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Bap ironiza ‘chance’ do Flamengo jogar sozinho: ‘Ia sobrar pouco para os outros’

Em reunião do Conselho Deliberativo, dirigente fez críticas ao bloco, mas avisou que não pensa em deixar a Liga

Luiz Eduardo Baptista, presidente do Flamengo, em reunião do Conselho Deliberativo na Gávea

Após a reunião do Conselho Deliberativo nesta terça (7), onde confirmou que o Flamengo não tem a intenção de romper com a Libra, o presidente Luiz Eduardo Baptista, o Bap, respondeu sobre o conflito com os demais clubes do grupo e os próximos passos da disputa judicial.

Em entrevista ao canal oficial do clube carioca, Bap ainda fez uma provocação a quem diz que o “Flamengo quer jogar sozinho”. Veja as declarações do presidente abaixo.

Leia as respostas de Luiz Eduardo Baptista, presidente do Flamengo, a Flamengo TV:

Próximos passos para buscar um acordo na Libra
“Tentamos, ao longo dos nove meses, um acordo dentro da Libra. Não foi possível até agora. Espero, num gesto de bom senso, que os outros clubes reflitam, vejam a relevância do Flamengo. Nós queremos continuar juntos. A gente tem que sempre pensar na vida. A gente vai olhar para trás ou para frente? Eu sou otimista, o Flamengo quer olhar para frente. Depende dos outros clubes.”

Quais são as possibilidades a partir de agora
“Você pode ter um um processo arbitral, que pode ter um tempo indeterminado. Não sabemos quanto tempo pode levar ou você pode chegar a um acordo mais rapidamente e deixar isso para trás. E começar a construir o que todo mundo quer, que é uma liga sólida, com a participação de todo mundo e do Flamengo, eu acredito.”

O Flamengo busca um consenso?
“Buscamos isso durante 10 meses até agora, não foi possível e não foi por causa do Flamengo.”

O Flamengo vai jogar sozinho?
"É claro que o Flamengo não vai jogar sozinho. Isso são guerras de narrativas completamente tolas. Até porque se o Flamengo fosse jogar sozinho, o dinheiro que ia sobrar para os outros seria muito pouco. O Flamengo jogando sozinho, seria um desgosto profundo para outras 19 torcidas.”

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A posição do Flamengo

O Conselho Deliberativo do Flamengo se reuniu nesta terça-feira (7) para ouvir explicações da diretoria sobre o impasse com a Libra. O clube afirmou ser o único prejudicado financeiramente pelo acordo, mas garantiu que continuará no bloco até o fim do contrato, em 2029.

Marcelo Campos Pinto representou o Flamengo na apresentação, com intervenções pontuais do presidente Luiz Eduardo Baptista, o Bap. O dirigente enfatizou que não há a possibilidade de rompimento com a Liga.

“Zero chance. Vamos conviver com esse contrato até 31 de dezembro de 2029 e eles vão conviver com o Flamengo também até essa data”, disse o presidente.

A Libra é formada por clubes como Atlético, Palmeiras, São Paulo, Santos, Grêmio e outros, e tem como objetivo negociar coletivamente os direitos de TV do Brasileirão.

Conflito entre clubes da Libra e Flamengo

O conflito ganhou força após o Flamengo obter, no Tribunal de Justiça Desportiva do RJ, uma liminar que bloqueia o pagamento de R$ 77 milhões referentes ao pay-per-view, alegando prejuízo na divisão das receitas. A decisão foi negada em primeira instância, mas aprovada em segunda.

Clubes como Palmeiras, São Paulo, Santos, Grêmio, Bahia e Atlético criticaram a ação do Flamengo em notas oficiais. A Libra acusou o clube de desinformar e não buscar diálogo.

Por sua vez, o Flamengo rebateu e afirmou que há omissão no estatuto e que tenta discutir os critérios de divisão de receitas, o que foi tema de assembleias em maio e agosto.

Veja a nota completa da Libra ao Flamengo

“Observamos com surpresa a postura do Clube de Regatas do Flamengo de, por um lado, requerer segredo de justiça em uma ação judicial e, por outro, divulgar à imprensa informações selecionadas e distorcidas, induzindo até mesmo parte da imprensa especializada a erro e disseminando desinformação.

Diante dessa postura, a LiBRA, em seu compromisso com a transparência, com o diálogo e com o fortalecimento do futebol brasileiro, apresenta alguns esclarecimentos fundamentais entre o que é verdadeiro e o que é falso dentro das declarações feitas pelo clube.

1. É falso afirmar que o Flamengo deseja o diálogo. Quem interrompeu o diálogo foi o Flamengo, com medida liminar sem urgência, obstruindo o fluxo de caixa dos demais clubes da Libra, com o objetivo de pressioná-los economicamente, e sem que estes

sequer tenham sido ouvidos no processo. Ato que contradiz o espírito associativo e é o exato oposto do diálogo. A LiBRA representa a vontade coletiva de seus membros em construir uma futura liga robusta e sustentável para o futebol brasileiro na busca por soluções que beneficiem a todos e não só ao Flamengo.

2. É falso que o Estatuto da LiBRA seja omisso sobre os critérios de distribuição de receitas de audiência. A regra de distribuição da receita negociada coletivamente pela LiBRA está descrita no Estatuto. Foi aprovada em Assembleia Geral. Por unanimidade. Inclusive pelo próprio Flamengo. E sem ressalvas. Portanto, também é falso que o Clube não tenha concordado com a forma de determinação de audiência descrita no Estatuto da LiBRA.

3. Cadastro não é audiência, e é falso que o Flamengo queira respeitar a decisão dos demais clubes. Insatisfeito com o critério de audiência previsto no Estatuto da LiBRA, o Flamengo propôs que a métrica fosse alterada pelo número de cadastro de torcedores. Cadastro não é audiência, e não se enquadra e nem é mencionado no critério previsto no Estatuto. A proposta de alteração do cálculo de audiência para cadastro que o Flamengo defende pública e judicialmente foi levada à votação em

Assembleia Geral da LiBRA e foi rejeitada pelos demais oito clubes da Série A integrantes da LiBRA. Considerando que foi apenas o próprio Flamengo quem votou favoravelmente e buscou via judicial para reverter a decisão colegiada, é falso que o clube não busca uma “virada de mesa” por meio da justiça.

4. É falso afirmar que o Estatuto da LiBRA assegura um “valor mínimo garantido” em benefício do Flamengo. Qualquer mínimo garantido só seria aplicável em benefício de todos os Clubes caso a Libra viesse a se tornar a realizadora do Campeonato. Supomos que o Flamengo saiba que o Campeonato Brasileiro Série A seja organizado pela CBF e que, portanto, tal “garantia” não se aplica no atual contexto.

5. É falso que o Flamengo tenha votado contra a mudança das regras. Ocorreu exatamente o contrário. O Flamengo foi o único Clube que propôs a alteração do Estatuto para substituir o critério de audiência para o critério de cadastro. Uma proposta que foi avaliada e rejeitada por todos os demais Clubes de Série A votantes.

6. É falsa a alegação do Flamengo de que precisaria fazer uso de uma liminar para evitar prejuízos. O contrato atual tem vigência de cinco anos e comporta mais de R$ 6 bilhões em benefício de todos os seus Clubes. Montante suficiente e tempo hábil para que qualquer eventual recomposição pudesse vir a ser realizada em caso de uma votação unânime por alteração em qualquer uma das regras de distribuição de receita.

É impossível que o Flamengo sofresse um prejuízo. Vale lembrar que, se o Flamengo realmente tem interesse em dialogar por um acordo, ou tem a convicção de que está certo, o próprio Clube não faria uso de um expediente liminar desnecessário, e discutiria se está certo no mérito em Mediação ou Arbitragem.

Por que estamos tendo que esclarecer todas essas dúvidas por meio de comunicados à imprensa e não em ambiente técnico e dentro da própria Libra? Por que o Flamengo preferiu esse caminho ao invés de manter a discussão internamente?

O Flamengo demonstra que há outros objetivos em seus movimentos. Questionar os fatos e distorcê-los para conseguir apoio midiático com base na desinformação é querer viver uma realidade paralela, de imposição econômica, sem qualquer fundamento coletivo. Uma visão antiquada e solitária.

Blocos de comercialização coletiva, como a Libra e como a LFU, ou uma Liga, quandoformada, representarão tudo aquilo que o Flamengo aparenta contrapor nessemomento: a coletividade na negociação de direitos, ampliação de valor e receita,desenvolvimento de qualidade de produto e internacionalização.

Juntos os clubes não valem mais, valem muito mais. Separados os clubes não apenas valem menos, eles destroem também o valor em toda a cadeia de negócios que cerca e faz parte do futebol.

Em vez de trabalharmos pelo futuro do futebol brasileiro, estamos aqui presos a uma discussão antiga e repetitiva sobre quem ganha mais – e sobre quem quer ganhar ainda mais –, enquanto os assuntos importantes restam à margem do debate.

A LiBRA tem um respeito absoluto pela instituição Flamengo, pela sua história emblemática, por suas muitas conquistas e, principalmente, por sua torcida – essa, que merece o futebol brasileiro que Flamengo se nega a construir. No entanto tem também o mesmo respeito por todos os seus demais membros, todos os clubes do futebol do Brasil e todos os seus milhões de torcedores apaixonados.

O futebol brasileiro não tem um dono.

Tem milhões.

Tem 212 milhões de donos”, diz a nota.

Jornalista e correspondente da Itatiaia no Rio de Janeiro. Apaixonado por esportes, pela arquibancada e contra torcida única.