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Caso Daniel Alves: reações da população espanhola à absolvição

Brasileiro tinha sido condenado a quatro anos e meio por estuprar uma jovem de 22 anos; Tribunal Superior da Catalunha foi unânime e anulou a sentença

Daniel Alves

A absolvição de Daniel Alves do crime de estupro segue repercutindo a nível internacional. O ex-jogador da Seleção Brasileira tinha sido condenado a quatro anos e meio por estuprar uma jovem de 22 anos, em Barcelona, mas o Tribunal Superior da Catalunha foi unânime e anulou a sentença.

Seja na imprensa local ou na população civil, as opiniões quanto à decisão são divergentes. O comentarista Gonzalo Miró, do jornal Marca e da rádio COPE, da Espanha, avaliou a absolvição como “totalmente lamentável”.

“Eu acho o que aconteceu lamentável, especialmente considerando o que isso significará para futuras vítimas de abuso sexual. Agora, se você for ela, o que acontece?”, afirmou.

Manu Carreno, colega de Miró e apresentador da rádio COPE, foi por outra linha de raciocínio e pregou “respeito à decisão”.

“Temos que respeitar o que a justiça diz. Houve muitos julgamentos midiáticos. A presunção de inocência prevalece. Agora ele foi absolvido de um crime que, segundo o juiz, não puderam confirmar. Imagine... Podemos nos colocar no lugar do Alves: isso afeta você na vida pessoal e profissional. É um dano que só quem já passou por algo parecido consegue entender como isso o afetou”, opinou.

Nas ruas de Madri, a percepção é parecida. Enquanto um morador da cidade citou o “respeito à lei”, duas mulheres se mostraram indignadas com a decisão.

“Independentemente do que pensamos, nosso grau de conhecimento dos fatos vai ser sempre limitado. Como qualquer outro evento, confiaria no que diz a lei”, disse um espanhol.

“Se viu que há provas suficientes para condenar uma pessoa. Por ser famoso ou ter certa influência, não me parece bem que ele seja absolvido”, argumentou uma moradora da capital espanhola.

“Muito se diz que temos que denunciar. Mas tem se mostrado que, se você vai, não fazem caso e não dão voz, sabendo que qualquer pessoa fica livre de ter violado ou feito qualquer coisa ruim. Você perde a gana para denunciar e se sente insegura”, lamentou outra espanhola.

Absolvição de Daniel Alves

O jogador brasileiro, ex-capitão da seleção brasileira, tinha sido condenado a quatro anos e meio por estuprar uma jovem, de 22 anos, em uma boate em Barcelona, na Espanha, mas sempre negou as acusações.

Daniel Alves conseguiu liberdade provisória desde o ano passado. Agora, o tribunal superior, composto por três mulheres e um homem, considerou que o depoimento da jovem é insuficiente para sustentar a condenação de Alves e, portanto prevaleceu presunção de inocência.

Ao ficar sabendo da decisão, Inés Guardiola, advogada de Daniel Alves, falou à RAC-1: “Por fim, foi feita justiça. É inocente. E isso acabou de ser provado”.

A decisão considerou que a sentença anterior apresentou uma ‘série de lacunas, imprecisões, incoerências e contradições quanto aos fatos, à avaliação jurídica e suas consequências’. Os julgadores avaliaram ainda que ‘das provas produzidas, não se pode concluir que tenham sido superados os padrões exigidos pela presunção de inocência’.

Relembre o caso

O ex-lateral direito Daniel Alves foi acusado de estuprar uma mulher em uma boate na Espanha, em dezembro de 2022. Dois anos depois, ele foi condenado a cumprir quatro anos e seis meses de prisão. No entanto, em março de 2024, a Justiça da Espanha aceitou o recurso do jogador e aceitou o pedido da defesa para que ele aguardasse em liberdade provisória até o julgamento do recurso.

Alves pagou uma fiança de 1 milhão de euros (aproximadamente R$5,4 milhões).

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Jornalista formado na PUC Minas. Experiência com reportagens, apresentação e edição de texto em televisão, rádio e web. Vivência em editorias de Cidades e Esportes.