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Conheça a história do ‘Zé', escolhido para revelar a ’49' de Patrick no Galo

Na luta diária contra o racismo, auxiliar administrativo na Arena MRV é escolhido para revelar a numeração do ‘Pantera Negra’

José Romualdo, de 52 anos, trabalha na Arena MRV desde dezembro de 2021

Sexto reforço do Atlético para a temporada 2023, o meia Patrick traz consigo uma causa nobre, que vai além das quatro linhas. Desde a época em que defendia o Internacional, ele adotou o apelido de ‘Pantera Negra’ (personagem da Marvel) para ser mais uma voz importante no combate ao racismo.

Nesta sexta-feira (20), um funcionário contratado pela empresa que fiscaliza as obras da Arena MRV teve o privilégio de revelar à Massa que o jogador usará a camisa 49 no alvinegro. Homem preto, vítima de racismo em alguns momentos da vida, José Luiz Romulado, de 52 anos, jamais esquecerá este momento. Para ele, mais uma forma de retomar o assunto.

“Estou aqui desde dezembro de 2021. Sou atleticano de carteirinha e frequentador assíduo dos jogos do Galo. É a primeira vez que trabalho em obra e, por coincidência, com a honra de estar no estádio do Atlético, que um sonho dos torcedores. É uma honra diária ver tudo isso se concretizando dia após dia”, conta ‘Zé' à Itatiaia. Preenchendo vaga de PCD (Pessoa com Deficiência) na Reta Engenharia, ele tem paralisia braquial obstétrica, com o braço direito sendo menor que o esquerdo.

“Eu não sabia qual seria a camisa que mostaria. Na hora, a gente puxou da caixa e eu saí com a do Patrick. Foi perfeito o casamento, porque eu o acompanhava desde o Internacional, por causa do ‘vida negras importam’ e do Pantera Negra”, vai além.

Perguntado sobre a importância da causa abraçada por Partrick, no combate intenso ao racismo, José Romualdo acredita que outras personalidades deveriam tê-lo como exemplo e aumentar o coro com mais frequência.

“Acho fundamental a postura dele, de se posicionar contra o racismo. Os artistas e jogadores precisam se posicionar mais sobre isso; ainda está muito pouco. Creio que por terem muito dinheiro e pensam que não vão passar mais por isso. Quanto mais pessoas tiverem esta postura, assim como fez o Aranha (ex-goleiro), melhor”, destaca.

“Eu, como homem negro, assim como praticamente todos, fui vítima de racismo. Pessoas me olhando torto por causa da minha cor, de segurança ficar me vigiando em algumas lojas, por ter uma posição política mais de esquerda, participo de eventos do movimento negro em BH. Acho fundamental. Precisamos falar mais sobre isso, porque está aumentando e cada dia mais escancarado no país. Tomara que o Patrick leve outros atletas nesta causa. O racismo é uma coisa global”, finaliza.

Henrique André é repórter multimídia e setorista do Atlético na Itatiaia. Acumula passagens por Uol Esporte, Jornal Hoje em Dia e outros veículos. Participou da cobertura de grandes eventos, como Copas do Mundo (2014-18) e Olimpíada (2016-2021).