Sem conseguir marcar um único gol no confronto com o Peñarol, nas quartas de final da Libertadores, o Flamengo foi eliminado da Copa nesta quinta (26). Após o empate em 0 a 0 no Campeón del Siglo, Tite avaliou o confronto e foi questionado sobre uma declaração dada após vitória dos uruguaios por 1 a 0 no Maracanã.
Na ocasião, o treinador afirmou que o Flamengo “criaria metade das oportunidades e faria um gol” em Montevidéu.
“Eu projetei. Senão é promessa, eu acerto... Sei lá, tudo. Eu projetei. Eu coloquei “prometo” ou eu projetei? Você está me cobrando e tem todo o direito, mas eu não prometi. Promessa é uma coisa “pá" (faz barulho com a boca acertando a mão na mesa). Eu não sou futurista. Eu disse que iríamos colocar isso, e era o objetivo de criar e fazer. Nesse aspecto sim. Só que promessa não foi. Projetei sim, trouxe responsabilidade para mim, sim; era para fazer gol, sim... Tudo isso, só o termo não é", afirmou Tite nesta quinta (26).
“Imaginava sim, que com a metade das oportunidades, mas não aconteceu. Criou um número grande também. Houve alguns detalhes importantes: a boa performance do goleiro de novo e precisão nossa em alguns momentos de apressar o processo. Mas um volume grande que colocou e talvez a efetividade tenha feito a diferença”, concluiu.
Com 69% de posse de bola e 486 passes trocados contra 117 do Peñarol, o Flamengo finalizou 11 vezes contra a meta adversária, mas só duas foram no alvo - o mesmo número dos uruguaios.
Na sequência da entrevista, Tite citou os desfalques e os problemas físicos que atingiram o elenco, principalmente a ausência de Pedro, ao tentar explicar o momento do time na temporada.
Agora, o Rubro-Negro foca na Copa do Brasil - inicia a semifinal contra o Corinthians na próxima quarta (2) - e no Brasileirão. O time está na quarta posição da Série A.
Confira outras respostas de Tite, técnico do Flamengo, após a eliminação diante do Peñarol:
Avaliação do trabalho na Libertadores
“Não tenho condição de falar agora, é um contexto muito grande. Eu não tenho essa capacidade de análise. O que eu tenho pra te falar é que faltou precisão nesses momentos de definição, para transformar um maior número de oportunidades em gol. Isso que eu tenho em relação a esses dois jogos. Já em uma análise mais ampla, a gente perdeu quase 60 gols no ano (com as lesões de Pedro e Everton Cebolinha), em uma equipe que estava estruturada para jogar em volta do 9, do Pedro, um jogador de infiltração, de área, de bola aérea, de quando as equipes se postam lá atrás.”
Entrada de Gabigol
“Qualquer que seja a observação, não coloca o Gabi é porque não colocou o Gabi. Coloca o Gabi, é porque colocou o Gabi. Depois que terminou o jogo é muito fácil falar. O que tínhamos era opção de jogadores com movimentação sincronizada com o BH por vezes por dentro, por vezes por fora. Aí tem um jogador de área também para chegar, como foi o lance, também é importante. Aí todas as observações sem fazer gol vão ter razão, diferente da que aconteceu porque nós não fizemos o gol.”
Entrada de David Luiz
“Quando nós o colocamos, ele deu uma saída de bola e já era programado que nos minutos finais ele poderia (ir para o ataque) porque tem uma qualidade de cabeceio muito grande, tanto de bola parada quanto de bola andando. O momento do Carlinhos não é bom, então para esse momento decisivo, esses 10, 15 minutos que tivesse um jogador de área, inclusive de bola parada. Que tivesse com o Gabi em movimentação, os dois enfiados para que pudesse ter esse jogador de bola aérea.”
Dificuldade para criar
“Quando se tem três jogadores importantes, faltou uma efetividade maior. Talvez tenha faltado um repertório. E talvez tempo maior para que se pudesse coordenar movimentos do Plata. Organizar movimentos, sim. Porque nós perdemos três jogadores titulares que se deram 60 gols no ano. Para mim, a característica do Pedro foi a mais importante para poder circular em volta dele. Tanto com infiltrações quanto com bolas de fundo e jogada de combinações que ele tem.”
Contratação de um centroavante após a lesão de Pedro
“A direção trouxe todos e tudo que foi possível e que foi prometido. Tudo. O que aconteceu é que acidentes, do tamanho de quatro jogadores... O bom senso. Olha o que a gente perdeu: Pedro, o goleador da equipe; Cebolinha no melhor momento da carreira dele; Luiz (Araújo) da mesma forma; Viña que vinha também trabalhando... Mas esses três homens-gol... E tempo, porque aí fomos atrás de buscar o mais rápido possível. Michael...
Teve acidentes de percurso, e buscaram, mas não deu tempo daqui a pouco de entrosar. Talvez se tivesse uma efetividade maior hoje pudesse acontecer. Talvez um repertório mais, talvez. Talvez as substituições que poderiam ser feitas por vocês e não por mim. Talvez. Se faz o gol no último lance que o goleiro faz a defesa, daqui a pouco a coisa se transforma. Futebol tem isso. Mas criou, botou volume. Faltou um gol.”
Sequência da temporada
“Persistência e trabalho. Sem promessa. Promessa é de dar o melhor, de dignificar independentemente do resultado o papel de estar técnico do Flamengo. A dignidade de um profissional ela não se mede por resultado. Eu tenho essa percepção muito clara, inclusive de respeito a vocês nessa condição. Sei que vocês têm que elogiar ou criticar, é o trabalho de vocês. Mas eu não vou me furtar da minha condição ética e da persistência do trabalho em cima de resultado. Então persiste, busca situação que seja melhor para dar ao torcedor alegria também. Nós queremos dessa forma.”