Presidente da SAF do América, Marcus Salum contou detalhes da negociação entre Cruzeiro e o meia Emmanuel Martínez, no início deste ano. Nesta segunda-feira (15), ao canal ‘Prateleira de Cima’, o dirigente afirmou ter firmado a venda do argentino à Raposa. Porém, membros da gestão de Ronaldo Nazário intervieram no negócio.
Salum disse ter acertado com o investidor
“Eu vou contar uma coisa que ninguém sabe. E pode perguntar para o Pedrinho. Um dia de manhã, o Pedrinho chega para mim e fala: ‘Salum, você aceita 2 milhões de dólares, livres (de imposto), para vender o Martínez?’. Falei: ‘Aceito’. ‘Ah, mas queria pagar uma parte com patrocínio…’. Voltei: ‘Pedrinho, por 2 milhões de dólares eu faço o negócio’. Ele: ‘Então tá bom. Meio dia você liga para o Gabriel Lima’”, contou Salum.
“Liguei para todo mundo no América. Quando eu falei com o Gabriel, e nem contei isso para o Pedrinho. Estou falando pela primeira vez. Se eu conto, o Pedrinho ia ficar uma arara. O Gabriel falou: ‘Nós não queremos jogador por esse preço’. Falei: ‘Perfeitamente’. Avisei ao empresário e nem falei com o Pedrinho. Só falei: ‘Pedrinho, infelizmente, o Cruzeiro não quer o jogador’. Mas ele estava vendido”, finalizou.
‘Falta de ética’
Ainda durante a fala, Salum revelou que o que incomodou o América na negociação foi o contato direto entre o Cruzeiro e o jogador. O dirigente alviverde disse que nunca viveu um processo como o executado entre as partes. Ele afirmou que os celestes faltaram com “ética”, e a negociação foi a pior que ele já viu na história como profissional.
“Eu falo porque já passaram as pessoas, mas eles influenciaram o jogador. O jogador não queria entrar em campo. Quer comprar, compra do time, depois negocia com o jogador. Agora, vai no jogador, faz a proposta de salário… O jogador falou: ‘Não quero mais a Série B, quero jogar a Série A’. Em 36 anos de futebol, nunca vivi uma situação como vivi com o Martínez”, criticou Salum.
“Foi a pior negociação que já tive com um atleta na história. Falta de ética total. Bati na mesa várias vezes com ele. ‘Não vai sair pela porta errada. Ou cumpre o que quer ou fica mofando. Você tem contrato. Tem que acertar comigo para sair’. O preço que vendi para o Fortaleza foi o mesmo. Se o Pedrinho fosse o presidente naquela época, o Martínez estava no Cruzeiro”, finalizou.
Em meio às negociações com a Raposa, Martínez foi apenas relacionado para uma partida em 2024, mas não entrou em campo. O meia se manteve no banco de reservas da volta da semifinal do Campeonato Mineiro, contra o Atlético, no dia 17. O Coelho venceu por 2 a 1, mas caiu na competição pelo placar agregado dos jogos.
Por fim, o América acertou a venda de 80% dos direitos econômicos do argentino ao Fortaleza. Os valores da negociação giraram em torno de 1,8 milhão de dólares - pouco mais de R$ 9 milhões na cotação da época. O Coelho ainda permaneceu com 20% dos direitos do jogador.