O músico paulista Antonio Vaz de Lemes publicou, nas redes sociais, uma análise musical sobre a música “Vou Festejar”, cantada pela torcida do Atlético em momentos vitoriosos. Ao interpretar a música de Beth Carvalho no piano, o administrador do canal @pianoquetoca, no Instagram, definiu o “hino não oficial” como “o mais agregador” do Brasil.
O pianista chega à conclusão depois de uma análise na qual levou em consideração melodia, harmonia, ritmo e demais elementos musicais. “Fui atrás de entender aquelas melodias, ouvir as harmonias e buscar em mim o que eu sentia enquanto ouvia aquilo soando no meu instrumento, que é o piano”, iniciou,
A canção de Jorge Aragão, Dida e Neoci Dias foi lançada em 1978 na voz de Beth Carvalho e também é entoada por torcidas de outros clubes do Brasil, como a do Botafogo.
Antonio Vaz de Lemes, de 46 anos, deu mais detalhes sobre o que sentiu ao ouvir e reproduzir a canção.
“Galo é o time da sofrência, que entre idas e viradas é o único capaz de ganhar simpatia e admiração de todos os torcedores de todos os times”, afirmou.
“Também, imagina, receber aos 48 a graça de um milagre? Milagre de ‘São Victor’, fez a América inteira dizer, contra tudo e contra todos, eu acredito”, completou, na análise publicada nesta segunda-feira (22), na qual questiona: “Seria o Hino do Atlético o mais agregador?”.
A interpretação de Antonio Vaz Lemes já tem mais de 12 mil curtidas. O canal Piano que Toca já supera os 550 mil seguidores.
As análises
Natural da cidade de São Paulo, o músico contou que o primeiro hino analisado foi o do Corinthians. E foi um sucesso. Desde então, Antonio Vaz Lemes avaliou e interpretou mais oito hinos com o piano.
“A análise de hinos partiu de um pedido de uma pessoa que gostava muito. Comecei com o Hino do Corinthians. Foi um amigo que já conhecia meu conteúdo. Virou um desafio para mim e foi um sucesso extraordinário. Depois, eu fiz com o do Flamengo. Esta semana fiz o do
“Fui em um clube mais ligado aos artistas, acabei fazendo o Cruzeiro”, explicou.
O músico ainda destacou dois hinos: do Corinthians e do São Paulo. “Eu gosto muito da ideia do Corinthians ser reverente, que faz reverência ao próprio clube, como se ajoelhasse para o clube, reverência neste sentido. O do São Paulo tem um tom quase religioso. Fiquei buscando essa relação, essa ponte entre música religiosa e a sonoridade e a música do hino do São Paulo”.
Nas análises publicadas, ele fez relação do hino do Cruzeiro com amor; do Palmeiras com imposição; do Fluminense com generosidade; do Vasco com a união; do Grêmio com a imortalidade; do Santos com o Sol; do Flamengo com o heroísmo; e do Atlético com o fato de ser agregador.
“Meu time é a música”
O músico, que também tem um curso online e visa à iniciação da música de concerto, disse que não tem forte ligação com o futebol e é mais ligado a outros elementos culturais, como o mundo pop.
“Tenho pouca relação com futebol, meu time é a música. Na verdade, eu fiquei mais próximo ao mundo dos videogames. Nessa coisa de jogar e ser fanático, acho que fiquei mais na cultura geek do que no esporte. Na verdade, a música também é uma espécie de esporte/religião para mim, toma muito espaço no meu coração”.
Quebra de tabu
Com a ideia, Antonio uniu o esporte mais popular do mundo, o futebol, com a música de concerto, estereotipada como algo de elite. O músico quer aproximar essa arte com o público geral, a fim de popularizar os instrumentos mais clássicos.
“Eu quero quebrar esse tabu que o piano está vinculado ao elitismo, que só serve às pessoas que vão à sala de concerto. Queria que essas pessoas conhecessem mais. Essas músicas de concerto são músicas que, em primeiro lugar, um dia foram populares. Elas se tornaram clássicas com o tempo, mas foram música popular”, explicou.
“Até um tempo atrás, esse tipo de música tinha certa dificuldade de acesso porque comprar CD de música de concerto era caro, mas hoje nunca esteve tão acessível à população em geral, pelas redes sociais, plataformas de streaming”, agregou o músico.
Por meio das redes sociais, Antonio Vaz Lemes acha que tem conseguido estar onde o público está. Assim, cumpre o seu papel de democratizar a música.
“A gente tem direito de acessar uma sinfonia de Beethoven assim como a gente tem direito de ler um romance de José de Alencar. É nosso direito. Não foi escrita a nenhuma elite, foi escrita para os seres humanos. O acesso é nosso por direito, mas as pessoas não sabem disso. Aí se cria um estigma ao instrumento de que é para gente rica, mas não é, de jeito nenhum. É uma das minhas metas, das minhas missões”, finalizou.