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Com a mesma idade, Pelé e Messi trocaram de clube pela primeira vez após 18 anos no profissional

Chegada do craque argentino ao PSG tem semelhanças com ida do Camisa 10 da Seleção Brasileira para o New York Cosmos

Pelé e Messi são considerados por muitos os melhores jogadores da história do futebol

Edson Arantes do Nascimento, o eterno Pelé, morreu hoje (29), aos 82 anos de idade, no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. Desde 2021, Pelé passava por sessões de quimioterapia para tratar tumores no intestino, fígado e pulmão. Ele também passou por cirurgia para retirada de um tumor no cólon.

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Após defender a mesma camisa por 18 temporadas, o melhor jogador do mundo trocou de clube pela primeira vez na carreira profissional. A frase serve tanto a Messi quanto para Pelé. No ano passado , o craque argentino mobilizou o planeta da bola ao ter a sua saída anunciada pelo Barcelona e, poucos dias depois, ser apresentado pelo PSG, da França, para jogar ao lado de Neymar e Mbappé, um trio de ataque que, segundo o comentarista esportivo – e santista declarado – Milton Neves, só fica atrás de Pelé, Coutinho e Pepe.

Pelé tinha 34 anos quando vestiu a camisa do Cosmos, de Nova York, pela primeira vez. A mesma idade com que Messi estreará pelo clube parisiense. Essa é mais uma coincidência que une as duas estrelas que, há algum tempo, despertam discussões sobre quem, afinal de contas, foi o melhor jogador de futebol – não apenas do mundo – mas de todos os tempos.

Diferenças. Apesar das semelhanças, existem diferenças. Quando Pelé chegou ao Cosmos, a liga norte-americana de futebol era praticamente amadora, e os jogadores da época do Rei não ganhavam tanto dinheiro e nem tinham uma vida desportiva tão longa. O contrato com o clube nova-iorquino ajudou Pelé a pagar dívidas que contraíra ao longo dos anos, a despeito de já ser reconhecido como tricampeão mundial, e marcou o início dos salários milionários de futebolistas mundo afora.

“Eu devia milhões, estava determinado a pagar minhas dívidas e eu sabia que jogar futebol era de longe a melhor coisa que eu podia fazer. Os valores correspondiam a um dos contratos mais lucrativos da história de qualquer esporte”, afirmou Pelé em seu livro “A Importância do Futebol”, de 2013. Segundo reportagem do The New York Times, ele recebeu um salário anual de cerca de US$ 1,7 milhão em três anos.

Já Messi recebe cerca de R$ 214 milhões por ano, ou R$ 17,8 milhões por mês. Aos 34 anos, o argentino nunca teve um físico privilegiado em relação aos outros competidores, ao contrário de Pelé, que, não por acaso, foi eleito o Atleta do Século em 2000, pelo Comitê Olímpico Internacional, e sempre teve os seus atributos físicos destacados em relação aos demais concorrentes, o que lhe dava clara vantagem em jogadas aéreas, por exemplo, pela capacidade de impulsão. No entanto, jogar até os 34 anos na época de Pelé não era tão comum como hoje.

Seleções. Quando anunciou a sua aposentadoria da Seleção Brasileira em 1971, após conquistar o tricampeonato mundial, Pelé desagradou ao regime militar, que considerou a decisão um ato de indisciplina. Naquela época, mais do que tudo interessava ao regime militar confundir a seleção com o regime e o regime com o próprio país, como se quem estivesse contra o regime estivesse, consequentemente, contra o país, valendo o mesmo para a seleção desportiva.

Mas Pelé não voltou atrás, mesmo pressionado pelo general Médici. Em 1966, após o fracasso do Brasil na Inglaterra, ele já pensava em deixar a Seleção. Consagrado, não teve dúvidas. O desempenho nas respectivas seleções, por sinal, é outro ponto de inflexão entre Messi e Pelé.

Fome. O camisa 10 do Santos e do Brasil venceu e protagonizou a primeira Copa do Mundo aos 17 anos, em 1958; foi coadjuvante em 1962, quando brilhou a estrela de Garrincha; e era o principal astro daquela considerada por muitos, até hoje, a melhor seleção de todos os tempos, quando, no México, ajudou a erguer o tricampeonato, em 1970, com Tostão, Gérson e outras feras.

Messi, aos 35 anos, conseguiu a sua primeira Copa do Mundo no Catar, em 2022, sendo eleito o melhor jogador do torneio. Com 36, Pelé realizou sua última partida pelo Cosmos e marcou um gol de falta, o último da carreira, de número 1.283. Atualmente, Messi tem 793 gols oficiais; para além do tricampeonato Mundial com a Argentina no Catar esse ano, messi ajudou a tirar a Albiceleste de uma fila de 28 anos sem um título internacional ao ganhar a Copa América de 2021, sobre o Brasil, em julho, encerrando jejum de 28 anos. E não convém duvidar do apetite de Messi.

Estudante de jornalismo na UFMG, estagiário no jornalismo digital da Itatiaia.