América e Atlético se pronunciaram, na tarde desta quarta-feira (22), a respeito da nova proposta da Liga do Futebol Brasileiro (Libra) sobre o repasse de arrecadações aos clubes em uma eventual criação de uma liga. Procurado pela Itatiaia, o Cruzeiro ainda não se manifestou sobre o assunto.
Por meio de um
Do outro lado da discussão, está a Liga Forte Futebol do Brasil (LFF). Esse grupo, formado por outros clubes brasileiros, também tem proposta para formas de dividir o dinheiro entre as equipes, com objetivo de aproximar os maiores e menores repasses, com base em organizações como a Premier League, na Inglaterra.
Com dois blocos distintos, a Itatiaia apresenta proposições de cada composição em uma eventual criação de liga única para reger o Campeonato Brasileiro. Vale lembrar, ainda, que nenhuma mudança de contrato pode ser aplicada até 2024, quando vence o atual vínculo com a TV Globo. Assim, novas regras seriam executadas a partir de 2025.
Posicionamento do América
Presidente da SAF do América, Marcus Salum, afirmou que haverá uma reunião no Conselho para definir a entrada ou não do clube na Liga Forte Futebol (LFF). Em entrevista à Itatiaia, o dirigente do Coelho sinalizou que a decisão será tomada, oficialmente, nesta quarta-feira (22).
“Recebemos, pela imprensa, as mudanças dos critérios da Libra. A gente vê que ainda permanecem muitos privilégios. Não tivemos tempo de aprofundar, mas seguimos o nosso trabalho na Liga Forte Futebol (LFF). Hoje, tenho uma reunião do Conselho, onde vamos aprovar a proposta pelo América. Sei que as pessoas perguntam se é possível um entendimento, as conversas continuam. Mas ainda caminharam pouco para o tamanho do acordo que tem que ser feito. Eles melhoraram muito os critérios, mas estão longe da gente entender que está perto de um acerto”, afirmou.
Posicionamento do Atlético
Sérgio Coelho, presidente do Atlético, ponderou à Itatiaia que o ideal para o futebol seria a união da Libra com a Liga Futebol Futebol (LFF).
“Seria melhor para o futebol brasileiro a liga dos quarenta clubes. Mas, infelizmente, está dividido em dois grupos. A Liga Forte Futebol defende uma divisão mais equilibrada. Defendemos que, entre o que mais ganha e o que menos ganha, a diferença seja de três vezes e meia. Por exemplo, o que ganhou mais num determinado ano foi R$ 350 milhões e o que menos ganhou foi R$ 100 milhões”, explicou.
Componente da LFF, o Galo reconhece os esforços da Libra para chegar a um acordo, embora não concorde com ‘garantias’ a Corinthians e Flamengo.
“A Libra está se esforçando muito para tentar chegar a uma proposta parecida com a nossa, mas não conhecemos essa proposta deles. Tomara que seja uma parecida pra que a gente possa ter uma única liga no futebol brasileiro. Não concordamos que Flamengo e Corinthians queiram uma garantia durante cinco anos de ganhar o que recebem hoje. No final de 2024, acabam os contratos dos clubes da Série A com a TV. Esse contrato ficou muito desigual. O Flamengo recebe de pay-per-view R$ 170 milhões. O Cuiabá, que foi o que menos ganhou ano passado, recebeu R$ 146 mil. O Flamengo recebeu mil vezes mais. Agora, com a Lei do Mandante, não justifica dar essa garantia para os dois clubes”, complementou.
Posicionamento do Cruzeiro
Procurado pela Itatiaia, o Cruzeiro não se posicionou sobre o assunto até a publicação da reportagem. O espaço segue aberto para ouvir o clube.
Liga do Futebol Brasileiro (Libra)
A Libra atualmente é composta por 18 clubes: Bahia, Botafogo, Corinthians, Cruzeiro, Flamengo, Grêmio, Guarani, Ituano, Mirassol, Novorizontino, Palmeiras, Ponte Preta, Bragantino, Sampaio Corrêa, Santos, São Paulo, Vasco e Vitória.
A proposta do grupo conta com uma regra de transição,
40% da arrecadação dividida igualmente;
30% conforme a performance da equipe;
30% baseado em audiência.
Passada a transição, uma nova divisão de repasses seria estabelecida da seguinte forma:
45% da arrecadação dividia igualmente;
30% conforme a performance da equipe;
25% baseado em audiência.
Além disso, a Libra defende que a maior proporção entre o time que mais recebe e o time que menos recebe seja de 3,34x. Na simulação, o Flamengo (1º faturamento) faturaria R$ 398,2 milhões, enquanto o Cuiabá (20º faturamento) receberia R$ 119,1 milhões – correspondente à proposição de 3,34x.
Nesse modelo,
Liga Forte Futebol do Brasil (LFF)
Do outro lado da mesa, estão 26 clubes formando a LFF: ABC, Athletico-PR, Atlético, América, Atlético-GO, Avaí, Brusque, Chapecoense, Coritiba, Ceará, Criciúma, CRB, CSA, Cuiabá, Figueirense, Fluminense, Fortaleza, Goiás, Internacional, Juventude, Londrina, Náutico, Operário-PR, Sport, Vila Nova e Tombense.
Esse bloco propõe que a diferença máxima entre o clube que mais recebe e o que menos recebe seja de 3,5x desde o princípio, sem um período de transição. No modelo final, essa diferença seria de 1,4x. Os blocos de repasse seriam os mesmos da Libra:
45% da arrecadação dividida igualmente;
30% conforme a performance da equipe;
25% baseado em audiência.
Na simulação de divisões da LFF, o Flamengo (1º faturamento) faturaria R$ 225,46 milhões, enquanto o América (20º faturamento) receberia R$ 116,03 milhões – considerando os times da Série A – o que corresponde a 1,4x menos.
A longo prazo, a ideia da LFF é se aproximar de ligas já estabelecidas e mais igualitárias, sempre citando a Premier League. Isso porque o futebol inglês, desde a unificação em uma liga no começo dos anos 1990, trabalha com menor distanciamento entre as arrecadações – a proporção atual está em 1,5x.
Nesse formato, o Atlético é 6º em arrecadação (R$ 217,43 milhões); o Cruzeiro é 8º (R$214,2 milhões); e o América é 20º (R$ 116,03 milhões).