atuar de forma contrária à ética desportiva”

Bruno Henrique, atacante do Flamengo, se pronuncia durante julgamento no Superior Tribunal de Justiça Desportiva

Bruno Henrique, atacante do Flamengo, foi suspenso por 12 jogos pela 1ª Comissão Disciplinar do Superior Tribunal de Justiça Desportiva, nesta quinta (4) no Rio de Janeiro. O caso é referente à atuação do jogador na partida contra o Santos, pelo Campeonato Brasileiro de 2023, no qual teria forçado o recebido de um cartão amarelo para beneficiar apostadores segundo a Polícia Federal.

O Tribunal ainda decidiu pela aplicação de uma multa de R$ 60 mil ao atleta. O Flamengo e a defesa de Bruno Henrique irão recorrer da decisão ao Pleno do STJD.

A defesa do atleta foi feita pelos advogados Alexandre Vitorino e Michel Asseff Filho. Ambos pediram absolvição do camisa 27.

Bruno Henrique não esteve presente no Tribunal, fez uma breve fala e acompanhou a sessão virtualmente. Confira o pronunciamento do atleta abaixo.

As 12 partidas de suspensão devem ser cumpridas no Campeonato Brasileiro. O Flamengo lidera a Série A faltando 17 rodadas a serem disputadas pela equipe carioca.

As punições a Bruno Henrique

Bruno Henrique foi denunciado pela Procuradoria do STJD em vários artigos do CBJD (Código Brasileiro de Justiça Desportiva): art. 243, §1º; art. 243-A, parágrafo único; art. 184 e art. 191, III. Além do artigo 65, II, III e V, do regulamento geral de competições da CBF de 2023.

Os cinco membros da 1ª Comissão Disciplinar absolveram Bruno Henrique do art. 243. Quatro concordaram na suspensão de 12 partidas e multa de R$ 60 mil pelo art. 243-A.

Apenas Guilherme Martorelli, vice-presidente da 1ª CD, votou pela absolvição do atacante nos dois artigos.

A Primeira Comissão Disciplinar aplicou as seguintes penas em Bruno Henrique, do Flamengo:

  • Artigo 243: absolvido
  • Artigo 243-A: 12 partidas de suspensão e multa de R$ 60 mil

As penas máximas poderiam alcançar suspensão de 360 a 720 dias; suspensão de 12 a 24 partidas e três multas de R$ 100 a R$ 100 mil.

A sessão do julgamento e a defesa de Bruno Henrique

A sessão teve início com a leitura da denúncia da Procuradoria e relatório da investigação na esfera criminal pelo auditor relator Alcino Guedes, como a leitura da transcrição das mensagens trocadas por Bruno Henrique e Wander foram lidas.

Após este primeiro momento, as defesas de Bruno Henrique, Claudinei Vitor e Douglas Ribeiros, amigos de Wander, irmão de Bruno Henrique. argumentaram pela prescrição do processo.

“O Flamengo reitera seu posicionamento de cumprimento às regras, de reprovação total a qualquer ato de manipulação de resultados. É exatamente por isso que o Flamengo está aqui. Demonstrar apoio ao seu atleta. E fazer com que, no final desse processo, façamos justiça. Até hoje, talvez nunca em caso como esse, de manipulação de resultados, um clube tenha dado as mãos ao seu atleta. O Flamengo está aqui para isso”, iniciou Michel Asseff Filho, antes de argumentar pela prescrição do processo.

Alcino Guedes, relator auditor, defendeu que a Procuradoria utilizou 58 dos 60 dias de prazo para apresentar a denúncia após o recebimento das informações da Polícia Federal. William Figueiredo e Carolina Teixeira Ramo acompanharam este voto.

Marcelo da Rocha Ribeiro Dantas e Guilherme Martorelli, presidente e vice-presidente da 1º CD, respectivamente, acolheram a prescrição. Com o placar de 3 a 2 contrário à prescrição, o Tribunal passou a analisar o mérito do processo.

Como testemunhas da Procuradoria, Daniel Cola, delegado de Polícia Federal e responsável pelas operações “Jogo Limpo” e “Sport-Fixing”, e Pedro Lacaz, representante da KTO, foram ouvidos.

O pronunciamento do atacante

Presente de maneira virtual à sessão, Bruno Henrique fez um breve pronunciamento ao Tribunal. O atacante não depôs.

“Boa tarde, presidente. Boa tarde a todos. Gostaria de reafirmar minha inocência e dizer que confio na Justiça Desportiva. Jamais cometi as infrações que estou sendo acusado. Meus advogados estão aí e vão falar por mim durante a defesa do processo. Faço questão de mostrar meu respeito e minha total confiança no Tribunal e desejo um excelente julgamento a todos. Que tudo transcorra de forma leve e justa. Uma boa tarde a todos”, afirmou Bruno Henrique.

Flamengo alega que não teve prejuízo esportivo

Em determinado momento da sessão, o advogado Michel Asseff Filho solicitou a leitura do posicionamento do Flamengo, o qual foi enviado ao STJD. Nele, o clube informa que “não teve prejuízo esportivo em decorrência do cartão” recebido por Bruno Henrique.

A tese ainda foi defendida na sustentação final de Michel Asseff Filho, que, assim como Alexandre Vitorino, pediu absolvição do atleta de todas denúncias. Veja mais detalhes aqui.

Confira, na íntegra, o posicionamento do Flamengo ao STJD:

“Prezados auditores do Superior Tribunal de Justiça Desportiva, o Clube de Regatas do Flamengo, por meio de seus representantes legais, em atenção aos fatos ocorridos na partida disputada entre Flamengo e Santos, válida pela 31ª rodada do Campeonato Brasileiro de 2023, ocorrida no dia 1º de novembro de 2023, vem respeitosamente, ciente de que a presente declaração servirá como prova nos autos do presente processo, informar e declarar que não teve prejuízo esportivo em decorrência do cartão amarelo recebido pelo atleta Bruno Henrique nos momentos finais da mencionada partida.

Isso porque, dentro do planejamento estabelecido pelo clube para a temporada de 2023, o melhor interesse esportivo do Clube de Regatas do Flamengo não foi afetado ou prejudicado na hipótese de o atleta receber, como de fato recebeu, o terceiro cartão amarelo naquela ocasião. Muito ao contrário, o mencionado cartão amarelo, terceiro cartão amarelo, não aconteceu esportivamente de forma inesperada considerando o calendário dos torneios em disputa à época.

Ademais, é relevante destacar que o atleta Bruno Henrique é um ídolo histórico do Clube de Regatas do Flamengo e sempre cumpriu suas obrigações profissionais de modo irretocável. Por fim, o Flamengo reitera seu compromisso com fairplay no futebol, repudiando toda e qualquer forma de manipulação de resultados, adverte que anualmente faz apresentações sobre regras vigentes no Brasil, inclusive sobre mercados de apostas, e se coloca à disposição do STJD do futebol para prestar eventuais esclarecimentos adicionais acerca dos referidos fatos.”

Leia também

Réu na Justiça Comum

A mesma investigação tornou Bruno Henrique réu na Justiça Comum. O processo corre no Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJ-DFT), na 7ª Vara Criminal de Brasília.

A investigação da PF e a denúncia contra Bruno Henrique

A denúncia contra Bruno Henrique é resultado das informações coletadas no inquérito 107/2025, que investigou o atacante do Flamengo por forçar um cartão amarelo e beneficiar apostadores em partida do Campeonato Brasileiro de 2023.

Segundo investigação da Polícia Federal, o jogador teria forçado um cartão amarelo de forma deliberada durante a partida entre Flamengo e Santos, disputada em novembro de 2023, no Mané Garrincha, válida pelo Campeonato Brasileiro. A conduta teve como objetivo beneficiar apostadores, entre eles seu irmão, Wander Pinto Junior, e sua cunhada, Ludymilla Araújo Lima.

Na época, havia apenas indícios de correlação entre a anormalidade detectada no mercado das bets e o cartão amarelo aplicado ao jogador, sem que houvesse elementos que demonstrassem a relação de causalidade entre o evento desportivo e a ação ilícita de jurisdicionados.

O cenário mudou completamente após a conclusão das investigações pela Polícia Federal e o compartilhamento das provas com a Justiça Desportiva.

A investigação constatou que Bruno Henrique forçou o cartão amarelo, uma vez que tal conduta havia sido previamente comunicada a seu irmão, Wander Nunes Pinto Junior, por meio de mensagens trocadas em um aplicativo de mensagens.

Segundo a autoridade policial, Bruno Henrique teria deliberadamente atuado para fraudar o jogo ao repassar informação privilegiada ao seu irmão Wander.

De posse da informação, Wander realizou apostas na véspera da partida utilizando sua conta e da sua esposa. Além disso, o irmão de Bruno Henrique repassou a informação a amigos com o intuito de também realizassem apostas, visando obterem vantagem indevida em detrimento dos interesses das operadoras de apostas.

Jornalista e correspondente da Itatiaia no Rio de Janeiro. Apaixonado por esportes, pela arquibancada e contra torcida única.