Um retorno limitado, reversível e já polêmico. O Comitê Olímpico Internacional (COI) recomendou nesta terça-feira (27) a reintegração de atletas russos e bielorrussos às competições internacionais, sob bandeira neutra e “a caráter individual”, mas decidirá “no momento apropriado” sobre sua presença nos Jogos de Paris 2024.
Assim decidiu o presidente do COI, Thomas Bach, em uma entrevista coletiva, num momento em que Ucrânia, Polônia e os países bálticos ameaçam boicotar os Jogos caso seja permitida a participação russa.
Comitê Olímpico pressionado
Pressionado há semanas para esclarecer sua posição, o COI tinha anunciado em dezembro que iria “explorar meios” para reintegrar russos e bielorrussos, após ter recomendado sua exclusão no final de fevereiro de 2022 por conta da invasão à Ucrânia por parte do exército da Rússia, com o apoio de Belarus.
O Comitê, após quatro meses de reuniões, escolheu deixar para as federações internacionais e os organizadores das competições a responsabilidade de convidar ou não atletas desses países, limitando-se apenas a dar “recomendações” para “harmonizar suas decisões”.
Desta forma, fica sugerido manter a exclusão de todas as equipes russas e bielorrussas e limitar o retorno às competições de atletas “portadores de passaporte russo ou bielorrusso”, que poderão participar apenas a caráter “individual”, sob bandeira neutra, desde que “não tenham apoiado efetivamente a guerra na Ucrânia” e que não tenham contrato com o exército russo ou os serviços de segurança.
Acima de tudo, o COI só recomenda o retorno “com a condição de que possa ser revogada pela federação internacional em questão”.
Com as etapas de classificação para os Jogos de 2024 já iniciadas em algumas modalidades, o COI, em troca, “não abordou” até esta terça-feira a questão da participação russa e bielorrussa, que pode ser controversa, levando em conta as ameaças de boicote.
O Comitê decidirá “no momento apropriado, sem nenhuma relação com os resultados de competições classificatórias aos Jogos”, anunciou Bach.
A ministra dos Esportes da Alemanha, Nancy Faeser, foi a primeira a reagir, denunciando que a recomendação do COI é “um tapa na cara dos atletas ucranianos”.
“O esporte internacional deve condenar com toda clareza a guerra de agressão brutal travada pela Rússia. Isto só pode ser feito excluindo completamente os atletas russos e bielorrussos”, expressou Faeser em um comunicado.
Já o governo da Polônia foi mais longe, ao afirmar que era “um dia de vergonha para o COI”.
“Algo de positivo aconteceu do lado da Rússia para que seus atletas participem das competições? Desde Bucha, Irpin, Hostomel! Desde os bombardeios diários a áreas civis! É um dia de vergonha para o COI”, escreveu no Twitter o vice-ministro das Relações Exteriores da Polônia, Piotr Wawzyk.