Fortaleza x Atlético: por que VAR chamou árbitro em lance que Dudu levou cartão amarelo

Áudio da CBF mostra diálogo completo que levou à revisão e à retirada do cartão do atacante atleticano

Lance polêmico envolvendo Dudu aconteceu ainda no primeiro tempo, quando o jogo estava 0 a 0

O Fortaleza venceu o Atlético por 1 a 0 nesse domingo (30), no Castelão, em jogo atrasado da 35ª rodada do Brasileirão. Contudo, uma jogada em específico causou confusão dentro de campo e discussão com a arbitragem. O lance envolvendo o atacante alvinegro Dudu, aos 23 minutos do primeiro tempo, gerou dúvida no gramado e revisão no VAR.

O camisa 92 foi derrubado dentro da área, recebeu cartão amarelo por simulação e, após checagem, teve a advertência retirada. O áudio divulgado pela CBF nesta segunda-feira (1º) revelou como foi a comunicação entre o árbitro Davi de Oliveira Lacerda e o VAR Héber Roberto Lopes até a decisão final.

Entenda o lance e a marcação inicial

Ao cair na área após dividida, Dudu foi punido imediatamente. No entendimento de campo, o árbitro viu intenção do atacante de provocar o contato.

Durante a jogada, Davi de Oliveira Lacerda afirmou: “Não, simulação. Ele deixa de jogar e dobra a perna, ele provoca o contato. Eu entendo como simulação.”

Jogadores do Atlético reclamaram, e Hulk argumentou que a dinâmica do lance era natural para atacantes em disputa na área. “O atacante dentro da área tem que buscar o contato, isso é natural”, disse o camisa 7.

Por que o VAR chamou o árbitro

A equipe de vídeo identificou dois pontos para revisão: um possível pênalti e uma possível posição de impedimento antes da queda.

O VAR comunicou: “Tem um possível impedimento. Eu não vejo um contato faltoso, ele enrosca a perna no chão. Davi, eu vou te convidar para um possível penal, porém tem um impedimento antes.”

O árbitro foi informado de que avaliaria a jogada mesmo com impedimento já identificado, porque isso impactaria diretamente a manutenção ou retirada do cartão amarelo.

O que o árbitro avaliou na cabine

Antes de se dirigir ao monitor, Lacerda conversou com Junior Alonso, capitão do Atlético. “Eu vou olhar, mas tem um impedimento antes. Se eu entender que houve o contato para penal, eu vou tirar o cartão dele”, afirmou.

O diálogo foi repetido com os técnicos Jorge Sampaoli e Martín Palermo, que também foram avisados da possibilidade de reversão da advertência.

No monitor, o VAR reforçou que o impedimento era claro e já estava marcado Após observar o lance, o árbitro concluiu que não houve simulação. “Ele toca o branco (Dudu) e arrasta. Eu vou dar o tiro livre indireto e voltar sem o cartão amarelo, vou tirar o cartão”, ponderou.

Como havia impedimento na origem da jogada, o pênalti não poderia ser marcado. Ao mesmo tempo, a revisão descartou a simulação apontada inicialmente, o que levou à retirada do cartão de Dudu. A partida terminou com vitória do Fortaleza por 1 a 0, gol de Pochettino, resultado que manteve o Atlético sob risco de rebaixamento e deixou o Leão a um ponto de sair da zona da degola.

Regulamento do VAR

Leia a seguir o trecho retirado do Manual de Árbitros Assistentes de Vídeo da CBF, que explica em quais situações o árbitro de campo pode ser acionado pelo VAR:

Os árbitros tomam centenas de decisões em cada partida de futebol, inclusive decidindo que não ocorreu qualquer infração. Seria impossível, sem alterar o futebol completamente, revisar cada decisão.

Com base no trabalho inicial e nas recomendações do KNVB e também do feedback recebido de “stakeholders” e dos Painéis Consultivos da IFAB, o AGM da IFAB aprovou três categorias principais de decisões que “mudam o jogo”, assim como uma decisão ‘administrativa’ como as únicas decisões que serão incluídas nos experimentos VAR.

Portanto, o experimento limita o uso dos VARs a essas 4 categorias de decisão / incidente:

a. Gols

  • Impedimento: posição e ofensa;
  • Ofensa (infração) da equipe atacante nas jogadas que levam ao gol;
  • Bola fora de jogo antes do gol.

b. Decisões de Pênalti

  • Tiro penal concedido incorretamente;
  • Ofensa punível com tiro penal não punida;
  • Tiro livre concedido à equipe atacante e há dúvida se ocorrida dentro ou fora da área penal;
  • Ofensa pela equipe atacante nas jogadas que levam ao gol;
  • Bola fora de jogo antes do incidente penal.

c. Incidentes para Cartão Vermelho

As revisões se limitam a ofensas de expulsão “direta” e não de (CA), ainda que seja a 2ª que provoca CV:

  • O árbitro suspeita que uma ofensa punível com expulsão não foi vista ou não foi vista claramente pelos membros da arbitragem;
  • O VAR observa uma ofensa punível com expulsão não-detectada;
  • O árbitro julga que um jogador cometeu uma ofensa que poderia ser punível com expulsão por negar uma clara oportunidade de marcar gol (DOGSO). Todavia, se, ao fazer a revisão, o árbitro decidir que não se tratou de DOGSO, mas de ataque promissor, pode, incidentemente, aplicar um CA.

d. Identificação Errada

  • Se o árbitro advertir ou expulsar um jogador errado (inclusive da equipe errada), ou se não tiver certeza qual jogador deve ser punido, o VAR informará ao árbitro, para que o jogador correto receba a punição disciplinar correspondente.

O VAR poderá atuar em todas as situações em que o árbitro tomar uma decisão, inclusive a de permitir que o jogo continue, bem como quando um incidente grave não for visto pelos membros da arbitragem. O árbitro SEMPRE decidirá e só alterará sua decisão se ela houver sido claramente errada.

Leia também

Jornalista formado pelo Centro Universitário de Belo Horizonte - UniBH. Já atuou em diversas áreas do jornalismo, como assessoria de imprensa, redação e comunicação interna. Apaixonado por esportes em geral e grande entusiasta dos e-sports

Ouvindo...